Ponte Invertida da Madeira-Mamoré - Por Aleks Palitot
Foto: Divulgação
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A palavra Ponte provém do Latim Pons que por sua vez descende do Etrusco Pont, que significa "estrada". Em grego πόντος (Póntos), derive talvez da raiz Pent que significa uma ação de caminhar.
Desde tempos remotos que o Homem necessita de ultrapassar obstáculos em busca de alimento ou abrigo. As primeiras pontes terão surgido de forma natural pela queda de troncos sobre os rios, processo prontamente imitado pelo Homem, surgindo então pontes feitas de troncos de árvores ou pranchas e eventualmente de pedras, usando suportes muito simples e traves mestras.
Com o surgimento da idade do bronze e a predominância da vida sedentária, tornou-se mais importante a construção de estruturas duradouras, nomeadamente, pontes de lajes de pedra. Das pontes em arco há vestígios desde cerca de 4000 a.C. na Mesopotâmia e no Egito, e, mais tarde, na Pérsia e na Grécia (cerca de 500 a.C.).
A mais antiga estrutura chegada aos nossos dias é uma ponte de pedra, em arco, situada no Rio Meles, na região de Esmirna, na Turquia, e datada do século IX a.C.
Em Rondônia as primeiras pontes foram construídas durante a epopeia e a aventura das empreiteiras na Amazônia. Durante a construção da ferrovia Madeira-Mamoré (1907-1912), as pontes e pontilhões instaladas ao longo do trecho férreo foram importados dos Estados Unidos, fabricados pela Chicago Iron Works em forma de “kits” com tamanhos e comprimentos pré-determinados, utilizando-se o sistema de rebitagem. Constituem exemplos de engenharia de grande avanço tecnológico da época, assim como quase tudo o que envolveu a construção e as condições geofísicas para aquela realização. Tecnicamente representam a incorporação da melhor engenharia do início do século XX na região de Rondônia.
As características básicas dessas pontes são a treliça metálica de grandes proporções composta por peças perfiladas e rebitadas nas junções e articulações. A ponte invertida é obra de criatividade e engenhosidade dos responsáveis pela construção da ferrovia. A ponte destinada ao trecho de Jaci-Paraná segundo Hugo Ferreira (1969), teria afundado com o navio Metrópolis nas proximidades das Antilhas, e sendo necessário alteração do planejamento dos engenheiros, que destinaram a Ponte que seria para Mutum-Paraná ao local do km 90 em Jaci.
Por isso, foi necessário, uma adaptação no trecho do Rio Caracol no km 78,3. Algumas pontes teriam sido remanejadas com intuito de manter o avanço da linha férrea e o cumprimento de prazos. Enfim, a surpreendente Ponte Invertida do Rio Caracol, possui arco virandel invertido, isto é, sem a passarela de rolamento, o que entendemos ser uma proteção lateral da ponte para a segurança da passagem da locomotiva. Eles adaptaram a ponte, os trilhos passam por cima, numa tentativa de usar o arco da mesma como forma de sustentação e maior estabilidade da estrutura.
Essa ponte é incrivelmente segura, depois de 100 anos continua de pé, firme e segura. Pude conferir de perto a mesma depois de 1 hora percorrendo de kaiak o rio Caracol a partir da margem do mesmo no trecho da BR 364 km 70.
Ela é sinônimo de história e pioneirismo, símbolo de um legado de homens que enfrentaram a Amazônia no início do século XX para construir um sonho, que ao passar do tempo, cada vez é ameaçado, pelo abandono e falta de política de preservação do patrimônio histórico.
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