Seus filhos estão se preparando para um mundo que não vai mais existir em 2030. E, segundo especialistas, quase ninguém está ensinando como será o mundo que de fato está chegando. A interpretação é do especialista em mercado de trabalho e transformação digital Bruno Wambier, que analisa dados recentes do Fórum Econômico Mundial e faz um alerta direto: o modelo tradicional de educação e carreira está desconectado da realidade que já começou a se impor.
Durante décadas, a promessa foi clara: “Estude, faça uma faculdade e você terá um emprego seguro”. Esse mundo acabou. O que vem pela frente é um cenário de mudanças rápidas, profissões fluidas e exigência constante de adaptação.
Um mercado em transformação radical
De acordo com o Relatório sobre o Futuro dos Empregos 2025, do Fórum Econômico Mundial, o impacto até 2030 será profundo:
• 92 milhões de empregos devem desaparecer
• 170 milhões de novas vagas serão criadas
• 1 em cada 5 ocupações mudará completamente
• 59% dos trabalhadores precisarão se requalificar
Para Bruno Wambier, o dado mais preocupante não é a extinção de vagas, mas a velocidade da transformação. “Não é apenas perder emprego, é ver sua profissão deixar de fazer sentido em poucos anos”, analisa.
Quem está mais ameaçado pela automação
Segundo o especialista, os trabalhos mais vulneráveis à inteligência artificial e à automação compartilham três características principais: são repetitivos, previsíveis e administrativos.
Entre as ocupações mais afetadas estão:
• Auxiliares administrativos
• Caixas
• Teleoperadores
• Contadores em modelos tradicionais
• Designers gráficos operacionais
• Motoristas e transportadores em rotinas padronizadas
“Tudo o que pode ser previsto, padronizado e automatizado tende a desaparecer ou a ser drasticamente reduzido”, afirma Wambier.
Educação para o passado, não para o futuro
O alerta central do especialista é que escolas e famílias ainda preparam crianças e jovens para um mundo de estabilidade que não existe mais. Diplomas isolados, memorização de conteúdo e carreiras lineares estão perdendo valor diante de um mercado que exige aprendizado contínuo, criatividade, pensamento crítico e capacidade de adaptação.
“Não se trata de lutar contra a tecnologia, mas de entender que ela muda as regras do jogo. Quem não se reposicionar ficará para trás”, destaca.
O futuro não é o fim do trabalho, mas o fim do trabalho como conhecemos
Apesar do tom de alerta, Bruno Wambier reforça que o futuro não é apenas de perdas. Milhões de novas profissões surgirão, especialmente em áreas que combinam tecnologia com habilidades humanas, como análise de dados, saúde, educação, sustentabilidade e funções híbridas.
O desafio, segundo ele, é agir agora. “Estamos educando filhos para um passado recente, quando deveríamos estar preparando cidadãos para um futuro em constante transformação.”
Enquanto muitos ainda acreditam na promessa do emprego seguro, a realidade já se impõe: o trabalho do futuro exigirá menos repetição e mais inteligência humana aplicada à mudança.