USINAS - Matéria da ISTOÉ aponta que projeto de qualificação profissional implantado no "meio da selva" muda a vida da população
Foto: Divulgação
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VIDA NOVA
Sheila Machado e o pai, Pedro. Os dois se inscreveram no programa.
Ela será mecânica e ele já deixou de ser caminhoneiro
É um projeto que pode ajudar a mudar a realidade do Estado encravado no meio da Amazônia, onde até recentemente a população trabalhava com extrativismo de minérios e da floresta. Afastada do desenvolvimento, Rondônia contabilizava no último censo (2000) 1,5 milhão de habitantes, quase 60% deles analfabetos funcionais. Em 2006, só em Porto Velho, os desocupados somavam mais de 30 mil. Foi nesse cenário que, há quatro anos, o engenheiro Cardilli desembarcou com a missão de contratar a equipe para construir a usina. Depois de mapear a região e identificar os problemas sociais locais, ele resolveu apostar em uma ideia arrojada para admitir os dez mil operários. Em vez de importar a mão de obra em massa, resolveu recrutá-la no próprio Estado.
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“O objetivo era mitigar a migração de trabalhadores de outras regiões do País”, conta Cardilli. A proposta de montar uma equipe local, porém, quase foi abandonada por causa da baixa qualificação dos profissionais. “Tornaria inviável tocar uma obra tão sofisticada”, relata o engenheiro. A dura realidade local, no entanto, não desanimou Cardilli. Sonhador, ele acreditou que era possível unir desenvolvimento sustentável e bons negócios. E foi em frente. “A ideia era reverter o impacto social negativo, depois de nossa saída da região”, conta. Hoje, o programa, que é gratuito, mantém em sala de aula mais de 750 alunos diariamente. A depender do ofício escolhido – pedreiro, carpinteiro, mecânico, eletricista ou técnico em meio ambiente –, a carga horária das turmas pode variar de 32 a 200 horas de estudos.
MONUMENTAL
A hidrelétrica do rio Madeira e Antônio Cardilli, criador do projeto: mão de obra local
De olho no futuro, o programa resolveu apostar também em jovens e adolescentes. Em parceria com o Senai, a Odebrecht criou o programa Acreditar Júnior, um curso de capacitação profissional de jovens de 15 a 17 anos. Nesse projeto, os 400 alunos matriculados recebem, além do uniforme e refeições, metade de um salário mínimo para aprender mecânica, computação e noções de meio ambiente. “Eles poderão ser os funcionários da usina daqui a alguns anos”, acredita Cardilli. A estudante Sheila Fernandes Machado, 17 anos, se inscreveu no curso de mecânica diesel. “Era louca para saber como funcionava um motor”, conta. O pai de Sheila também frequentou um curso do Acreditar. Caminhoneiro, Pedro vivia fazendo frete nas estradas brasileiras e, há dois anos, trocou o volante de caminhão pela operação de um guindaste na obra. “Superei um problema na minha vida que era ficar 15 dias fora de casa”, conta.
* O resultado da enquete não tem caráter científico, é apenas uma pesquisa de opinião pública!