Novo presidente da Odebrecht assume de olho no potencial hídrico de Rondônia e da África

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Foto: Divulgação

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Marcelo Odebrecht é o novo presidente do grupo que leva o nome da família, um dos maiores grupos empresariais do Brasil e da América Latina, com importantes investimentos em países como Portugal e Angola.

O Grupo Odebrecht possui obras em 17 países, exporta produtos químicos e petroquímicos para mais de 60 e emprega cerca de 90 mil pessoas. A construtora do grupo, a Norberto Odebrecht, é a maior do Brasil. E a Braskem, conglomerado de empresas petroquímicas, a maior da América Latina.

O grupo também tem negócios nas áreas de açúcar e álcool, saneamento, petróleo e imobiliária. Faturou R$ 31,4 bilhões em 2007 e pode chegar a mais de R$ 42 bilhões este ano, segundo projeções internas.

O poderio da Odebrecht se destaca também na política. Grande contribuinte de campanhas eleitorais, o grupo tem acesso privilegiado aos gabinetes mais importantes de Brasília. Cultiva influência também junto a governos e parlamentares dos países nos quais está presente, principalmente na América Latina e em Angola.

O novo presidente do grupo, o empresário Marcelo Odebrecht, aos 40 anos, assumiu o cargo após 16 anos de treinamento em várias empresas do conglomerado. Líder da terceira geração da família, Marcelo tem um irmão e duas irmãs. Apenas uma delas, advogada, trabalha no grupo.

Ele entrou na Odebrecht em 1992, aos 24 anos. Engenheiro civil recém-formado, começou como estagiário numa obra em Salvador. Trabalhou pela Odebrecht em outras partes do Brasil, na Inglaterra e nos Estados Unidos, até assumir a construtora.

Marcelo agora tem o desafio de substituir duas lendas dentro do Grupo Odebrecht: seu avô, Norberto, que em 1944 fundou o grupo e o pai, Emílio, que nos últimos dez anos construiu a Braskem, maior indústria petroquímica da América Latina.

Norberto hoje é presidente de honra do grupo e, Emílio, do Conselho de Administração. Agora que o bastão chegou a suas mãos, Marcelo terá de deixar sua marca - assim como fizeram seu pai e seu avô.

Executivos do grupo disseram que ele assume a presidência “de olho numa nova área de negócios”. Numa conversa recente, Marcelo lembrou que energia é um bem cada vez mais escasso no mundo e falou do potencial hídrico de lugares como a Amazônia e a África.

A construtora do grupo já faz barragens e hidrelétricas para clientes de todo o mundo. A sua intenção é dar um passo a mais e começar a operar as usinas e vender sua energia.

A primeira experiência importante da Odebrecht nessa área será a exploração da hidrelétrica de Santo Antônio, no Rio Madeira, em Rondônia. Em consórcio com outras empresas, a Odebrecht vai construir e depois operar a usina por 30 anos.

Considerado um executivo agressivo pelos concorrentes, Marcelo fez do projeto do Rio Madeira a maior aposta de sua carreira até aqui. Em 2002, ele assumiu a construtora, uma das principais empresas do grupo, com a idéia de explorar o potencial hídrico do Madeira.

O projeto já existia, mas estava praticamente abandonado. Mesmo sem a garantia que a Odebrecht teria a obra, ele acreditou na idéia e investiu mais de R$ 150 milhões em estudos de viabilidade.

As pesquisas da Odebrecht deram início para a licitação de duas hidrelétricas, Santo Antônio e Jirau, e deflagraram uma das disputas empresariais mais ferozes dos últimos anos no Brasil.

Quando a disputa começou, os concorrentes descobriram que a Odebrecht tinha montado uma teia de contratos que a tornava parceira exclusiva das estatais elétricas do governo e dos principais fornecedores de turbinas do País. A manobra criou um conflito com a Camargo Corrêa e com o grupo belga Suez, rivais na disputa pelo rio Madeira.

Acusada de impedir a concorrência, a Odebrecht foi forçada pelo Palácio do Planalto a liberar as estatais e os fornecedores das cláusulas de exclusividade que tinham assinado com ela. Mesmo assim, o clima belicoso entre ela e seus concorrentes continua até hoje.

A Construtora Odebrecht teve problemas também no exterior. Na Venezuela, foi acusada de sonegar impostos, "um equívoco já resolvido e superado", de acordo com um diretor da empresa. No Equador, foi expulsa pelo presidente Rafael Corrêa, que a acusa de ter falhado na construção de uma hidrelétrica.

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