Folha de S. Paulo apura criação de partido político pela Igreja Universal
Foto: Divulgação
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*A Folha apurou que as assinaturas necessárias para a criação do novo partido (cerca de 400 mil) foram colhidas nas portas de templos da Universal, ao final de cultos. A empreitada é dirigida atualmente pelo pastor Vitor Paulo Araújo dos Santos, ligado à igreja.
*Santos aparece como requerente do registro provisório do Partido Municipalista Renovador em dois pedidos feitos a Tribunais Regionais Eleitorais em 2004 a que a Folha teve acesso --de São Paulo e de Roraima. Assessores do pastor em São Paulo, procurados pela reportagem, afirmaram que Santos é o "presidente" do PMR --que, no entanto, ainda não teve pedido de registro feito ao Tribunal Superior Eleitoral.
*Um político ligado ao PL e à Universal afirma que o partido "cresceu com a entrada da igreja", mas que, depois do inchaço da sigla após a vitória de Lula (elegeu 26 deputados, e agora tem 46), "o PL já pode prescindir da Universal". Politicamente, o partido está maior que a força política da igreja, analisa. Dos 18 deputados eleitos vinculados à Universal, nove pertenciam ao PL.
*O partido começou a ser organizado em 2003 pelo deputado federal Carlos Alberto Rodrigues (PL-RJ), ex-bispo da Universal, que se afastou da função após deixar o comando político da igreja, em 2004. Rodrigues foi afastado pela Universal após ser divulgado que havia feito indicações para a Loteria do Estado do Rio de Janeiro quando a autarquia era presidida pelo ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Presidência Waldomiro Diniz --acusado de extorsão e tráfico de influência.
*O crescimento do PL (que abriga o maior número de deputados ligados à igreja), que teria diminuído o poder de influência da Universal na sigla, e as resistências de outras legendas a aceitarem seus candidatos estão entre as causas apontadas para a criação da nova sigla.
*Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL, diz ter sido avisado por Rodrigues. "O bispo Rodrigues começou [a criação]. Ele me falou: "Tenho que fazer um partido". E eu falei: "Tem mesmo, senão o sr. não vai mais conseguir eleger o seu pessoal". Tem que ter um partido de apoio para ter o que oferecer aos outros partidos, senão não vão aceitar vocês mais", afirmou Costa Neto.
*Segundo Costa Neto, políticos da denominação "já não estão encontrando lugar" entre os partidos, embora diga que são bem-vindos no PL. Os parlamentares da Universal muitas vezes defendem "os interesses da igreja" e não dos partidos a que estão filiados, diz ainda o presidente do PL.
*Segundo um político próximo à Universal, a idéia é que o novo partido faça uma "engenharia política" para atrair outros segmentos da sociedade.
*A antropóloga Clara Mafra, professora da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e assessora do Censo 2000 do IBGE para religião, diz que, caso o partido se restrinja à vinculação com a Universal, estará "fadado ao fracasso". Uma instituição de cunho político, diz, "deve ser uma representação alargada da sociedade".
* O resultado da enquete não tem caráter científico, é apenas uma pesquisa de opinião pública!