Famílias ignoram o crime de assédio moral cometido em escolas e faculdades – Por Paulo Ayres
Foto: Divulgação
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Uma triste realidade. O crime do assédio moral (agressões de variadas modalidades) prolifera nas escolas, principalmente daquelas localizadas em bairros periféricos. Mas quem poderia ser o principal agente de reação contra esta covardia, ignora o problema, e às vezes ainda culpa e penaliza ainda mais a vitima, no caso, crianças e jovens estudantes indefesos. Mas, até mesmo num tradicionalíssimo colégio da capital, sob os “olhares vigilantes” de muitos, os estudantes não escapam a estas práticas vergonhosas. Nas faculdades a situação também é grave e o “terrorismo” impera em alguns cursos na área da saúde.
A ocorrência de assédio moral em instituições de ensino é grave e transcende o aspecto pedagógico, acabando por envolver as áreas do direito e da saúde. Negar a ocorrência de assédio moral nas escolas e faculdades é também contribuir positivamente, lamentavelmente, para esta prática criminosa. Num clima de terror constante, será que haverá algum acadêmico disposto a correr riscos e denunciar esta covardia?
Faz-se mister salientar que esta prática criminosa sobrevive graças à omissão, prevaricação ou negligência da instituição. O medo de represálias, ou de manutenção no emprego (no caso das faculdades e escolas particulares) acabam instituindo a Lei do Silêncio.
O assedio moral é toda e qualquer conduta que pode se dar através de palavras ou mesmo de gestos ou atitudes, que traz dano à personalidade, dignidade ou integridade física ou psíquica de uma pessoa. A situação é grave e merece mesmo uma profunda avaliação não no sentido de se declarar uma “caça as bruxas”, mas de mudança de atitude.
O “pecado” da omissão é muito grave, e poderá repercutir negativamente no decorrer das atividades dos futuros profissionais. É difícil sobreviver num clima de repressão, de desrespeito, de transgressão constante.
Gritos, palavras ou posturas agressivas e de rigidez não se traduzem em cuidado dos mestres para que seus atuais alunos não venham a cometer erros no futuro. Muito pelo contrário, esses futuros profissionais devem ser permanentemente orientados que mesmo em situações adversas tenham sempre uma conduta de respeito, de solidariedade e de profissionalismo. A situação é preocupante, pois um só “Profissional” pode “assassinar” várias pessoas ao mesmo tempo.
O assédio moral pode ocorrer no seio das instituições de ensino de diversas maneiras, tanto nas relações entre professores e alunos quanto nas relações entre alunos. É claro que neste tipo de ocorrência deve ser levada em consideração que o problema consiste em duas vertentes: a ação de profissionais problemáticos e a ação daqueles que efetivamente se encontram doentes, debilitados
O objetivo do assediador no sistema educacional é motivar a sua vítima a pedir transferência, abandonar o curso, prejudicar enquanto pessoa, ou buscar através desta forma criminosa de pressão, obter outros tipos de vantagens, inclusive no tocante a relacionamento sexual.
A prática de assédio moral em estabelecimento de ensino se concretiza através dos seguintes fatores: recusa de comunicação direta; isolamento do aluno; impedimento de expressão; reprovação injustificada; imposição de condições exageradas de avaliações; delegação de tarefas impossíveis de serem cumpridas, ou que normalmente são desprezadas pelos outros; determinação de prazo desnecessariamente exíguo; não repasse de atividade; fragilização, ridicularização, inferiorização, ou humilhação pública ou não do aluno/aluna; manipulação de informações de forma a não serem repassadas com antecedência necessária; estabelecimento de vigilância específica sobre determinado aluno/aluna; comentários de mau gosto, quando da ausência do aluno/aluna; e a divulgação de boatos em sala de aula.
Em alguns casos de assédio moral no mundo acadêmico (escolar) tem se verificado a partir das tais improvisações do magistério superior. Um excelente e destacado profissional no mundo dos negócios, não se traduzirá rigorosamente num regular professor. A falta deste preparo pedagógico tem de certa forma acarretado inúmeros dissabores.
Efeitos do assédio moral no sistema educacional: queda da auto-estima; depressão; angústia; crises de choro; mal-estar físico e mental; cansaço exagerado; estresse; insônia; pesadelos; isolamento; tristeza; uso de álcool e drogas; tentativa de suicídio; diminuição da capacidade de concentração ou memorização; aumento de peso ou emagrecimento; aumento da pressão arterial e se acometido – agravamento de moléstias: surgimento de novas doenças; e sensação negativa em relação ao futuro.
O que fazer diante do problema? O asseio moral é uma agressão difícil de se provar. As testemunhas (em grande parte alunos/alunas se relacionam diariamente com o assediador ou assediadora) e acabam não querendo interferir, porque obviamente temem represálias eventuais. Assim sendo, o ônus da prova incumbe (via de regra) a quem alega ser vítima.
Desta forma ao se instalar este tipo de ocorrência a vítima deve adotar os seguintes procedimentos: colher provas; fazer anotações das citações, observando a data, local e pessoas presentes; guardar bilhetes, mensagens; guardar avaliações e trabalhos; pedir um comparativo em relação ao trabalho apresentado pelos demais colegas; solicitar por escrito o que está sendo avaliado nas questões subjetivas; e na medida do possível se relacionar com o assediador sempre em local público e preferencialmente com pessoas estranhas ao ambiente.
É importante ainda que a família da vítima esteja sendo permanente informada destas situações, até mesmo como forma de apoio e orientação.
Paulo Ayres: Jornalista, Radialista, Professor, Tecnólogo em Gestão de Recursos Humanos, Técnico Legislativo, e Especialista em Metodologia do Ensino Superior. Principais funções e cargos exercidos: Diretor de Habilitação, Medicina e Educação de Trânsito e Chefe de Gabinete – DETRAN/RO; Assessor de Imprensa da Assembléia Legislativa do Estado de Rondônia; Presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Rondônia; Presidente do Lions Clube de Porto Velho Centro; e Presidente da Associação dos Tecnólogos em Gestão de Recursos Humanos do Estado de Rondônia.
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