O titular da Delegacia Especializada em Homicídios e Seqüestros (DEHS), Mário César Nunes, que coordena as investigações do caso “serial killer”, pediu a quebra do sigilo telefônico da dona de casa Maria Graciema Holanda(foto à esq.), 40, presa no último sábado, depois de ter sido acusada pelo cinegrafista Antônio dos Santos, o “Tony”, 26, de ter participado do plano de seqüestro das filhas e da neta. O episódio culminou com as mortes de Maria Adelaide Soares Holanda, 19, Maria Adriana, 15, e a neta Raíssa Vitória, de um ano e dois meses, e da babá Marcela Santos, 16.
Além de querer fundamentar a participação de Graciema no caso, a polícia quer confirmar a hipótese de um suposto relacionamento amoroso entre a dona de casa e o cinegrafista, assunto já cogitado nas investigações.
Em entrevista ao Em Tempo, Graciema não só negou a participação no crime, como acusou Tony de todas as mortes. “Estou sofrendo muito. A polícia acreditou na versão desse monstro, mas, mesmo assim, acredito na Justiça. Sei que vou provar a minha inocência”, ressaltou a dona de casa, aparentando bastante nervosismo.
A informação da quebra de sigilo foi repassada pelo delegado Mário César, no início da tarde de ontem. Segundo ele, embora Tony tenha negado qualquer envolvimento com a sogra, a polícia ainda não descartou a possibilidade. Com a quebra do sigilo, a DEHS quer descobrir se ouve, de fato, a conversa entre os dois (Graciema e o cinegrafista) para combinar o tal seqüestro, como afirmou o acusado, em depoimento. As confirmações deverão ser anexadas ao inquérito policial que investiga as cinco mortes.
Graciema Holanda afirmou, ontem, em coletiva, que não queria o envolvimento da filha com “Tony”, por desconfiar que ele seria mau caráter. Ela sempre evitava o encontro do casal, por esse motivo. O cinegrafista a ameaçou dizendo que um dia ela (Graciema) iria pagar por tudo que estava fazendo com ele.
“Eu não teria coragem de fazer nada contra a minha família, amava muito minhas filhas e minha neta. Amo meu marido. Sempre estive ao lado dele e não seria cúmplice para extorquir dinheiro dele. Jamais teria coragem de traí-lo”, enfatizou a dona de casa, acompanhada da advogada Sizane Nascimento.
De acordo com a advogada, a prisão de sua cliente foi precipitada por apenas basear-se no depoimento de Tony. “Vou pedir que a prisão dela seja revogada. Ainda nem vi o mandado”, ressaltou.
Na delegacia, Graciema disse ter notado que antes do seqüestro, a babá estava se comportando de maneira estranha e, no dia do desaparecimento, ela teria saído de casa depois de as filhas e a neta terem ido à praça do São Raimundo, zona oeste, supostamente, se encontrar com Tony.
Segundo a dona de casa, no mesmo dia que houve o desaparecimento das meninas, ela foi pessoalmente à praça e falou com uma testemunha, que disse ter visto Adriana, Adelaide e Raíssa entrarem em um carro. Marcela, conforme a testemunha, teria entrado em um outro veículo. A mesma testemunha, no entanto, não soube informar qual era o modelo e nem a cor do carro que a babá teria entrado.