Política em Três Tempos - Por Paulo Queiroz

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Foto: Divulgação

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Engenheiros enfrentam lobby colossal para a energia do Madeira ficar também em RO 1 – ENGENHARIA CIDADÃ Permanece em aberto, a espera de que alguém da academia a investigue com projeto de tese, a questão segundo a qual, pelo menos no Brasil, entre as carreiras universitárias, as engenharias são as que permanecem formando os profissionais mais propensos à participação política - no sentido originário da expressão, ou seja, aquele que remete mais genuinamente ao espírito da “pólis” grega – é necessário que se ressalve de tão depreciadas que andam quaisquer atividades que envolvam a política. Perceptível ainda nas escolas do setor (os alunos das engenharias sempre estiveram nas vanguardas dos movimentos estudantis), o fenômeno pode ser confirmado tanto pelo que de notório tem produzido a política partidária nacional – como Leonel Brizola e Ricardo Zarattini, para ficar em dois exemplos -, mas muito mais enquanto categoria organizada, porquanto o que se tem visto com espantosa freqüência em todo o país é que, na atuação das suas entidades de classe, a abrangência de suas ações sempre extrapola a esfera das modalidades profissionais que representam. Assim, a par das suas atividades profissionais, os engenheiros brasileiros sempre podem ser encontrados em alguma trincheira da cidadania – cobrando coisas como qualidade de vida para as pessoas, respeito ao meio ambiente, distribuição justa da renda, enfim, justiça social. Como os de todo o país, o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Rondônia (Crea-RO) e o Sindicato dos Engenheiros do Estado de Rondônia (Senge-RO) estão sempre mobilizados em torno de alguma causa de interesse geral da sociedade, a mais recente esta que, embora à primeira vista possa parecer circunscrita ao universo da tecnocracia, diz respeito a todos que habitam o território rondoniense. Trata-se, leitor, de saber se, afinal, quando as usinas de Santo Antônio e do Jirau estiverem completadas, a linha de transmissão que vai transportar a energia elétrica ai produzida será de corrente contínua ou de corrente alternada. 2 – ENERGIA INÚTIL Francamente! Isso lá é questão com que se deva incomodar a cidadania? Por que raios, afinal, o considerado deveria dividir suas atenções - já para lá de reclamadas pela alta dos preços dos alimentos e pela nova CPMF - com a preocupação em saber se vai ser alternada o contínua a corrente da energia que vai transitar pelo Linhão das usinas de Santo Antônio e Jirau? Se contínua ou alternada, o que diabos essa corrente tem a ver com nossas vidas? Não há como não reconhecer como bastante pertinentes as razões dos espíritos apressados. Por aí já dá para avaliar o tamanho do desafio a que estão se impondo o Crea-RO e o Senge-RO por intermédio dos engenheiros Ronaldo Ferreira da Silva, o coordenador do que está sendo chamado de “Campanha – LTCA” (Linha de Transmissão Corrente Alternada), e José Ezequiel Ramos, o secretário-geral do sindicato. Ou seja, se nem a inflação batendo à porta e a mão do governo ameaçando ir mais fundo no bolso do povo são capazes de tirar o sossego do pacato cidadão, não será mesmo fácil fazê-lo, primeiro, tomar partido e, depois, mobilizar-se por uma causa tão singular. Mas vamos em frente. Pelo nome da campanha o leitor já deduziu que esse movimento está sendo organizado para postular a corrente alternada como opção para o transporte da energia produzida no Madeira. Isto porque, embora no bloco anterior tenha se levado o caso ao condicional, na verdade já se sabe que, se tudo ocorrer como está previsto nos projetos, a energia produzida no Madeira vai ser transmitida, de Porto Velho aos quintos dos infernos, por corrente contínua. Como todo o sistema elétrico nacional opera com corrente alternada, isso significa que, enquanto não chegar ao seu destino, lá pelos ermos dos Avernos, onde uma enorme subestação a transformará na modalidade alternada, essa energia não poderá ser utilizada. Na prática isso quer dizer o seguinte: o Estado será cortado de uma ponta a outra por um linhão de onde não se poderá puxar um fio para acender uma lâmpada. 3 – LOBBIES COLOSSAIS De acordo com o pessoal do Crea-RO e do Senge-RO – em cuja cruzada já se encontra alistada a Associação de Defesa do Consumidor Proprietário e Usuário de Veículo Automotor (Adecon-Puva) – isso irá prejudicar irremediavelmente o desenvolvimento de Rondônia, porquanto a inserção regional ao crescimento do país ficará dependente da construção de outro sistema em corrente alternada ou do reforço do sistema existente. Para se ter uma idéia, até o crescimento que resultará da própria construção de Santo Antônio e Jirau, por envolver cada vez mais a atual oferta de energia na medida em que as obras avançarem, estará comprometido no final, não bastasse o impacto que a conclusão do empreendimento provocará. Dado que, com a corrente contínua, o desastre é anunciado, por que não projetar logo o Linhão para corrente alternada? Aí é que a porca torce o rabo. Quando não há como engrossar o pirão é porque a farinha que está a lhe faltar está sendo reclamada por pratos mais requintados. Interesses, leitor, poderosíssimos e da pior espécie, porque difusos. Claro que os consórcios interessados em abocanhar a bufunfa de U$ 7,2 bilhões (custo estimado do Linhão) têm argumentos para justificar a opção. Diz-se que os custos são menores e elevada a economia de energia degradada no processo de transmissão – perde-se menos energia com a corrente contínua, mormente nas longas distâncias. Ocorre que nem a indústria nacional e nem muito menos os recursos humanos tapuias dominam a tecnologia que envolve a corrente contínua. Tudo – equipamentos e mão de obra – terá que ser importado de países como Suécia, Alemanha e Inglaterra. Teria Rondônia cacife para encarar o poder de lobbies tão poderosos? Na década de 90, ao constatar que, com a corrente contínua, o Linhão Norte-Sul apenas passaria por cima do Estado, a população do Tocantins ameaçou botar abaixo as torres do sistema e virou o jogo. O pessoal do Crea-RO, do Senge-RO e Adecon-Puva espera fazer o mesmo sem ter que chegar a tanto.
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