Eleitor que votou em Sobrinho parece tê-lo feito torcendo para repetir a dose em 2010 - Por Paulo Queiroz
Foto: Divulgação
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Política em Três Tempos
1 – RUMO À PRÓXIMA
Pode até a alguém parecer que se está apelando ao despropositado exercício de pretender andar com o carro à frente dos bois. Os mais atilados, porém, já perceberam que esta é a dinâmica da política. Ou seja, nem bem a Justiça Eleitoral terminou de divulgar os resultados do pleito deste domingo (05), que definiu a sucessão nos municípios com menos de 200 mil eleitores e naqueles onde o bom desempenho dos candidatos dispensou o 2º turno, e já se passou às especulações sobre as eleições de 2010. Como ensinava o lendário Vitorino Freire – um pernambucano que reinou no Maranhão pré-Sarney (José, seu discípulo e carrasco) -, com a divulgação dos resultados não é uma eleição que termina, mas a próxima que começa.
Não por acaso, portanto, no seu esforço para oferecer aos seus leitores uma cobertura a mais completa possível do processo eleitoral país afora, ao se reportar a estas margens do Madeira na sua edição de domingo, o jornal “Folha de S. Paulo” já abriu o seu texto do modo como segue transcrito: “Com sua provável reeleição hoje (05) em Porto Velho, o prefeito Roberto Sobrinho (PT) se tornará o nome mais forte do partido para a disputa do governo de Rondônia em 2010”. Na mesma toada, voltou a engatar a hipótese na divulgação dos resultados na edição de segunda-feira (06), com o que a publicação esteve apenas ecoando o que por aqui já andou sendo cogitado. E muito.
Tanto que, caso o concorrente que mais andou ciscando, o deputado verde Lindomar Garçom (18,47% dos votos válidos), tivesse dado ouvidos a alguns assessores, teria incluído o tema no discurso de campanha, tentando convencer o eleitorado que reeleger Sobrinho significaria, de fato, renovar-lhe o mandato por mais apenas um ano e meio, porquanto o verdadeiro propósito do petista seria o de usar o prestígio da reeleição como trampolim para uma candidatura ao governo em 2010. Difícil saber aonde Garçom chegaria com a tese, mas é provável que a lugar nenhum - isto é, sequer tiraria parcos votos do petista.
2 – OFENSA HISTÓRICA
Menos mal (para ele mesmo) que Garçom não tenha embarcado nessa canoa furada, porquanto quem quer que tenha abordado um eleitor de Sobrinho na reta final da campanha insinuando o assunto, se desconfiado de que poderia desanimá-lo em seu propósito de sufragar o nome do petista, terá se surpreendido com a reação do interlocutor. Ou seja, pelo visto, quem votou em Sobrinho neste domingo, de agora em diante parece que vai ficar torcendo para poder repetir a dose quando tiver que escolher o sucessor do governador Ivo Cassol (sem partido). A quem interessar possa, é só encomendar uma pesquisa.
Mas sem pesquisa e nem nada, qualquer criança política já é capaz de concluir que, na hipótese de que o PT decida encabeçar uma chapa para disputar o governo em 2010 (e com certeza não há porque imaginar diferente), o partido não dispõe, hoje, de um nome mais forte e competitivo do que o de Roberto Sobrinho. Que pode até não estar pensando nisso, mas seguramente já tem certeza de que, no que depender da agremiação, vai enfrentar uma pressão monumental para não deixar a legenda na mão.
Pelo simples fato de que, pela razoabilidade, não há outro nome e – pedra angular deste imbróglio - a quem quer que sobrevenha o propósito de defender a tese de o partido ficar sem candidato na corrida pela sucessão de Cassol vai ser lembrado de que, em meio a uma trajetória de crescimento contínuo em Rondônia, aquela será a primeira vez em toda a sua história que o partido não encabeçará uma chapa na principal disputa pelo poder no Estado.
E embora bastante improvável, a apenas um petista de alto coturno poderia acorrer a idéia de o PT ficar sem candidato em 2010. Trata-se, este um e apenas um, do próprio Roberto Sobrinho. Entre todos os petistas de Rondônia, só e somente só o prefeito reeleito de Porto Velho teria um álibi para propor à burocracia da sua agremiação renunciar à cabeça de chapa na sucessão estadual – tentar preservar a aliança PMDB/PDT apoiando um candidato de uma das legendas.
3 – TERCEIRA FORÇA
Com as dificuldades jurídicas com que o senador Expedito Júnior (PR) está tendo que se haver, o limbo a que nesta disputa o deputado federal Ernandes Amorim (PTB) preferiu se recolher e a derrocada dos Donadon em Vilhena, Roberto Sobrinho disputa hoje - com o ex-governador e atual prefeito reeleito de Ji-Paraná José Bianco (DEM) e com o ex-deputado federal e atual prefeito reeleito de Ariquemes Confúcio Moura (PMDB) - a condição de terceira força política pessoal do Estado. As duas primeiras são, obviamente, o governador Ivo Cassol e o casal Raupp - senador Valdir e deputada federal Marinha (PMDB) –, não necessariamente nessa ordem.
Repare o leitor que aí ainda não foi citado o senador diplomado Acir Gurgacz (PDT), um aliado já algo longevo do PT e de Sobrinho que, assumindo ou não o cargo, é variável para lá de importante em qualquer equação política que se tente montar para a disputa de 2010. Ao tentar organizar as cartas até aqui referidas no cenário de 2010, sem a candidatura Sobrinho ao Governo jamais se obterá um arranjo satisfatório para todas as partes envolvidas, ou seja, nestas condições é mais do que improvável a sobrevida da aliança PT/PMDB/PDT.
Pior para esse grupo é que, considerando que Cassol foi reeleito em 2006 mesmo com um desempenho medíocre em 2004, a julgar pelo que se viu agora vai chegar cuspindo fogo em 2010. Caso Expedito Júnior esteja em condições, todos sabem o que os espera. É só reparar no desempenho da dupla há dois anos e constatar que, no interior, se não cresceu, o patrimônio de ambos permanece incólume. Caso Júnior resulte impedido, a Cassol restará Bianco, Alex Testoni (eleito em Ouro Preto) e José Rover (Vilhena).
Não é certo, mas Sobrinho é a única alternativa que pode preservar a aliança PT/PMDB/PDT para disputar contra Cassol em 2010. Caso ele decida permanecer na Prefeitura, o arranjo se desfaz de uma hora para outra em, no mínimo, dois – possivelmente PT/PDT de um lado e certamente o PMDB noutro rumo. Isto é certo.
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