Militares da ditadura do Chile têm luxo em prisão diferentona

Militares vivem uma vida de luxo no presídio Punta Peco

Militares da ditadura do Chile têm luxo em prisão diferentona

Foto: Divulgação

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Um local com acesso a quadra de tênis, sala com TV e área verde com espaço privativo. Esse não é um novo empreendimento imobiliário, mas uma polêmica prisão chilena. Com a eleição para presidente no Chile, grupo defende o fechamento do presídio de Punta Peuco, que abriga militares envolvidos em crimes contra os direitos humanos durante a ditadura de Augusto Pinochet, antes do fim do mandato de Michele Bachelet. O local se difere do restante do sistema carcerário por propiciar diversas mordomias aos condenados.
Punta Peuco é um presídio situado em Til Til, ao norte da região metropolitana de Santiago e foi inaugurado em 1995 para abrigar condenados por violações de direitos humanos durante a ditadura de Augusto Pinochet (1970-1993). A cadeia conta com 138 presos, todos eles condenados por tortura, envolvimento em desaparecimento, execução ou outro tipo de crimes praticados durante a ditadura no Chile entre 1970 e 1993.
O presídio tem vantagens especiais em comparação ao resto do sistema penitenciário do Chile. As celas são maiores que o habitual. As celas de Punta Peco são de 6x6 metros, habitualmente tem só um preso, algumas podem chegar a ter dois. Em comparação, o Instituto Nacional dos Direitos Humanos (INDH) denuncia que muitos presos não têm uma cama própria em outros presídios do sistema carcerário chileno. O informe mais atual se refere, por exemplo, ao presídio do Alto Hospicio, onde tem 150 presos ao invés dos 50 de capacidade. No local tem até 5 pessoas dormindo na mesma cama sem colchão nem lençóis, e devem comer com as mãos por falta de pratos.
O presídio de Punta Peuco tem pátio privativo para receber visitas, um local junto às celas que foi financiado com dinheiro dos presos e que conta com área verde, como mostram imagens de relatório do INDH. Outras mordomias são quadra de tênis, mesas de pingue-pongue e áreas comuns com televisão que os internos podem frequentar quando eles quiserem trancando inclusive a porta das próprias celas.
Diversas associações de direitos humanos entendem que os presos deveriam ficar nos presídios comuns e acabar com seus privilégios. "Os militares mantêm sua patente e status, têm regime de visitas permanente, têm quarto com banheiro e pátio privativos...o governo não está cumprindo seu compromisso com os direitos humanos ao manter o presídio funcionando", diz Alicia Lira, presidente da Associação de Familiares de Executados Políticos, ao UOL.
Raúl Meza, advogado de defesa dos presos de Punta Peuco, afirmou que tem informes psicológicos e geriátricos que alertam do risco à vida dos internos no caso de eles serem transferidos a outra prisão. A maioria dos militares da prisão, segundo ele, são idosos e sofrem doenças graves decorrentes da idade. Os presos seriam doentes mentais, crônicos e terminais.
Não há informações públicas sobre quais presos já receberam benefícios e cumprem regime semi-aberto. A maioria dos presos está acima dos 50 anos e não são condenados apenas por um só crime.
Os familiares das vítimas da ditadura ainda não foram informados sobre a data do fechamento. O ministro de Justiça Jaime Campos declarou recentemente que o projeto está sendo estudado mas "não há nenhuma resolução".
Bachelet teria prometido o fechamento da prisão Punta Peuco em agosto de 2015 em reunião privada com Carmen Gloria Quintana, queimada viva por militares durante um protesto durante a ditadura. "Alguém escutou a Presidente da República dizer que vai fechar Punta Peuco? Eu nunca escutei", afirmou Campos.
A atual presidente de Chile, Michelle Bachelet, em julho deste ano, disse que "iria cumprir todas as promessas que eu fiz e que estão na minha mão cumprir". O mandato de Bachelet termina em 11 de março do próximo ano.
"Para os familiares dos presos desaparecidos e dos executados políticos é muito importante o fechamento do presídio de Punta Peuco. É importante saber que o fechamento do presídio é uma competência exclusiva da Presidente da República", diz Lira.

O segundo turno da eleição presidencial será disputado entre Sebastián Piñera e Alejandro Guiller no próximo 17 de dezembro. Piñera já manifestou reservas ao fechamento: "É preciso um cárcere especial para presos das Forças Armadas" disse em entrevista dada em agosto. 

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