Falta de efetivo persiste há anos e não há previsão de concursos neste ano; última vez que entraram novos soldados foi em 2019
Foto: Divulgação/Governo de Rondônia
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A insegurança diária que os rondonienses sentem na pele todos os dias está bem clara: assaltos e assassinatos à luz do dia e até situações macabras. Recentemente, a cabeça de um adolescente foi deixada dentro de uma bolsa, em frente a um residencial popular em Porto Velho.
E a população reclama que falta mais presença das forças de segurança pública nas ruas, especialmente na cidade mais populosa do estado, que é a capital de Rondônia.
“Aqui no bairro, raramente vejo viaturas da Polícia Militar. Quando vejo, é uma vez por dia e só passam nas ruas principais. Não vejo nas ruas secundárias ou mais pra dentro do bairro”,alertou um senhor que mora na zona Sul de Porto Velho.
Só que a falta de policiais militares nas ruas também acontece na região mais populosa da cidade, que é a zona Leste.
“A gente sempre fica sabendo de alguém que teve o celular roubado, uma bicicleta, que teve a casa invadida por bandidos. E a gente fica assim, perdidos, sem saber o que fazer. Ligamos no 190 e dizem que vão mandar uma viatura pra atender a gente e demora horas. Isso quando vem né?”,esclarece uma senhora que mora no bairro Jardim Santana há 22 anos.
Cabeça de adolescente foi deixada em área comum de residencial popular em Porto Velho e até agora, ninguém sabe quem cometeu o crime bárbaro, muito menos onde está o restante do corpo do garoto - Foto: Reprodução da internet
Insegurança
Um oficial de alta patente conversou com o Rondoniaovivo e expôs como a falta de policiais militares nas ruas impacta diretamente o trabalho da corporação, além da oferta de segurança à população.
“Se a gente for considerar os afastados por licença médica e os cedidos para outros órgãos, nós temos apenas, na atividade fim, que é o policiamento preventivo nas ruas, apenas 3.900 policiais para atender 52 cidades no estado, incluindo os oficiais. Agora, se for falar só dos praças, que fazem mesmo o trabalho nas ruas, que são soldados, cabos e sargentos, esse número cai sensivelmente”,explicou ele.
Segundo informações conseguidas pelo jornal eletrônico, há mais de 600 policiais que atuam em outras funções, que não sejam o policiamento nas ruas e que estão cedidos à diversos órgãos, como Tribunal de Justiça (TJRO), Ministério Público Estadual (MP-RO), Assembleia Legislativa e outros.
“O último levantamento feito pela própria PM destaca que há uma falta de 3.692 policiais militares na corporação. O atual governo não fez concurso nenhum. O que houve foi um aproveitamento do último concurso feito ainda na administração Confúcio Moura, onde entraram 400 soldados em 2019. Tanto que no final deste ano, todos serão promovidos a cabos por antiguidade”,reforçou esse oficial que conversou com o Rondoniaovivo.
Mais de 600 policiais militares estão cedidos para outros órgãos públicos, fazendo a segurança de autoridades, por exemplo - Foto: Reprodução da internet
Sem mudança
O jornal eletrônico entrou em contato com o comando-geral da Polícia Militar, que respondeu nossos questionamentos via Secretaria Estadual de Comunicação (Secom) do Governo do Estado, que deixou bem claro que não haverá concurso público para suprir vagas na PM em 2024.
E também não confirmou nem desmentiu que há déficit de quase 3.700 soldados na corporação. Mas, o Executivo Estadual diz que toma medidas para reforçar a segurança da população:
“A Polícia Militar integrada com as demais forças de segurança do Estado têm realizado grandes operações com a utilização da diária especial para o reforço do serviço ordinário (Derso), que emprega policiais militares da atividade meio ou da folga em patrulha reforço, dentre outras medidas”.
Onde completa: “O Governo de Rondônia tem investido em equipamentos e tecnologia para a Segurança Pública do Estado. A integração das forças de segurança, por meio da Polícia Militar do Estado de Rondônia (PMRO), Polícia Civil do Estado de Rondônia (PCRO), Corpo de Bombeiros Militar de Rondônia (CBMRO) e Superintendência de Polícia Técnico-Científica de Rondônia (Politec), fortalece as ações de combate ao crime e proteção ao cidadão”.
Números
Um relatório divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) reforça a crise alarmante: a falta de policiais que prejudica a proteção da Amazônia e a segurança pública em todo o Brasil.
Inicialmente, o relatório revela uma falta assombrosa de mais de 47 mil policiais na Amazônia, somados todos os estados da Amazônia Legal. A conta é baseada em informações dos próprios estados, sobre os efetivos previstos em 2022 e existentes em 2023.
De forma ainda mais específica, o Amapá, o estado brasileiro com a maior taxa de homicídios, opera com menos da metade do contingente necessário de PMs, situando-se em meros 39,2% do ideal.
Já Rondônia se destaca negativamente com uma redução de 30,6% no número de policiais civis na última década, a maior do país.
Também o Amazonas apresenta uma situação de vulnerabilidade extrema, com um policial militar para cada 189 km² de território, um policial civil para cada 835 km², e um bombeiro militar para cada 1.403 km².
Em contraste, o Mato Grosso lidera em termos de cedência de policiais militares, com 11,4% do seu efetivo deslocado.
Ativos x licenças x reserva
O relatório do FBSP fornece um panorama da realidade policial no Brasil, destacando que dos 152.769 policiais civis necessários segundo entidades da área apenas 95.908 estão ativos.
Dados os altíssimos índices de violência no Brasil, a situação das polícias militares também é drástica, com uma discrepância entre os 584.462 policiais esperados e os 404.871 realmente na ativa em 2023.
A redução de efetivos se tornou mais acentuada na última década, com uma queda de 2% para policiais civis e de 6,8% para militares.
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