A atriz pornô Kagney Linn Karter morreu aos 36 anos nesta quinta-feira (15), nos Estados Unidos — a polícia local considera a possibilidade de suicídio. A notícia chega semanas após as mortes das também atrizes pornô Jesse Jane e Thaina Fields, em janeiro deste ano.
Jane, que ganhou fama nos anos 2000, foi encontrada morta em sua casa, em Oklahoma. Ainda sem causa de morte definida, a perícia trabalha com a hipótese de overdose. Já Fields morreu no Peru, meses depois de fazer críticas à indústria pornô. O motivo de sua a morte também segue indefinido.
Por trás das câmeras
Um estudo publicado em 2012 no “Journal of Sex Research” aponta ser inconsistente a ideia de que, entre estrelas pornô, existe maior índice de abuso sexual infantil e problemas psicológicos em comparação com mulheres de outras profissões.
Ao mesmo tempo, a pesquisa — que comparou 117 atrizes com mulheres da mesma idade, etnia e estado civil —, indica que as profissionais do setor têm maior probabilidade de já terem ingerido ao menos dez tipos de droga e começado a vida sexual precocemente.
Em 2018, a morte de cinco atrizes famosas num intervalo de apenas três meses repercutiu mundialmente e trouxe à tona uma série de denúncias, críticas e discussões sobre pornografia.
Na época, uma atriz chamada Ruby disse à “Rolling Stone”: “Na minha opinião, [os produtores e empresários] realmente não se importam se morremos ou não. Provavelmente vou pegar um pouco pesado aqui, mas esta é a verdade: eles preferem que morramos, porque assim podem ganhar dinheiro conosco para sempre”.
Em 2021, Lana Rhoades, ex-atriz pornô, contou no podcast “Girls 1 Kitchen” que saiu do setor porque adquiriu “cicatrizes psicológicas” como depressão e pensamentos suicidas.
“[Os agentes] não se importam com as garotas, só querem agradar os produtores e as agências. São homens de 40 a 60 anos que estão na indústria há 20 ou 30 anos. Eles sabem como manipular meninas de 18 a 20 anos para que façam as coisas.”
A cultura do pornô
Autora da dissertação de mestrado “(Des)construindo performances: O feminino como sujeito na pornografia feminista”, Thais Faria de Castro avalia que os filmes pornô mainstream (convencionais) reproduzem e contribuem para a “manutenção do machismo, da hegemonia masculina”.
Ela crê que o trabalho como atriz pornô pode ter efeito nocivo na saúde das atrizes e cita “a perspectiva de desumanização das pessoas que trabalham com pornografia”.