BURROS N’ÁGUA E NA PRAÇA: Empresa abandona obras milionárias da Prefeitura de PVH; população fica na pior

“Eles deixaram pais de família com cinco e seis filhos até dois meses sem receber pagamento”, disse Edna Marques* na última segunda (25), em entrevista ao jornal Rondoniaovivo. Ela, que trabalhou em diversas obras da empresa J.J. Construções, entrou em contato com o jornal para se fazer ouvida.

 

Como registrou o jornal, em janeiro deste ano e em julho de 2023, a J. J. Construções era responsável pelas obras de duas praças públicas em Rondônia: a Praça Alphaville, na zona Norte de Porto Velho (RO) e a Praça Flamboyant, na zona Leste. As obras custavam, respectivamente, R$ 1.880.441,40 e R$ 1.107.794,00 e foram financiadas com recursos de uma emenda parlamentar da ex-deputada federal XXXXXXX XXXXXXXX*, que deve arriscar uma candidatura para a Prefeitura da capital nas eleições deste ano pelo partido Republicanos. 

 

 

 

FOTO: Rondoniaovivo

 

O projeto do Alphaville, iniciado em agosto de 2021, deveria ter sido concluído em abril de 2022 - mas até hoje, em 2024, não se escutam crianças jogando futebol naquilo que deveria ser uma quadra poliesportiva. Para tentar manter o contrato da praça a Secretária Municipal de Obras (Semob) estendeu duas vezes, em 2022 e 2023, o prazo da vigência do contrato por meio de termos aditivos. Mesmo assim, a J. J. não conseguiu cumprir com os compromissos.

 

A demora incomodou os moradores do bairro. “Está tudo parado. A gente não sabe se há algum processo na justiça ou se os donos desistiram da construção.”, disse uma senhora ouvida pelo jornal no ano passado.

 

Não muito diferente são os pensamentos dos porto-velhenses que moram nas redondezas da obra no Flamboyant. A praça, que teve as obras iniciadas também em agosto de 2021, deveria ter sido entregue em março de 2022. Assim como o projeto do Alphaville, não foi concluída. O canteiro dos dois projetos foi fechado por chapas de aço. Ainda em 2023, a construtora entrou com um pedido de recuperação judicial.

 

 

 

FOTO: Rondoniaovivo

 

Apesar disso, o cenário galvanizado pode mudar rapidamente. A Prefeitura de Porto Velho publicou no dia 20 deste mês, por meio do Diário Oficial dos Municípios de Rondônia, um aviso de licitação que busca contratar uma empresa para construir a praça do Flamboyant. O novo valor estimado é de R$ 1.420.764,83, de acordo com o edital da licitação. 

 

O Rondoniaovivo tentou entrar em contato com a Semob para marcar uma entrevista sobre a demora na entrega das praças e sobre o relacionamento do município com a J.J. Construções, questionando se a prefeitura pretende declarar a empresa como inidônea, como deve fazer com o Consórcio Madecon (que é responsável pela construção da nova rodoviária da capital). Até o momento da publicação deste material, o jornal não recebeu respostas - mas o espaço permanece aberto.

 

A reportagem também procurou a J. J. Construções, para questionar a falta de pagamento do corpo de funcionários que trabalharam em obras públicas e privadas da capital e do interior do estado. A sede da empresa, que fica localizada na rua da Beira, estava fechada. Não foram respondidos telefonemas e mensagens enviadas pelo jornal. 

 

Frank Júnior, advogado que representa a empresa, disse, por meio de uma ligação telefônica realizada nesta quarta (26), que ‘os funcionários que trabalharam para a empresa vão receber seus direitos de acordo com as decisões da Justiça’. Sobre a obra das praças, o jurista afirmou que ‘o contratante [isto é, a Prefeitura de Porto Velho] abriu mão dos serviços’. 

 

O jornal também tentou entrar em contato com Danilo Dório, sócio da J. J., por mensagem e ligação. O empresário, que atualmente vive no Maranhão, não atendeu aos telefonemas e não recebeu as mensagens enviadas pelo Whatsapp. A nova empreitada de Dório é a Mamute Locações, que recentemente fechou um contrato com a Prefeitura de Estreito, município a cerca de 700 km de distância de São Luís.

 

 

 

FOTO: Rondoniaovivo

 

 

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* Edna Marques é um pseudônimo. Todos os 4 ex-funcionários ouvidos por Rondoniaovivo só aceitaram conversar com o jornal sob condição de anonimato.