Não se fala em outra coisa. O novo longa-metragem da Barbie, dirigido por Greta Gerwig, é o assunto do momento. O filme foi o assunto mais comentado do fim de semana no Twitter e o mais procurado no Google Brasil. Também foi o mais assistido: o filme estreou em primeiro lugar na bilheteria nacional, com R$84 milhões de lucro.
Apesar do sucesso, nem Barbie agradou a todos. Mais especificamente, não agradou a audiência conservadora. Mesmo antes de ser lançado, o filme gerou discussão por ter Hari Nef - uma mulher trans - no elenco como uma das bonecas.
O portal ‘MovieGuide’, site direcionado ao público fundamentalista cristão dos Estados Unidos, lançou um alerta pedindo que os pais não levem suas filhas para verem o filme. Segundo o site, ‘Barbie’ “esquece que o público principal são crianças e distorcem os valores pró-família e bíblicos.”
Baboseira. A classificação indicativa do filme nos Estados Unidos é para pré-adolescentes de 13 anos. No Brasil, o Ministério da Justiça (que é responsável pela classificação) indica o filme para pessoas acima de 12 anos. A própria Margot Robbie, atriz principal e produtora do projeto, diz que o filme não é para crianças.
No Brasil, “influenciadores cristãos” reprovaram o filme por se tratar (de acordo com eles) de uma narrativa feminista que acena para a plateia LGBTQ+. No mínimo, irônico vindo do público que prega o amor e a aceitação ao próximo. No máximo, criminoso visto que a homotransfobia - de acordo com a decisão de nosso Supremo Tribunal Federal - é um crime equiparado ao racismo.
A deputada estadual Alê Portela, do PL de Minas Gerais, fez uma postagem no Instagram afirmando que o filme “distorce valores éticos e morais”.
“Podemos pensar que um filme baseado nessa personagem seria voltado para o público infantil e familiar, destacando a feminilidade. No entanto, essa suposição está errada”, escreveu.
A evangélica Vitória Margarida usou o TikTok para espalhar um papo xarope, e acabou viralizando. Ela deu nota zero para ‘Barbie’, por divergir da mensagem feminista do longa-metragem.
“O filme é totalmente um marketing para deturpar e destruir as famílias”, declarou. Para Vitória, a mensagem de que a mulher pode ser feliz sozinha contraria suas crenças religiosas.
E em Rondônia?
Em Rondônia, entretanto, o filme não parece ter causado um rebuliço tão grande assim. Milagrosamente, nenhum deputado, vereador, prefeito ou senador conseguiu fazer barulho usando ‘Barbie’ como pauta. As salas de cinemas estão cheias de entusiastas de todos os tipos trajando cor de rosa, ansiosos para viajar até a Barbielândia.
Fruto de uma campanha de marketing bem feita. Rondonienses, enquanto unidos, sempre se sentiram confortáveis.
A deputada estadual e primeira dama de Porto Velho, Ieda Chaves, até ‘brincou de boneca’ em uma postagem no Instagram.
“Fobia”, de acordo com o dicionário Priberam, é definido como medo patológico e aversão extrema.
Cabe aqui o questionamento: porque uma Barbie interpretada por uma mulher trans causa tanto medo? O medo é de enxergar, amar e compreender o próximo, ou de enxergar, amar e compreender a si mesmo?
A resposta não importa. Barbie segue firme na bilheteria (e no imaginário coletivo das criancinhas).
* Este artigo contém opiniões pessoais do autor que não traduzem a opinião do jornal Rondoniaovivo.