Missão internacional expressa consternação sobre Urso Branco em relatório preliminar - Por Paulo Queiroz

Missão internacional expressa consternação sobre Urso Branco em relatório preliminar - Por Paulo Queiroz

Missão internacional expressa consternação sobre Urso Branco em relatório preliminar - Por Paulo Queiroz

Foto: Divulgação

Receba todas as notícias gratuitamente no WhatsApp do Rondoniaovivo.com.​

Política em Três Tempos

 

1 – MISSÃO IAPL

Saiu o relatório preliminar da missão confiada à Associação Internacional de Advogados do Povo (IAPL – sigla inglesa de “International Association People's Lawyers”) pelas organizações brasileiras Núcleo dos Advogados do Povo (NAP) e Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos (Cebraspo) e que, entre os dias 29 de novembro e 04 do mês em curso, esteve em Porto Velho investigando casos de violação aos direitos humanos entre trabalhadores rurais sem terra e os encarcerados no presídio Urso Branco.

“Preliminarmente, a Missão quer expressar sua consternação sobre a situação de direitos humanos em Rondônia. Ainda que o Estado brasileiro tenha sido responsabilizado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos pelo massacre de Corumbiara e (advertido) sobre as condições carcerárias do Urso Branco, as violações aos direitos humanos continuam sendo praticadas”, estabelece logo de saída o documento no tópico intitulado “Conclusões e Recomendações Iniciais”.

Como se recorda, a IAPL é uma federação de advogados, juristas, estudantes e trabalhadores da área jurídica, fundada em 2000, por 26 membros de 10 países: Afeganistão, Bélgica, Colômbia, Grécia, Índia, México, Nepal, Holanda, Filipinas e Turquia. Novos membros do Brasil e da Inglaterra uniram-se depois à IAPL, enquanto advogados do Canadá, Congo, Cuba, Alemanha e Espanha têm participado como observadores ou convidados.

No período em questão, uma dezena deles aportou na capital rondoniense onde participou do seminário “A Violação dos Direitos no Brasil e na América Latina”, organizado do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal de Rondônia (Unir), e investigou uma pá de denúncias sobre a crescente criminalização da luta camponesa na região e as violações dos direitos humanos em geral.

“A delegação, no momento, está processando toda a informação, materiais e dados que reuniu e ainda receberá. A Missão irá considerar e levar em conta tudo isso e incluirá no Relatório Final”, diz o documento.

2 – PELO INTERIOR

De qualquer modo, já dá para ter uma idéia do que virá a partir das recomendações preliminares que estão sendo divulgadas. Em Porto Velho, a delegação da IAPL “visitou o presídio Urso Branco, onde se encontrou com o seu Diretor e Vice-diretor, o juiz da Vara de Execuções Penais de Porto Velho, Sérgio William Domingues Teixeira, e o camponês José Gonçalves Filho. Durante a visita, o grupo teve conversações muito interessantes e reveladoras com muitos detentos, dentro e fora de suas celas, e uma entrevista particular com Gonçalves Filho. Esta visita foi seguida por um encontro com advogados do povo de Porto Velho, que partilharam suas experiências e desafios assumindo casos e questões locais”, relata o documento.

Em Buritis, “a delegação também visitou a rádio local Brasil FM, onde os membros explicaram os objetivos da Missão e suas impressões. Depois, (os representantes da IAPL) encontraram-se com o delegado de polícia de Buritis, Iramar, quando expressaram suas preocupações a respeito dos direitos humanos dos presos. A delegação ficou chocada por ter subitamente constatado uma mulher grávida algemada na grade da delegacia, e deixada sentada no chão do corredor da prisão por muitas horas”, prossegue o relato.

Na área rural, “a delegação passou a tarde e noite em solidariedade com os camponeses pobres, na sua área em Jacinópolis, e falou profundamente com Gilson, filho de José Gonçalves Filho. Muitos camponeses também tomaram a palavra e partilharam com a delegação suas experiências e muitas violações dos seus direitos”, informa o documento.

Saindo de Jacinópolis, a delegação visitou a cadeia de Ariquemes, onde falou com quatro camponeses detidos, “um dos quais foi severamente torturado durante sua prisão”. Depois de mencionar a participação no seminário do DCE da Unir, a missão da IAPL “terminou com um encontro final com o juiz Sergio William, que forneceu seu relatório e recomendações apresentadas às autoridades brasileiras sobre o presídio Urso Branco”.

3 – OUTROS RELATOS

Entre os principais trechos do documento, alguns destaques são os que se seguem: “A delegação quer expressar sua preocupação sobre as condições carcerárias nas prisões de Rondônia, a repressão de camponeses pobres e as condições de trabalho dos advogados do povo. Nossos colegas advogados falaram das dificuldades experimentadas na pratica da profissão”.

“Um de nossos colegas, Ermógenes Jacinto de Souza – que trabalha em defesa do povo pobre, tem sido gravemente ameaçado e obstaculizado em seu trabalho. Expressamos nossa preocupação com o fato de que um advogado trabalhando pelo interesse do povo seja acusado de desacato por exercer sua profissão. A delegação espera que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) leve em consideração nossa preocupação com advogados que estão assumindo casos de camponeses pobres encarcerados”.

“Enquanto o governo brasileiro não toma nenhuma ação decisiva para resolver o tremendo problema da falta de terra para o povo pobre, há relatórios creditáveis e indicações de que oprime aqueles que lutam por um direito básico que e a posse e uso da terra. O problema da terra em Rondônia e a principal fonte da desigualdade social, desemprego e pobreza”.

“As recomendações feitas pela Corte Interamericana sobre as questões do Urso Branco e das vitimas de Corumbiara devem ser imediatamente implementadas e as violações aos direitos humanos que estão ocorrendo no Estado de Rondônia devem terminar.”

“A delegação espera que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), organizações de direitos humanos e indivíduos preocupados levem em conta nossa preocupação com os casos dos camponeses presos como acima mencionado”.

“A Missão clama pelo respeito aos direitos humanos dos camponeses pobres em Rondônia e em outros locais semelhantes. A Missão urge que passos sejam dados para proteger advogados e outros defensores dos direitos humanos envolvidos em ajudar e defender o povo pobre de ameaças e perseguições e outras violações aos direitos humanos.” É isso.

Direito ao esquecimento

A política de comentários em notícias do site da Rondoniaovivo.com valoriza os assinantes do jornal, que podem fazer comentários sobre todos os temas em todos os links.

Caso você já seja nosso assinante Clique aqui para fazer o login, para que você possa comentar em qualquer conteúdo. Se ainda não é nosso assinante Clique aqui e faça sua assinatura agora!

Na sua opinião, qual companhia aérea que atende Rondônia presta o pior serviço?
Você ainda lê jornal impresso?

* O resultado da enquete não tem caráter científico, é apenas uma pesquisa de opinião pública!

MAIS NOTÍCIAS

Por Editoria

PRIMEIRA PÁGINA

CLASSIFICADOS veja mais

EMPREGOS

PUBLICAÇÕES LEGAIS

DESTAQUES EMPRESARIAIS

EVENTOS