Se você mora no Sul, Sudeste ou Centro-Oeste do Brasil e está bebendo um copo d’água agora, agradeça à Amazônia. Sem ela, a torneira do Brasil secaria.
Muitas vezes, ouvimos falar da floresta apenas como "o pulmão do mundo" (oxigênio), mas sua função mais vital para nós é ser o coração hidrológico do continente. Vamos entender essa mecânica dos fluidos?
A BOMBA BIÓTICA
A floresta não é passiva. Ela funciona como uma bomba gigante. Através da evapotranspiração, as raízes das árvores puxam água do subsolo e as folhas a liberam como vapor.
O Dado: Estima-se que uma única árvore grande (com copa de 20m) possa bombear mais de 1.000 litros de água por dia para a atmosfera.
O Volume: A Amazônia inteira lança cerca de 20 bilhões de toneladas de água no ar diariamente. Isso é mais do que o Rio Amazonas despeja no Oceano Atlântico!
A VIAGEM DOS RIOS AÉREOS
Essa massa colossal de vapor forma os famosos "Rios Voadores". Impulsionados pelos ventos alísios, eles viajam do oceano, ganham corpo sobre a floresta e seguem para o oeste.
O "pulo do gato" geográfico acontece nos Andes: A umidade bate no paredão da Cordilheira dos Andes (que tem em média 4.000m de altura). Sem passagem, ela faz a curva e é desviada para o Sul e Sudeste.
Essa água desce irrigando o agronegócio no Mato Grosso, enchendo as hidrelétricas e abastecendo as cidades de SP, PR e RS.
O QUADRILÁTERO DA SORTE (OU AZAR?)
Olhe o mapa-múndi. A maioria das regiões na mesma latitude do Sudeste brasileiro são desertos (Deserto do Atacama, Deserto da Namíbia, Deserto Australiano). O Brasil só é fértil e úmido porque a Amazônia existe.
O RISCO IMINENTE
O desmatamento está quebrando essa bomba. Se a floresta virar pasto, a bomba desliga. Sem os rios voadores, a chuva se torna irregular, as secas se prolongam e o "deserto" começa a reclamar seu espaço na região mais produtiva do país.