Na segunda e terça-feira (12 e 13), o Rondoniaovivo está na cobertura do 6º Congresso da Jeduca, rede de jornalistas especializados em cobrir a educação brasileira.
No primeiro dia dos debates, houve um grande enfoque sobre as propostas para melhorar o setor. Tanto que na mesa de abertura “Eleições 2022: a educação na disputa presidencial” foram convidados os representantes dos candidatos Luís Inácio Lula da Silva (PT), Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT). O presidente Jair Bolsonaro não enviou ninguém.
“O que está claro é um desmonte da educação no nosso país. O governo Bolsonaro é um assassino do ensino público no Brasil, seja ele do ensino básico, médio ou superior. Há recursos, mas não são bem aplicados ou nem são aplicados em diversas áreas, como em creches”, comentou Reginaldo Lopes, representante de Lula.
“Precisamos avaliar bem essa reforma do Ensino Médio. Temos certeza que temos que mudar. Está tudo muito defasado, feito de qualquer jeito. Colocar todo mundo para debater, melhorar o ensino e focar no ensino integral. Recuperar o estímulo para que crianças e adolescentes voltem a estudar. E também cuidar da saúde mental dos alunos e professores”, afirmou Rossieli Soares, representante de Simone Tebet.
“Temos exemplos que deram certo e que não deram certo no país. Precisamos também focar na qualificação dos professores, além do estímulo em sala de aula. Todos precisam estar motivados para ensinar bem as crianças e adolescentes. Na sexta-feira (16) sai o resultado do IDEB [Índice do Desenvolvimento da Educação Básica] e os resultados não devem ser animadores”, pontuou Nelson Marconi, que falou em nome de Ciro Gomes.
Suspeitas
Em seguida foi a vez dos jornalistas Breno Pires (Revista Piauí, que estava no Estado de São Paulo), Paula Ferreira (O Globo) e Paulo Saldaña (Folha de São Paulo), que atuaram no caso e descobriram provas da corrupção no Ministério da Educação, que esteve sob o comando do pastor Milton Ribeiro, que foi preso.
À época, a imprensa divulgou que Ribeiro despachava quase que diariamente com pastores evangélicos, que cobravam propina de prefeituras para terem verbas da educação liberadas.
O esquema foi divulgado pelos jornais de grande circulação, além dos detalhes revelados por meio da Operação Acesso Pago, da Polícia Federal, em junho deste ano. Esse é o maior escândalo do governo de Jair Bolsonaro (PL).
“O jornalismo resgata a sua missão mais nobre, que é a de revelar aquilo que o poder quer esconder”, aponta o repórter da Folha de São Paulo, Paulo Saldaña.
A repórter Paula Ferreira, do jornal O Globo, apontou a agressividade do governo diante dos jornalistas, fato que dificulta a coleta de informações.
“O acesso (ao governo) nunca existiu. Essa é uma prática desse governo. Quando pedimos a listagem dos acessos ao Palácio do Planalto, eles negaram. Só depois que a CGU [Controladoria-Geral da União] sinalizou que ia dar parecer favorável, o GSI [Gabinete de Segurança Institucional] liberou. Só aí soubemos que esses pastores tinham amplo trânsito e se encontraram várias vezes com Bolsonaro e ministros próximos”, destacou ela.
Para o repórter da revista Piauí e ex-Estadão, Breno Pires, a imprensa profissional foi responsável por derrubar o ministro Milton Ribeiro.
“Não foi o Ministério Público Federal nem a Polícia Federal, foi a imprensa. Tentaram nos intimidar, expondo dados da minha família, incluindo um retuíte do Carlos Bolsonaro. Mas eu não recuei. Fechei minhas redes sociais e fiquei firme. O resultado foi a tentativa da blindagem do Bolsonaro e a sangria do Milton Ribeiro. Contra fatos não há argumentos”, falou Breno.
Norte
A região Amazônica também teve seu espaço no primeiro dia de atividades do 6º Congresso da Jeduca, por meio da mesa “Educação na Amazônia: os desafios do ensino público na maior floresta tropical do mundo”, com a participação da professora Kátia Schweickardt, da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e do diretor de escola indígena próxima a Manaus (AM), Raimundo Kambeba.
Na oportunidade, os participantes falaram sobre as dificuldades de crianças e adolescentes enfrentarem horas e mais horas em barcos ou ônibus para ter acesso ao ensino na Região Norte do país, além dos desafios para dar a melhor educação, com falta de profissionais, acesso à internet, materiais (como cadernos e até lápis) e de estrutura.
*O jornalista viajou à convite da Jeduca para participar do congresso em São Paulo (SP).