LAVA JATO - PF deflagra 27ª fase e cumpre 12 mandados
Foto: Divulgação
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A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta sexta-feira (1º/4), a 27ª fase da Operação Lava-Jato, apelidada de “Carbono 14”. A apuração está voltada a aprofundar a investigação sobre a lavagem de R$ 6 milhões provenientes do Banco Schahin em benefício do Partido dos Trabalhadores (PT), valores que, ao fim, foram pagos com recursos da Petrobras, de acordo com o Ministério Público Federal (MPF).
Um empréstimo no banco foi obtido pelo pecuarista José Carlos Bumlai, que admitiu ter feito a operação em nome do partido. O financiamento foi feito em outubro de 2004, no valor de R$ 12 milhões. Desse total, R$ 6 milhões foram parar nas mãos do empresário de transporte de Santo André (SP) Ronan Maria Pinto.
“O mútuo, na realidade, tinha por finalidade a ‘quitação’ de dívidas do Partido dos Trabalhadores e foi pago por intermédio da contratação fraudulenta da Schahin como operadora do navio-sonda Vitória 10.000, pela Petrobras, em 2009, ao custo de US$ 1,6 bilhão”, afirma o Ministério Público. “Esses fatos já haviam sido objeto de acusação formal, sendo agora foco de uma nova frente investigatória.”
A Polícia Federal (PF) mobiliza 50 homens hoje para cumprir 12 mandados judiciais expedidos pelo juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sérgio Fernando Moro. São oito ordens de busca e apreensão, duas de prisão temporária, por cinco dias, e duas de condução coercitiva, quando o investigado é isolado dos demais e levado de maneira forçada para prestar depoimento, ocasião em que pode prestar esclarecimentos ou não. As ações ocorrem no estado de São Paulo, na capital e nas cidades de Carapicuíba, Osasco e Santo André.
O nome da operação, “Carbono 14”, é uma referência aos métodos usados para datação de itens e a investigação de fatos antigos.
Transporte
Segundo a apuração do grupo de trabalho da PF e da força-tarefa do Ministério Público na Lava-Jato, evidências mostram que o PT influenciou o banco Schahin a liberar o empréstimo em nome de Bumlai. “Para chegar ao destinatário final, Ronan Maria Pinto, os investigados se utilizaram de diversos estratagemas para ocultar a proveniência ilícita dos valores e a identidade do destinatário final do dinheiro obtido na instituição financeira”, narra a Procuradoria da República no Paraná. “Há provas que apontam para o fato de que a operacionalização do esquema se deu, inicialmente, por intermédio da transferência dos valores de Bumlai para o Frigorífico Bertin, que, por sua vez, repassou a quantia de aproximadamente R$ 6 milhões a um empresário do Rio de Janeiro envolvido no esquema.”
O empresário do Rio fez transferências para a Expresso Nova Santo André, empresa de ônibus de Ronan, além de outras pessoas e empresas indicadas por ele. Uma dessas indicações foi o controlador do jornal Diário do Grande ABC. O pagamento foi de R$ 210 mil em 9 de novembro de 2004. O jornal estava sendo vendido para Ronan justamente em parcelas desse valor. “Suspeita-se que uma parte das ações foi adquirida com o dinheiro proveniente do Banco Schahin”, diz o Ministério Público.
Delúbio em reunião
A operação, conforme relatos do delator e sócio do banco Schahin, o empresário Salim Schahin, teve a participação do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, que foi levado por Bumlai a uma reunião antes de fechar o empréstimo. De acordo com a Procuradoria, “outras pessoas possivelmente envolvidas na negociação para a concessão do empréstimo fraudulento pelo Banco Schahin também são alvo da operação realizada hoje”. Diz o MPF: “As pessoas cuja prisão foi determinada já tiveram prévio envolvimento com crimes de corrupção.”
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