Ao dizer-se candidata ao governo Fátima Cleide deixa Sobrinho e todos outros para trás – Por Paulo Queiroz

Ao dizer-se candidata ao governo Fátima Cleide deixa Sobrinho e todos outros para trás – Por Paulo Queiroz

Ao dizer-se candidata ao governo Fátima Cleide deixa Sobrinho e todos outros para trás – Por Paulo Queiroz

Foto: Divulgação

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Política em Três Tempos
 
1 – CANDIDATURA DO PT
 
“Eu sou candidata ao governo do Estado de Rondônia.” Impossível negar à senadora Fátima Cleide (PT) a enorme capacidade de formular uma declaração com maior clareza, precisão e fundamentos. Para quem não tomou conhecimento, a frase aí aspada é dela e foi disparada na quinta-feira (23), em São Paulo (SP), onde se encontrava dando uma demão ao seu partido na tentativa juntar os cacos da candidatura de Marta Suplicy à Prefeitura do lugar (malograda no domingo seguinte). Foi dita durante entrevista à publicação de Internet “A Capa”, site que concentra textos focados na temática GBLT. Formulada como está e consideradas as principais variáveis do contexto, é uma proposição indestrutível quanto à verdade lógica que expressa por qualquer ângulo que se tente interpela-la. Senão vejamos:
 
Repare o leitor que, não obstante a entrevistada ter respondido a uma pergunta que se apresentou formulada com remissão a 2010 (faltou informar isso no parágrafo anterior), a senadora Fátima Cleide não diz: “Sim, eu serei candidata... etc.” Ou seja, em que importe o ano de 2010 ter sido explicitado na pergunta, tampouco ela considera a remissão. Não diz, por exemplo: “Sim, em 2010, eu vou disputar o governo... etc.” Até porque, a rigor, ser-lhe-ia impossível até mesmo saber se em 2010 o mundo já não terá acabado, a petista enfrenta a questão respeitando rigorosamente todas as possibilidades que, neste momento, lhe são factíveis.
 
Significa que para se dizer, reportando-se a 2010, a mesma coisa que a senadora Fátima Cleide disse, com a mesma clareza, precisão e fundamentos, ter-se-ia que fazer ressalvas, muitas ressalvas. Que podem ser resumidas na alternativa: “Sim, caso tudo permaneça como está, em 2010 eu serei candidata... etc.” O condicional aí introduzido, porém, enfraquece o discurso – o que resulta em péssimo negócio em se tratando de política. Em sendo assim, depois de avaliar a cartas que estão na mesa, ela sequer titubeou: Eu sou é candidata ao governo e ninguém tasca.
 
2 – MELHORES CHANCES
 
Avalie também o leitor as cartas que estão na mesa e recorra aos cálculos que lhe aprouver - aí incluídos os recomendados pela “Teoria dos Jogos” aplicados à política. Até onde a vista alcança, ser-lhe-á impossível chegar à outra conclusão que não a de que as contas da senadora estão absolutamente corretas. Eis que, do baralho em questão, duas cartas revelam-se ameaçadoras à petista interditando-lhe probabilidades encorajadoras para dizer “eu sou candidata à reeleição”.
 
Como até os bagres ameaçados do Madeira se atrevem a prognosticar, os candidatos ao Senado com as maiores chances de abocanhar as duas vagas que estarão sendo disputadas em 2010 são o senador peemedebista Valdir Raupp (que não cansa de confirmar a candidatura à reeleição) e o governador sem partido Ivo Cassol (cujo anúncio no sentido de pendurar as chuteiras não passa de uma alegoria reiteratória). Adiante-se que o fato de não se ter saído tão bem na eleição recente significa nada para Cassol. É só lembrar 2004 e 2006.
 
Ciente de que enfrentar esses peões montados em tais appaloosas é cavalgar pangaré, a senadora certamente terá considerado mais prudente sequer entrar nessa raia. Alguém, no entanto, poderá objetar que, em vez de declarar-se candidata ao governo, a petista bem que poderia dizer que tentará uma das oito vagas da Câmara dos Deputados. Afinal, são oito chances. Mais uma vez os cálculos da senadora indicaram-lhe a estratégia mais favorável.
 
Ninguém sabe dos náufragos que pereceram em catraias. Mas até hoje se fala nas vítimas do Titanic. Uma coisa é perder uma eleição para a Câmara dos Deputados. Outra é fazê-lo disputando a mais elevada magistratura do Estado. Ademais, depois de ter transitado no centro de decisões do país com assento no Senado da República, sair daí mesmo para ganhar uma eleição para a Câmara já é perder substância. E aqui, então, a derrota é morte política quase certa. O “sou candidata ao governo”, portanto, significa melhorar as chances de manter-se politicamente viva na pior das hipóteses.
 
3 – CLEIDE NO CONTROLE
 
Os fundamentos que conferem valor de verdade à sentença da senadora não são difíceis de enxergar. Presidente regional do PT local de 1999 a 2005, Fátima Cleide conduziu a sucessão, fez o sucessor (Tácito Pereira) e o mantém no cargo até hoje. Controla, pois, o colegiado e, assim, pode dizer que é candidata ao que lhe der na telha que a suposição é a de que dificilmente, muito dificilmente, o órgão lhe faltará. Quer dizer, quando a senadora diz que é candidata são mínimas as possibilidades de que ela esteja dizendo que vai disputar a candidatura e quase absolutas as chances de que já o seja para valer.
 
Ah, mas hoje a realidade é outra. Tem aí um Roberto Sobrinho, reeleito prefeito da Capital com quase 60% dos votos válidos, credenciando-se com folga à eventual candidatura do PT ao governo em 2010. Nada obsta. Só que, depois da declaração da senadora, se não perdeu o trem da história, com certeza vai chegar atrasado, cabendo-lhe, na melhor das hipóteses, se for o caso, tentar pegar o comboio andando. Supondo que bata o pé para encabeçar a chapa, no mínimo vai ter que negociar, porquanto tem boi na linha. Para todos os efeitos, descontadas as imponderabilidades, o PT já tem candidato ao governo em 2010.
 
Claro que, na hipótese de meter na cabeça que vai disputar a sucessão governamental, a Sobrinho sobram fichas para entrar no jogo. Entrar. Mas se não conseguir um acordo com a senadora e mesmo assim não mudar de idéia, vai ter que despender uma energia danada para tentar obter a habilitação. Tentar.
 
Por fim, os bagres ameaçados do Madeira muito menos ignoram que não é pouca a água que até lá terá que correr pelos marcos das pontes prometidas do rio em que nadam. Entre cenários factíveis, Cassol pode restar fora de combate, Raupp decidir entrar na rinha principal e Fátima Cleide tentar renovar o mandato. Tudo junto, uma coisa ou outra ou nada disso. Não há como saber. O que se sabe, no entanto – e aí pouca dúvida há -, é que a senadora Fátima Cleide é a candidata do PT ao governo de Rondônia. E enquanto for, é.
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