Na Amazônia, muitos pescadores sabem: onde há botos, os peixes somem um problema conhecido como “estraga pescaria”. Para mudar essa realidade, o WWF-Brasil e a ONG Sapopema testaram uma solução simples e acessível na Floresta Nacional do Tapajós (PA): os pingers, pequenos aparelhos que emitem sons para afastar os botos das redes de pesca sem machucá-los.
O resultado foi animador: os danos às redes caíram 40% e a quantidade de peixes capturados aumentou até três vezes, sem registro de mortes acidentais. A experiência envolveu 34 famílias da comunidade de Prainha I, que vivem da pesca, e mudou a percepção sobre os botos, que passaram a ser vistos como aliados no equilíbrio do rio.
O projeto segue a metodologia internacional Conflict to Coexistence (C2C), que transforma conflitos em convivência sustentável. No Brasil, existem três espécies de botos de rio, todas ameaçadas por poluição, pesca predatória e desmatamento.
Além da Amazônia, o WWF-Brasil atua no Cerrado, por meio da Rede pela Conservação do Boto-do-Araguaia (REBOTO), promovendo oficinas, turismo sustentável e manejo responsável.
As experiências inspiraram a cartilha “Coexistência com Botos”, que orienta comunidades sobre boas práticas de pesca, uso dos pingers e conservação dos rios, mostrando que proteger a natureza também garante mais alimento e renda para quem depende dela.