INSANIDADE: Pesquisa aponta que a cada 46 minutos ocorreu um 3st*pr0 no Brasil em 2022

Atlas da Violência é baseado em registros do SUS de 2022, quando mais de 144 mil mulheres foram atacadas

INSANIDADE: Pesquisa aponta que a cada 46 minutos ocorreu um 3st*pr0 no Brasil em 2022

Foto: Reprodução/Freepik

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Após estuprar uma estudante de 12 anos, um criminoso de 25 anos foi preso na última segunda-feira (17), em uma operação realizada por policiais civis e militares na região do bairro Agenor de Carvalho, em Porto Velho.

 

O Rondoniaovivo apurou que o criminoso abordou a criança que estava indo para a escola. Agindo com sérias ameaças de morte, o criminoso obrigou a criança ir com ele até uma vala.

 

No córrego localizado no bairro Nova Porto Velho, o estuprador cometeu o crime e depois fugiu. A vítima teve de ser hospitalizada devido ao abuso sexual.

 

E este é só mais um entre os milhares de casos de estupro registrados no Brasil. Mais uma mulher que vai virar um número e entrar para as estatísticas de um dos países mais violentos do mundo quando se trata do sexto feminino.

 

Raio-x

 

Em 2022, ocorreu um estupro a cada 46 minutos no Brasil, de acordo com o Atlas da Violência, divulgado também na terça-feira (18) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

 

Com base nos dados do Sistema Único de Saúde (SUS), mais de 144 mil mulheres foram vítimas de algum tipo de violência naquele ano. As meninas com até 14 anos são as mais vulneráveis, sofrendo, proporcionalmente, mais ataques sexuais do que as mulheres adultas.

 

Esses dados surgem enquanto tramita na Câmara dos Deputados, em regime de urgência, o Projeto de Lei 1.904/24, que equipara o aborto com mais de 22 semanas de gestação ao homicídio, tornando a pena para a mulher que realiza o procedimento mais severa do que a do estuprador.

 

O Atlas revela que a violência sexual foi a principal agressão contra meninas de 10 a 14 anos, representando 49,6% dos atendimentos no SUS. Entre as meninas de até nove anos, a negligência ou abandono foi a forma mais comum de violência (37,9% dos casos), seguida por abuso sexual (30,4%).

 

O estudo detalha que, a partir dos 15 anos e durante a vida adulta, a violência física se torna a mais comum contra mulheres. Entre as jovens de 15 a 19 anos, a agressão corporal esteve presente em 35,1% dos casos, aumentando para 49% entre as mulheres de 20 a 24 anos e mantendo-se acima de 40% até os 59 anos.

 

No caso das idosas, a negligência volta a ser a forma mais comum de violência, afetando 37,5% das mulheres entre 75 e 79 anos e 50,4% das que têm mais de 80 anos.

 

 

Principais agressores

 

Nos casos de violência doméstica e familiar, os homens são os principais agressores, sendo responsáveis por 86,6% dos ataques. No entanto, homens e mulheres são igualmente responsáveis pela violência contra crianças de zero a nove anos, indicando que crianças e adolescentes estão extremamente vulneráveis a abusos dentro de suas próprias casas.

 

Entre as mulheres de 30 a 35 anos, os homens foram responsáveis por 95,8% das agressões, com aproximadamente 80% dos incidentes ocorrendo nas residências das vítimas. A rua foi o segundo local mais frequente, com 6,1% dos casos.

 

"Se tivéssemos que descrever a experiência de ser uma mulher no Brasil, poderíamos dizer que na primeira infância a negligência é a forma mais comum de violência, com pais e mães como principais autores em igual proporção. A partir dos 10 até os 14 anos, essas meninas são principalmente vítimas de violência sexual, geralmente cometida por pais e padrastos. Dos 15 aos 69 anos, a violência física causada por pais, padrastos, namorados ou maridos é predominante entre as mulheres", descreve o Atlas da Violência.

 

Sintomas

 

A psicóloga e neuropsicóloga Juliana Gebrim destaca que os sinais de violência, inclusive a sexual infantil, são perceptíveis.

 

"Os sinais podem variar, mas alguns são bastante comuns. Observamos mudanças bruscas, como regressão a comportamentos infantis, como chupar o dedo ou fazer xixi na cama, por exemplo. A criança também começa a evitar lugares associados ao abuso e pode desenvolver fobias inexplicáveis, além de demonstrar um conhecimento sexual inadequado para a idade," observa.

 

Segundo Juliana, a criança vítima de abuso "pode se tornar extremamente retraída ou, ao contrário, mostrar agressividade e irritabilidade. Mudanças no desempenho escolar também são comuns, assim como sintomas de ansiedade e depressão. Em alguns casos, a criança pode exibir comportamentos autolesivos, como se cortar ou outras formas de automutilação".

 

O psicólogo cognitivo-comportamental Artur Gomes menciona que pesquisas recentes sobre o impacto da violência sexual infantil mostram os efeitos duradouros do abuso no desenvolvimento cerebral.

 

"Estudos indicam que isso pode levar a problemas de memória e nas respostas emocionais pelo resto da vida. Pode resultar em problemas emocionais e comportamentais, como resistência ao tratamento psicológico, ansiedade e depressão, que complicam o processo terapêutico, além da dificuldade em confiar nos outros e desenvolver relacionamentos saudáveis", enfatiza.

 

Cristina Castro, CEO do Instituto Glória — que combate a violência contra meninas e mulheres — ressalta a importância de se criar uma rede de proteção formada por pessoas próximas que não tenham medo de intervir ao notar algo fora do comum.

 

"Sessenta e oito por cento das violências contra mulheres e meninas ocorrem dentro de casa. É crucial não apenas responsabilizar os pais pelo reconhecimento do abuso, mas também toda a rede de proteção da criança. Tios, avós, pessoas do convívio escolar — todas essas pessoas são parte dessa rede de apoio", afirmou.

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