Puno é uma cidade peruana que fica às margens do Lago Titicaca um dos maiores lagos da América do Sul e o corpo de água navegável mais elevado do mundo, a 3.827 metros de altitude.
Estive lá em março de 2019, e não é uma viagem para qualquer um. Talvez em função do lago e a pressão atmosférica, o ar é muito rarefeito, o que causa uma sensação constante de cansaço, mas é uma viagem que você precisa fazer ao menos uma vez na vida.
Para quem mora em Rondônia, o trajeto de carro é mais fácil. Conheci Puno voltando de Cusco, local onde já estive 9 vezes (veja o relato). A estrada é ótima, e saí de Cusco às 6 da manhã, cheguei em Puno por volta das 14 horas. A distância é de 387km, marcada por retas intermináveis e um visual incrível do altiplano peruano. Veja abaixo o mapa do percurso:
Já cheguei e fui direto ao porto para conhecer as Ilhas Uros, ilhotas flutuantes que são habitadas por nativos. O passeio é o ponto alto do que fazer em Puno.

Ao chegar, o turista é abordado por vários vendedores de bilhetes, chega a ser inconveniente. O serviço de informações aos turistas é péssimo, e você praticamente fica por conta. Por isso é importante manter a cabeça fria e procurar com calma. Existem duas formas de conhecer o lago, em passeios compartilhados, cuja passagem custa em média 10 soles por pessoa, ou passeios privados, onde você precisa combinar com o capitão do barco. Normalmente fica em torno de 150 a 200 soles, e dá pra levar grupos grandes, com até 10 pessoas. O negócio é conversar.

Como estava com amigos, negociamos um passeio privado, que custou 150 soles. Saindo do porto, até as ilhas Uros, a viagem é rápida, cerca de 30 minutos. Os peruanos dão um jeito de tomar dinheiro o tempo todo, e eles colocaram uma cancela no lago, onde cobram (a parte) 10 soles por pessoa. Mas, se voce reclamar (com educação), consegue passar sem a cobrança. No nosso caso argumentamos que havíamos combinado o passeio completo, e no porto o capitão não informou sobre essa “cobrança extra”. Argumento aceito, seguimos em frente.
As ilhas Uros são feitas com uma vegetação típica do lago, e dá para perceber que muitos não moram no local, apenas passam o dia atendendo turistas. Várias habitações possuem um kit padronizado, com placa de energia solar e caixa d’água, possivelmente trabalho de alguma ONG.
As ilhas flutuantes são pequenas, com várias habitações. Desembarcamos em uma delas (pessoal amigo do capitão do barco), e não tem muito o que olhar. O ‘presidente’ da ilha (se apresenta como tal, e cada uma tem um) conta a história do local, a quantidade de pessoas que vive na ilhota, como se alimentam (eles pescam em furos que fazem no flutuante) e mostram o interior das habitações. As mulheres vendem artesanatos feitos com material local (só aceitam dinheiro vivo).
“Presidente’ da ilha
Na ilha, os turistas conhecem a história do local
As cores são lindas, e o passeio é deslumbrante. A parte chata mesmo é o assédio constante para que você compre ou sempre pague por algo. Mas, releve isso, afinal é uma viagem visualmente incrível.

Entrada de uma das ilhas
De volta à Puno, já por volta das 17h30, resolvemos “almoçar” no GHL Hotel Lago Titicaca (antigo Libertador), que é um cinco estrelas fantástico. O preço também é cinco estrelas, mas vale à pena, afinal, quando você vai novamente por lá, né? O hotel é uma das primeiras coisas que a gente observa quando começa o passeio pelo lago, ele fica em uma ponta que adentra o Titicaca.

Hotel à esquerda (branco)
Não ficamos hospedados, a diária atualmente gira em torno de R$ 800, mas o almoço valeu a pena. Em quatro pessoas, com pratos individuais, mais uma garrafa de vinho saiu por R$ 400.
Dormimos em um hotel próximo, com diária de R$ 150/casal e acordei por volta das 2 da madrugada com uma leve enxaqueca provocada pela altitude (o vinho também pode ter ajudado). Na manhã seguinte logo cedo saí em direção à Porto Velho (RO).
Resumo
É uma viagem que vale à pena? Sim, Vale muito. Se você for à Cusco, tente emendar uma visita à Puno, são universos totalmente diferentes, o que mostra bem a diversidade natural do Peru. Por Puno é possível seguir para a Bolívia, mas é um trecho mais complicado, e recomento ir em um grupo grande.
É cara? Já foi mais em conta, mas atualmente com a baixa do Real não é um roteiro tão barato. É possível gastar menos, fazendo os passeios compartilhados, que demoram mais, eles visitam várias ilhas flutuantes e claro, dão um jeito de esticar ao máximo as despesas.
Dicas
*Leve dinheiro vivo, em soles (moeda local)
*Deixe as coisas bem esclarecidas e combinadas para não haver mal entendido
*Seja duro, mas educado nas negociações
*Antecipe-se e faça reserva em algum hotel antes de ir, para evitar ficar rodando pela cidade
*Se você tem problemas com comidas locais, procure hotéis mais caros, eles tem cozinhas com cardápios internacional