Moradores do bairro Castanheira e Cidade Nova, zona Sul da capital, estão sofrendo com a baixa do lençol freático, levando membros daquela comunidade a escavarem poços próximo de um igarapé, considerado insalubre pelos próprios moradores, que se encontra ao lado da rua Geraldo Siqueira.
O estado crítico que se encontra aquele setor da cidade acabou levando a medidas extremas os moradores, que não podem fazer muita coisa a não ser tirar proveito do que a natureza pode proporcionar.
O sucateiro Cícero Quirino dos Santos, morador há mais de oito anos do bairro Castanheiras, disse à reportagem que há três meses os moradores do bairro estão sem água e há dois dias dois vizinhos se uniram para escavar um poço na parte mais baixa do bairro.
“Nós não sabemos o que fazer mais, só pedimos a Deus que chova, mas nessa época do ano está difícil. A estiagem veio forte e o calor está secando tudo”, disse Cícero, não escondendo a emoção.
O sucateiro mora as margens de um igarapé do bairro e disse para a reportagem que uma de suas preocupações são os animais que ali se encontram e que já foram avistados em algumas ocasiões, como: cobras e jacarés. Mas ainda assim, diante da dificuldade do local, Cícero disse que encontra forças para, ao menos, dar condições dignas à sua família. O autônomo tem uma esposa que é tetraplégica e um filho de 10 anos e o que consegue vender com sucatas que recolhe nas ruas investe o pouco que tem em uma pequena casa de alvenaria, localizada atrás do igarapé.
ABASTECIMENTO E PAC
Adalberto Nascimento da Silva, técnico de sistema de saneamento da Companhia de Águas e Esgotos do Estado de Rondônia (Caerd), responsável pela rede de água e esgoto da zona Sul, disse para a reportagem do Rondoniaovivo que os meses de agosto e setembro se encontram no período que mais afetam o lençol da região, provocando a escassez de água.
Relembrou ainda o contrato firmado no último dia 12 de agosto no Tribunal de Contas de Rondônia entre o Governo do Estado e o Governo Federal em relação ao Programa de Aceleração do Crescimento, que tem a proposta de construir uma rede de esgoto em Porto Velho, o que abrangeria todos os bairros, com isso o fornecimento de água naquele setor da cidade seria sanado.
De acordo com Adalberto no próximo dia 12 de setembro máquinas e homens estarão na zona Sul para executarem obras que possibilitarão 100% de abastecimento de água e rede de esgoto na área.
PLANO DIRETOR
De acordo com o relatório preliminar do Plano Diretor de Porto Velho – RO, apenas 50% da população é servida pela rede de abastecimento de água e menos de 2% dos domicílios (1,8%) estão ligados à rede de coleta de esgotos, “in natura”, no rio Madeira.
Do ponto de vista quantitativo, 50% da população utiliza o sistema de “poços amazonas” para abastecimento de água, enquanto que percentual semelhante (47%) usa fossas sépticas, 20%, fossas rudimentares e 5% lançam seus dejetos em valas, rios e outros escoadouros.
Em muitas casas dos bairros Castanheira e Cidade Nova as fossas utilizada ainda são rudimentares, tornando insalubre o igarapé que circula naquele setor e que serve de fonte de abastecimento de água para uma parte da comunidade, que necessita dela para sobreviver.