O Ministério Público do Estado de Rondônia (MPRO) expediu a Recomendação nº 000003/2025, no âmbito do Procedimento Preparatório nº 2025.0014.012.44021, para apurar o suposto uso de verba e maquinário públicos em benefício particular pela Prefeitura de Pimenteiras do Oeste.
A recomendação é direcionada à prefeita Valéria Aparecida Marcelino Garcia e orienta a adoção de medidas para que o município se abstenha de promover, autorizar ou custear eventos públicos em propriedades privadas, especialmente em imóveis pertencentes à própria prefeita ou a integrantes de seu núcleo familiar.
De acordo com o MPRO, chegou ao conhecimento da Promotoria a realização de um evento social destinado a idosos em um sítio de propriedade da prefeita. Em resposta a ofício encaminhado pelo órgão, foi informado que não houve instauração de processo administrativo específico para compras ou aquisições relacionadas à realização do evento.
Além disso, uma denúncia anônima registrada na Ouvidoria relatou a possível utilização de recursos e materiais públicos, inicialmente destinados a uma ação social realizada no dia 23 de julho, em um evento de caráter particular ocorrido no dia 26 de julho, ligado à família da gestora municipal.
Na recomendação, o Ministério Público destaca que a Constituição Federal, em seu artigo 37, estabelece que a administração pública deve obedecer aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. O órgão também ressalta que a realização de eventos públicos em imóveis particulares de agentes políticos pode gerar confusão entre o público e o privado, além de risco de desvio de finalidade administrativa.
Entre as medidas recomendadas pelo MPRO à prefeita de Pimenteiras do Oeste estão:
Não realizar, autorizar ou custear, com recursos públicos ou uso de maquinário oficial, eventos, ações institucionais ou atividades do município em imóveis de sua propriedade ou de familiares;
Garantir que eventos promovidos ou apoiados pelo município ocorram apenas em espaços públicos ou em locais privados regularmente contratados, mediante procedimento administrativo adequado;
Não utilizar servidores públicos, veículos oficiais, equipamentos ou bens do município para fins particulares, pessoais ou familiares;
Dar ampla publicidade à recomendação, inclusive por meio de divulgação em jornal local e nos canais oficiais da Prefeitura.
O Ministério Público estabeleceu o prazo de 10 dias para que a prefeita informe se acata ou não a recomendação, apresentando eventuais justificativas e comprovação das providências adotadas. A ausência de resposta dentro do prazo será interpretada como não acolhimento integral, podendo resultar no ajuizamento de medidas judiciais cabíveis, inclusive por improbidade administrativa.
A recomendação foi expedida em 26 de novembro de 2025, na cidade de Cerejeiras, e assinada pelo promotor de Justiça Lincoln Sestito Neto. O MPRO esclarece que o documento tem caráter preventivo e corretivo, com o objetivo de assegurar o cumprimento da legislação vigente e evitar responsabilizações futuras.