O ex-deputado federal Hildebrando Pascoal, preso por ser acusado de comandar o grupo de extermínio esquadrão da morte, depôs ontem na 2ª Vara Criminal de Rio Branco, no processo que apura denúncia de falsificação de documento público por parte do ex-comandante da Polícia Militar do Acre, coronel Jair Thomaz.
O ex-deputado chegou à sede do Juizado Criminal às 9h10 no carro de escolta da Guarda Penitenciária e acompanhado de perto por cinco homens da Companhia de Operações Especiais (COE).
Sem algemas, Hildebrando se mostrou bem-humorado. Cumprimentou quem encontrou pelo caminho e, pela primeira, desde que foi preso em 1999, concordou em conversar com um jornalista.
Quando subia à escada que dá acesso ao primeiro piso do prédio, durante 31 segundos, ele teve este diálogo com a reportagem da TRIBUNA
A TRIBUNA: O que o sr. tem a dizer sobre as acusações que lhe fizeram?
Hildebrando: Eu não tenho dúvidas, vou provar isso.
A TRIBUNA: O sr. acha que é perseguido?
Hildebrando: Compareça ao Tribunal do Júri que você ficará sabendo de toda a verdade.
A TRIBUNA: O sr. se diz inocente de todas as acusações?
Hildebrando: Eu vou provar todos os absurdos cometidos contra mim. Provarei com fatos, vou provar com fatos.
No banco dos réus, em junho
O ex-deputado federal se referiu quando falou do Tribunal do Júri, ao julgamento do Caso Baiano, crime mais cruel atribuído ao esquadrão da morte. Agilson Firmino dos Santos, o Baiano, foi encontrado morto com braços e pernas serrados, supostamente, por uma motosserra.
Hildebrando se sentará no banco dos réus em junho para responder ao processo que apura a morte do mecânico.
A ida de Hildebrando ao juizado criminal foi motivada por um processo que tramita na 2ª Vara, onde o ex-comandante da PM, Jair Thomaz, responde por crime de falsificação de documento público.
Hildebrando Pascoal é uma das testemunhas no processo onde o ex- comandante da Polícia Militar do Acre, coronel Jair Thomaz, foi denunciado pelo Ministério Público Estadual.
De acordo com a denúncia assinada pelo promotor Efrain Enrique Mendoza Filho, em 1992, quando comandava a PM no Acre, Jair Thomaz falsificou uma carteira da Polícia Militar, colocando no documento uma foto de Maria da Conceição Santos Valente embora constasse na carteira o nome de Priscilla Ane Thomaz, filha do coronel.
A emissão do documento foi assinada pelo próprio comandante, quando a responsabilidade de emitir a carteira era do também coronel Gilvan de Oliveira Vasconcelos, que também compareceu à audiência.
Segundo o MPE, Jair Thomaz mantinha um relacionamento amoroso com Maria da Conceição e teria dado a carteira como forma de beneficiar a amante.
Consta ainda no processo que, com a carteira, Maria da Conceição viajou para Salvador na Bahia com passagens pagas pela Polícia Militar.
Jair Thomaz foi denunciado por Hildebrando Pascoal, que na época era deputado estadual e desafeto do oficial. O MPE acatou a denúncia e a ofereceu à Justiça.
Maria da Conceição dos Santos Valente foi denunciada por uso de documento falso, mas o processo contra ela foi arquivado por ordem da juíza Denise Castelo Bonfim, em 28 de novembro de 2006.
Jair Thomaz ainda responde à acusação de falsificação de documento público, crime previsto no artigo 307, do Código Penal Brasileiro, e que prevê detenção de 2 a 6 anos. O defensor público Dión Nóbrega Leal foi designado para atuar na defesa do militar.