Cassol diz que tem dom de Deus. Para outros, se poderes ele tem, é por parte do Capeta- Política em Três Tempos - Por Paulo Queiroz

Cassol diz que tem dom de Deus. Para outros, se poderes ele tem, é por parte do Capeta- Política em Três Tempos - Por Paulo Queiroz

Cassol diz que tem dom de Deus. Para outros, se poderes ele tem, é por parte do Capeta- Política em Três Tempos - Por Paulo Queiroz

Foto: Divulgação

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1 – HISTÓRIA EM DIA Difícil, quase impossível mesmo, imaginar que o governador Ivo Cassol (sem partido) possa ser um conhecedor da História – de qualquer período, mas especialmente a do Império Romano - a ponto de, tal qual um Maquiavel da Zona da Mata, estudá-la para dela extrair lições sobre a conquista, a expansão e a manutenção do poder. O mesmo não se poderia dizer do finado Jânio Quadros, que ao pretender reproduzir os passos de um dos romanos mais astutos de que se tem notícia, terminou enredado numa versão bizarra do aforismo de Marx, segundo o qual a história se repete, mas habitualmente como farsa. Mas se tal foi o destino do ex-Presidente da República, o mesmo não se pode dizer de Cassol - pelo menos por enquanto. Esta-se falando, leitor, da mais ardilosa manobra política de todos os tempos, acerca da qual não se conhece paralelos na história da civilização deste planeta. Aos fatos. Sucedeu que, em 29 a.C., Otaviano foi recebido triunfantemente em Roma. O leitor não faz idéia da magnitude desse triunfo. De Otaviano, naquele momento, poder-se-ia dizer que não havia, rigorosamente, mais ninguém na sua frente. Não existia mais nada entre o integrante do derradeiro triunvirato a governar Roma e o poder na sua forma mais completa e absoluta. E, no entanto... Tanto triunfo, leitor, devia-se às recentes e avassaladoras vitórias de Otaviano nos âmbitos militar, político e administrativo. Regressava do Egito, onde derrotara Marco Antônio e aprisionara Cleópatra (levando ambos ao suicídio), anexando a terra das pirâmides ao seu patrimônio pessoal (é isso mesmo, considerado, como fizera anos antes seu tio Júlio César em relação à Gália, porquanto aos generais romanos era dado acrescer à riqueza privada as terras conquistadas). Júlio César havia ampliado os limites do que era um "Império Romano” de fato e se tornara o primeiro governante absoluto de Roma, tendo, nesse percurso, destroçado a República e usurpado os poderes da sua instituição máxima – o Senado. No entanto, como o título com que César se outorgara era o de ditador perpétuo, o Império Romano, por assim dizer, não havia sido oficialmente proclamado. 2 – RENÚNCIA FAJUTA Desfilando triunfalmente pelas ruas de Roma, com os inimigos mortos ou derrotados, podre de rico e militarmente fortalecido, Otaviano não tinha mais nada entre ele e o poder. A não ser, com toda certeza, a imagem do corpo do tio prostrado no chão ensangüentado do Senado, mutilado por 23 vigorosas punhaladas. Otaviano sabia que a mais elevada e venerada instituição da República Romana restara tão ou mais ferida de morte desde que César a pisoteara. Intuía que, mesmo com toda autoridade a ele conferida pelos triunfos colossais, haveria de permanecer sempre a mercê de uma eventual conspiração de um Senado ultrajado e ressentido. È, por certo, nesse momento que lhe sobrevém a ousadia genial. Nomeado pelo próprio César como seu sucessor e único remanescente do triunvirato, que incluíra Marco Antônio e Marco Lépido, em vez de simplesmente assumir o governo de onde o tio deixara, Otaviano dá por restabelecida a República, devolve ao Senado e aos senadores a integralidade político-administrativa da instituição sobre Roma e – pasmo dos pasmos – renuncia a todos os seus poderes. O contexto, no entanto, é o de uma Roma traumatizada por um século de guerras civis ininterruptas por conta do controle do poder. Entre atônitos e surpresos, os senadores rogam a Otaviano que permaneça na Chefia do governo. Ele, por seu turno, pede um tempo – os historiadores apostam que de caso pensado, de combinação com um ou um grupo de senadores com o encargo de encaminhar suas condições. O certo é que, ante a sua aparente hesitação, o Senado acumulou diversos títulos em seu nome, entre os quais os de Cônsul Vitalício, Imperator (Imperador, comandante único do poder), Príncipes (primeiro e principal cidadão de Roma), Pontifex Maximus (Sacerdote Supremo da religião romana), Tribuno Potestas (tribuno vitalício), Pater Patriae (Pai da Pátria) e o maior de todos - Augustus (Augusto, Majestoso). Com tanto título, restara muito maior e mais poderoso que o Senado e a própria República – que daí por diante passaria a mera figuração. Adotou, então, a designação de Imperador, filho de César Divino e, com o nome de Augustus, estabeleceu a “Pax Romana” para reinar absoluto sobre o Império até 14 d. C, quando morreu no leito. Entre outras apostas inspiradas no episódio, em 1961 Jânio imaginou que, por conta da aversão da caserna ao seu vice (Jango, que na ocasião visitava justamente a China comunista), até os militares tentariam dissuadi-lo do gesto extremado, não bastasse a certeza de que a pressão popular haveria de levar os políticos não apenas a recusar sua renúncia como a alterar a Constituição para lhe conferir mais poderes – que é o que ele planejara. Deu, como se sabe, xabu. 3 – DEUS E O DIABO Há, mesmo entre os que circulam pelo gabinete principal do Palácio Presidente Vargas, quem considere que Cassol demonstrou fraqueza ao anunciar que penduraria as chuteiras ao final do mandato. O que até os adversários vêem constatando, no entanto, é que, desde que o suposto anunciou se tornou público, do Cabixi a Extrema, não há biboca neste Estado em que uma visita do dirigente aconteça sem que apelos e mais apelos lhe sejam endereçados encorajando-o a desistir da idéia. Se a candidatura ao Senado em 2010 era, até então, uma iniciativa pessoal de Cassol, agora lhe rogam para levar adiante o projeto. Como não se cansa de reiterar, Cassol diz que é enviado de Deus, de quem recebeu o dom para governar. De acordo com o que retrucam os adversários, porém, se poderes extraterrenos ele tem, deve ser por parte do Diabo. O fato é que, ao tempo em que o governante é alcançado por uma “Operação Titanic”, um procurador da República com quem há tempos pugna é atingido por uma reportagem em revista de enorme circulação, uma poderosa ministra com quem se envolveu num salseiro cai do cavalo e o seu principal adversário na política local resulta baleado ao ter seu nome citado na grande imprensa em meio a investigações sobre propinas da Alstrom (a mega-empresa que fabricará turbinas das usinas do Madeira). Isso para, noves fora muitos outros do passado, falar apenas nos episódios recentes que parecem conspirar a favor de Cassol e, obviamente, contra os que se põem no seu caminho. Bem verdade que pouca gente acreditou quando apareceu com essa história de pendurar as chuteiras. Mas como não a desmentiu – pelo contrário, até lhe foram acrescentados detalhes de ordem familiar que a justificariam -, crescem e sucedem-se os apelos rogando-lhe para não deixar a peteca cair. No interior do Estado, onde já era grande, sua figura se agiganta. A falta de uma explicação mais racional, não atentará contra a prudência quem desconfiar que ele possa mesmo ter parte aí com um demiurgo. Se com o Criador ou com o Rabudo, restaria elucidar.
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