ARTIGO - O mais influente disco da história da música pop completa 40 anos - Por Marcos Souza
Eu tinha 15 anos quando resolvi comprar o disco pra entender os excessos de adjetivos positivos e hiperlativos que para mim pareciam ilações espaciais, beirando o fanatismo, esperando compreender o fenômeno do álbum. >>>
Superlativos, unanimidades burras, controvérsias em fóruns, esmero nas inflexões impostas pelos fãs ao se referir ao famoso álbum dos Beatles, mas é difícil alguém que goste da banda de Liverpool (UK) ficar incólume ao disco “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”, que completou no dia 1º de junho quarenta anos em que foi lançado na Inglaterra.
Oitavo disco da discografia dos Beatles, “Sgt. Pepper’s...” é citado por grande parte da crítica especializada como o mais influente e melhor trabalho fonográfico da história do rock. Repetindo: da história do rock.
Eu tinha 15 anos quando resolvi comprar o disco pra entender os excessos de adjetivos positivos e hiperlativos que para mim pareciam ilações espaciais, beirando o fanatismo, esperando compreender o fenômeno do álbum. Esperava, na minha vã ingenuidade, reconhecer os sons revolucionários, as músicas que deveriam ser inéditas aos meus ouvidos. Que decepção, eu conhecia praticamente todas as músicas e elas soavam déja vu puro. Enfim, ouvia, ouvia e ouvia repetidas vezes as faixas e ficava procurando a tal revolução, confesso que apenas “A Day in the life” me parecia absolutamente genial, como acho até hoje. Mas..
Bom, mas aí na minha santa e ingênua adolescência, claro fui pesquisar mais a fundo do que se tratava a tal revolução. Surpresa! Cara, não existia revolução, ao ouvido mais apurado, havia revoluções, transformações e sensações incríveis, e aos olhos mais vívidos a capa do famigerado álbum, com aquela amalgama de rostos famosos por trás dos quatro cavaleiros de Liverpool, paramentados de integrantes da banda do Sargento Pimenta, havia um ícone que sagraria interpretações fantasiosas, estudos gráficos laboriosos e busca de mensagens misteriosas, símbolos que estariam ocultos e que revelavam fatos inusitados dos bastidores da banda mais famosa do planeta.
Mas seria fácil jogar adjetivos e acentuar a aura mítica do disco, com produção complexa e esmerada de George Martin, e a entrega dos integrantes da banda, principalmente Paul Mcartney e John Lennon, recheados de idéias e com maquinações incríveis para levar o som dos Beatles a um estágio novo, inédito em todos os sentidos.
Paul já havia dito que “Sgt. Pepper’s...” era uma resposta a outro genial disco, “Pet Sounds” (1966), dos Beach Boys – e este já era uma resposta do gênio Brian Wilson, principal compositor do B.B., ao maravilhoso disco “Revolver” (1966), dos Beatles -, e por isso mesmo tanto ele, Paul, quanto John buscavam avançar para uma esfera além no conceito de técnicas de gravação sem precedentes até aquele momento. E conseguiram.
Gravado em 129 dias com cerca de 700 horas de estúdio, foi lançado em 1º de junho de 1967 na Inglaterra e no dia seguinte nos Estados Unidos. O disco é precedido de muito disse-me-disse na imprensa da época, principalmente quando a banda decidiu não mais realizar shows ao vivo e se dedicar somente às composições e gravar discos. Muitos deram como certa a decadência do grupo, o que foi contrariado com esse álbum. O incrível é que por se tratar de um disco de difícil elaboração, com as faixas tocadas sem intervalos, como uma suíte ininterrupta, eles criaram o álbum conceitual, antecipando o que as bandas de rock progressivo utilizariam comumente anos mais tardes. Ainda assim conseguiram vender 11 milhões de cópias só nos Estados Unidos.
As influências que fizeram à cabeça dos quatro músicos comportavam uma série de instrumentos exóticos, além de sonoridades atípicas e muito particulares para ser colocada em um repertório de rock, com direito a orquestrações, instrumentos hindus, gravações tocadas ao contrário, sons de animais e estilos que variavam do rock à baladas, do jazz e música oriental. Tudo inserido em uma unidade sonora bem distinta e inspiradora.
As revoluções que citei acima se encontravam nessa junção de instrumentos gravados, com superposições de arranjos e orquestrações que davam a sensação de que o disco soltaria da agulha sem mais nem menos. A seqüência das 13 canções que integram o disco é perfeita. Para cada música existiam inspirações variadas e sonoridades diferentes, absolutamente inéditas para a época. Ou seja, o que me faltava compreender como funcionaria essa propalada revolução alardeada pelos críticos especializados.
Compreendi no exato momento em que as técnicas de gravações desenvolvidas para o disco, assim como o uso de recursos criativos na composição, como a nota orquestrada na música “A Day in the Life”, que dá a sensação de um som que inicia como o ranger de uma tumba sendo aberta até um grito denso propalado em uma câmara de eco, saltaram aos meus ouvidos e pude distinguir a real importância daquele oitavo álbum dos Beatles.
São particularidades sonoras, seja no uso de vocais, no andamento das músicas, que depois foram absorvidas posteriormente por outros artistas e que serviu de inspiração para estilos que surgiram depois, como rock progressivo, o hard rock, a ambient music (do mago Brian Eno, ex-tecladista do Roxy Music), etc.
Ou seja, os Beatles de novo haviam “reinventado a roda” da música pop, jogaram fora de vez os terninhos, os cabelos arrumadinhos, o “iê-iê-iê”, as articulações do pop fácil (que eles faziam de forma genial) e deram ênfase à sua psicodelia, experimentações lisérgicas, ultrapassaram os sentidos e refletiram um novo tempo de transformações não só na música como no comportamento social de sua época.
Por isso eu aprendi e compreendi que “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band” é realmente um disco revolucionário e genial. Ainda hoje inovador.
Para estender ainda mais os superlativos que acompanham esse disco, segue abaixo algumas curiosidades que colhi no site Wikipédia.com:
SOBRE A CAPA
O álbum não só se destacou pela música mas também pela capa. Os Beatles foram fotografados por Michael Cooper vestidos como sargentos diante de colagens de rostos de pessoas famosas que o grupo admirava na época, trabalho esse feito por Peter Blake. Foram selecionadas 70 pessoas entre artistas de cinema e televisão, políticos, músicos e escritores. Entre eles Marlene Dietrich (atriz), Bob Dylan (músico), Sigmund Freud (médico psicanalista), Aleister Crowley (escritor e ocultista), Edgar Allan Poe (escritor), Karl Marx (filósofo e economista), Oscar Wilde (escritor), Marlon Brando (artista), os comediantes Stan Laurel e Oliver Hardy (conhecidos como a dupla Laurel and Hardy), Marilyn Monroe (atriz), Shirley Temple (atriz) e Stuart Sutcliffe (antigo baixista dos Beatles), entre outras personalidades.
Houve a intenção de incluir ainda Jesus Cristo (não foi incluído por causa da declaração um ano antes de John dizendo que os Beatles eram mais populares que Jesus Cristo), Gandhi (retirado por receio da gravadora em ofender o mercado indiano), Elvis Presley e Adolf Hitler.
Para evitar processos a gravadora pediu autorização às personalidades. O ator Leo Gorcey teve sua imagem retirada por pedir um pagamento pelo uso da sua imagem.
ALGUMAS CURIOSIDADES
• Os Beatles gravaram outras canções que não fizeram parte do álbum:
o "Strawberry Fields Forever": escrita por John Lennon em referência ao Orfanato do Exército de Salvação que ficava perto de sua casa em Liverpool. A faixa fez parte do compacto junto a "Penny Lane"'.
o "Penny Lane", escrita por McCartney com canção de Lennon, referência nostálgica a Liverpool.
o "Carnival of Light": canção de McCartney permanece inédita até mesmo em bootlegs.
o "Only a Northern Song": canção de George Harrison somente lançada em 1969 na trilha sonora do filme Yellow Submarine.
• Os Beatles ganharam quatro prêmios Grammy pelo trabalho: "melhor álbum do ano", "melhor capa de álbum", "melhor álbum de música contemporânea" (atualmente conhecido como "melhor álbum vocal Pop") e "melhor engenheiro de som" (Geoff Emerick). Porém perdeu três indicações: "melhor desempenho" (para Anita Kerr), "melhor desempenho de grupo ou dupla" (para The Mamas & The Papas) e melhor arranjo intrumental (perdendo por "A day in the life" para "Strangers in the Night").
• Em 1968 Frank Zappa fez uma paródia da capa de Sgt Pepper's em seu álbum We're Only in It for the Money.
• O jornal britânico The Independent On Sunday afirma que o ditador nazista Adolf Hitler estaria escondido na capa, aparecendo em parte entre o baterista Ringo Starr e pelo atleta e ator Johnny Weissmuller.[6]
CONFIRA UM TRECHO DO DOCUMENTÁRIO SOBRE A GRAVAÇÃO DO ÁLBUM:
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* A propósito da ESQUERDA e da DIREITA, do CENTRO e da PERIFERIA
* ARTIGO - Ferrovia do Diabo: A TERCEIRA VIA - Por: Antônio Serpa do Amaral Filho
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