O deputado estadual Alex Testoni foi ao programa de rádio a Hora do Povo e, durante a entrevista, teria dito que colegas de parlamento estariam querendo meter a mão na cumbuca do dinheiro da Assembléia Legislativa, sem pedir licença ou autorização.
Antes, porém, o governador Ivo Cassol já havia cantado a pedra, quando afirmou, também durante entrevista a mesma emissora de rádio da capital, que deputados estavam querendo reviver o passado.
Nesse caso, passado, sem nenhum eufemismo, significaria peculato, formação de quadrilha, falsidade ideológica, dentre outros escândalos cabeludos, que marcaram a administração passada?
Depois, Testoni, num desses arroubos demagógicos, teria ameaçado divulgar uma lista com os nomes dos eventuais ladravazes do erário. Em vez disso, fechou-se em casulo. Não disse uma só palavra.
Acusam-no, entretanto, de vazar uma lista com nomes de servidores e ex-servidores da Casa, os quais teriam percebido indenizações indevidas. O deputado, é claro, nega a pecha de alcagüete que alguns tentam impingi-lo.
Agora, como que num passe de mágica, Testoni vem a público, e, sem nenhum constrangimento, afirma que “a casa está unidade”. E que a limpeza já foi realizada. Que limpeza, deputado, se a população ainda não sabe que são os ditos ladrões? O que teria causando essa mudança radical no comportamento do nobre parlamentar é um mistério.
É por isso, que muita gente não mais acredita nos políticos, na política e nos partidos. A atividade política está longe de produzir em benefício do povo os frutos desejados.
A cada dia, no entanto, o povo se está sentido desprezado, ridicularizado, humilhado, aviltado nos seus direitos e abandonado à própria sorte pelos que deveriam representá-lo, nos palácios e nas casas legislativas, com as devidas exceções.
Políticos e dirigentes públicos precisam atentar para essa realidade perigosa e procurar, urgentemente, novos caminhos e forma de atuação, para garantir o bem-estar do povo, com justiça social.
Os nossos deputados, sobretudo os marinheiros de primeira viagem, precisam tirar dos episódios condenáveis, que marcam a administração anterior, lições que os orientem no desempenho de suas atribuições, porque a população está com a paciência saturada com tantos salamaleques, discursos moralistas e poses quixotescas.
A atual legislatura não pode pretender revigorar os males crônicos e a falta de ética, que, em passado recente, enxovalharam a imagem da Assembléia Legislativa, levando-a ao descrédito popular. Hoje, nenhuma instituição pública rondoniense é mais desacredita e desrespeitada do que a ALE.
Os fatos em curso mostram que o Poder Legislativo ainda não acordou. Pelo contrário, permanece em berço esplêndido. E que a tão decantada moralidade pública ainda não cruzou as fronteiras da demagogia para o campo fértil da ação.