24%: Rondônia é o estado que mais teve assassinatos no 1º semestre

Estado foi o que mais cresceu no índice, segundo Fórum de Segurança Pública e NEV-USP

24%: Rondônia é o estado que mais teve assassinatos no 1º semestre

Foto: Segundo FBSP e NEV-USP, índice de assassinatos em Rondônia foi o mais alto em todo o país no primeiro semestre: 24%

 

Enquanto o número de assassinatos no país segue em queda neste ano, com baixa de 7%, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), Rondônia vai na contramão, com aumento de 24% no número de mortes violentas somente no primeiro semestre.
 
Foram 20,1 mil assassinatos nos primeiros seis meses deste ano em todo o Brasil, o que representa uma diminuição de 5% em relação ao mesmo período do ano passado.
 
Mesmo assim, o número é elevado: em média, mais de 111 pessoas foram assassinadas por dia no primeiro semestre de 2022.
 
Estão contabilizadas no número as vítimas dos seguintes crimes: homicídios dolosos (incluindo os feminicídios), latrocínios (roubos seguidos de morte) e lesões corporais seguidas de morte.
 
Passado
 
Em 2021, foram 41,1 mil mortes violentas intencionais no país no ano passado, o menor número de toda a série histórica do FBSP, que coleta os dados desde 2007.
 
Os dados do primeiro trimestre de 2022 apontam que:
 
- Houve aproximadamente 20,1 mil assassinatos nos primeiros seis meses deste ano, 1,1 mil mortes a menos que no mesmo período de 2021;
 
- Na contramão do país, sete estados registraram alta nas mortes: Minas Gerais, Piauí, Alagoas, Pernambuco, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia;
 
- Roraima teve a maior queda: 34%
 
- Rondônia teve o maior aumento nos crimes: 24%
 
O levantamento, que compila os dados mês a mês, faz parte do Monitor da Violência, uma parceria do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
 
O estado com a maior alta de violência no primeiro semestre deste ano está no Norte: Rondônia teve um aumento de 24% nos registros. 
 
Essa variação é mais baixa que a registrada no primeiro trimestre deste ano (alta de 43%), o que significa que o ritmo da violência diminuiu entre abril e junho – mas os indicadores continuam em rumo contrário da tendência nacional de queda.
 
 
 
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Análise 
 
O professor Afonso Chagas, doutor em Ciência Política, e professor da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) explica um dos motivos do possível aumento da violência no estado.
 
“É consenso compreender a violência como resultado imediato da desigualdade social, assim como o distanciamento irresponsável do Estado na consecução de programas e políticas, já delineadas há mais de 30 anos na Constituição Federal de 1988. Além disto, é preciso ver a relação indissociável entre a violência com uma cultura e mentalidade que fomenta e lhe dá sustentação”, explicou ele. 
 
E ainda completa: “Um estudo demonstrou que em estados com uma expressão real e potencial conservadora, antidemocrática, negacionista e fundamentalista, ou seja, em estados onde o atual presidente venceu com maior número de adesão, no ranking das eleições de 2018, são estados onde foram implantados, proporcionalmente, o maior número de clubes de tiro – no caso específico: Santa Catarina (1º) e Rondônia (2º)”.
 
Para Afonso Chagas, há uma cadeia de falhas dos poderes públicos, que resultam em uma violência assustadora e que faz Rondônia aparecer no topo dos índices envolvendo assassinatos.
 
“Rondônia e Distrito Federal são as duas únicas unidades federativas que já têm lei sobre porte de armas para atirador esportivo. Assim, é importante assumir que a violência também se configura nas formas de pensar, conviver e interagir. Uma das questões sociais, por exemplo onde esta violência está intimamente correlacionada, é retratada na forma como os órgãos institucionais, atores políticos, e inclusive o Poder Judiciário, tratam os movimentos sociais, sobretudo os que lutam pelo acesso à terra”.
 
 
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O professor da UNIR destaca que também ainda há muita violência no campo, que não recebe tanta atenção das forças de segurança pública. 
 
“Dos 100 presos, em todo Brasil, relacionados aos conflitos no campo, em 2021, 76 são daqui. Dos 35 homicídios, 11 foram registrados em Rondônia. Portanto, a intensificação desta violência está ligada à causas estruturais. Aqui, a violência policial, de grandes fazendeiros e grileiros contra os que buscam o acesso à terra, sobretudo por serem em grande parte áreas públicas. Nesta leitura de cenários, há claramente quem se beneficia com esta violência, muitas vezes sob encomenda, e contando com a cultura da impunidade nestes casos”.
 
 
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Outro lado
 
Em nota, o Governo de Rondônia destacou que “vem adotando medidas necessárias para reduzir o índice de violência, a exemplo de operações policiais integradas. No período de janeiro a junho de 2022, houve mais de 90 prisões envolvendo líderes de organizações criminosas. Sendo que somente em junho, a Polícia Civil fez a prisão de 26 homicidas em operações específicas”.
 
Ainda aponta que está trabalhando para diminuir essas mortes: “Além das operações, ocorre um conjunto de fatores, como as constantes investigações, polícias trabalhando de forma integrada, intensificação do policiamento, uso da inteligência e operações integradas. Todas essas medidas resultaram, no mês de junho de 2022, em uma redução de 26% nos números de homicídios”. 
 
E encerra: “Além disso, já construímos um termo de cooperação que está sendo analisada pelo Ministério da Justiça para que possamos trabalhar com as forças estaduais e federais, para que possamos monitorar melhor as organizações criminosas”.
 
 
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