Errados, é isso o que vocês são. Independente do cargo que buscam – Governo, Senado, Câmara Federal ou Assembleia Estadual, seguem-se persistindo nos antigos erros. Entendam este texto como um desabafo de um velho professor mas, também, um desafio a cada uma e a cada um de vocês que, neste momento, se acham dignos de representar nossa população.
Independente de espectro ideológico, partido, ou sobrenome, fato é que haverá um desafio enorme a quem quer que seja eleito em algumas semanas: temos um país rico, repleto de pobres. Historicamente somos um dos países mais desiguais do mundo, com uma massa de famintos e desempregados. Infelizmente, a maioria de vocês não tem apresentado propostas concretas para enfrentar isso. Temos frases de efeito, programas bem produzidos – uns, nem tanto... – e várias, várias promessas... nada diferente do que reza o roteiro que nós, cidadãos e cidadãs, bem conhecemos. O programa eleitoral com vocês aparecendo se chamando pelo primeiro nome, comendo pastel e café na feira para, em seguida, desaparecerem ou fazerem questão de serem chamados de excelências.
Pois bem, desafio vocês a pensarem um projeto viável para a Educação (incluindo Cultura, Ciência e Tecnologia), em Rondônia. Não falo de políticas de Governo, pensadas a curto prazo; nem de estatísticas relacionadas a taxas de sucesso ou compra de carteiras. Mas a pensarem a educação de forma ampliada, como a única chave possível para o futuro não apenas de nossas crianças, mas de todo o rondoniense de cada canto deste estado.
A pandemia escancarou o que nós, educadoras e educadores já sabíamos: que não estamos preparando nossos jovens para um futuro conectado. Não há acesso à educação digital, algo diferente de doar tablets ou chips para nossos alunos. Falo em transformar nossos jovens em cidadãos críticos e criativos, com acesso a museus, centros culturais, mas também a mídias e linguagem de programação. Isso requer uma política voltada para nosso patrimônio histórico, material e imaterial – algo que vai muito além da reforma da EFMM ou da pintura de Centros Culturais. Me refiro a fazer com que nossos jovens tenham orgulho de nosso passado, entendam o legado de nossos pioneiros e, ainda assim, saibam dominar linguagens tecnológicas e tenham capacidade de serem cidadãos e cidadãs do mundo.
Aqui cabem duas observações:
Faltam propostas, caros candidatos e candidatas. Falta comprometimento e sobram, como disse, fotos com pastel de feira e com vocês, acenando para “o povo” (ou seja, nós!). A pandemia nos ensinou muita coisa, uma delas foi a importância de se investir em uma educação de qualidade ligada estreitamente a políticas de fomento a cultura, ciência e tecnologia. Isso gera emprego, combate desigualdade, mata fome e aumenta a autoestima de um povo.
Hora de pensar em Rondônia daqui a 50, 60 anos... Que propostas de vocês, efetivamente, contemplam esse futuro – que nós precisamos e que nossos filhos merecem, e podem ter?
Fica o desafio.
Professor Estevão R. Fernandes
Antropólogo
Universidade Federal de Rondônia
O autor é professor do Departamento de Ciências Sociais da UNIR (campus Porto Velho). Tem Doutorado pela Universidade de Brasília com período sanduíche na Duke University (EUA) com Pós-Doutorado pela Brown University (EUA).
* O resultado da enquete não tem caráter científico, é apenas uma pesquisa de opinião pública!