*Para o general Cláudio Barbosa de Figueiredo, ex-chefe do Comando Militar da Amazônia (CMA), a forma como aconteceu a homologação da reserva indígena Raposa Serra do Sol, afronta a soberania brasileira, além de impor, criminosamente, um modelo de vida aos índios que nela habitam, por não observar o que a maioria gostaria.
*Na análise dele, o governo Lula insistiu em adotar, de maneira equivocada, política uniforme para situações adversas, referindo-se à diferença entre as etnias das reservas Yanonami e Raposa Serra do Sol. “Não se observou estudo de caso para definir se a vontade dos indígenas seria pela integração com outros povos ou pela segregação”.
*Cláudio Figueiredo afirmou que dois terços dos índios da Raposa Serra do Sol pleitearam, em reuniões das comissões do Congresso e do Judiciário, a demarcação em ilhas e a manutenção do convívio com os brancos, algo que se contrapõe, por exemplo, ao que deseja o Yanonami, onde o isolamento se manteve enraizado na sua cultura.
*Ele acredita que a conseqüência do bloqueio na integração com outros povos aos índios não primitivos, sem consultá-los antecipadamente, provocará evasão e redução de qualidade de vida. “Serão submetidos, obrigatoriamente, à tutela da Funai, que não tem demonstrado competência para conduzir políticas que atendam aos seus anseios”, salientou.
*O general acusou entidades estrangeiras de patrocinar a “satanização” do Brasil, fazendo-o parecer incompetente para gerir políticas na Amazônia, incluindo as questões indígenas e ambientais, para justificar ou pelo menos induzir a intervenção externa, seja de forma direta ou indireta, aproveitando a brecha deixada pelo Estado brasileiro.
*RESERVAS – Cláudio Figueiredo acredita que a expansão territorial de reservas indígenas nos Estados da Amazônia, não visa o bem-estar dos índios, mas os interesses internacionais “escusos” sobre as riquezas da região Amazônica. “A disparidade na densidade demográfica com o restante do Brasil beira o absurdo”, disse. (Veja mapa)
*Para o general, a competência em definir as reservas deveria ser transferida do Executivo ao Congresso, onde acredita que haveria maior “blindagem” às pressões externas. O modelo restrito a “meia dúzia de pessoas”, envolvendo a Funai, o Ministério da Justiça e a Presidência da República gera “discrepância” entre o adequado e o realizado.