Nazif decide aceitar candidatura e Hamilton Casara, embora resista, pode ser o vice - Paulo Queiroz
1 – EMBATE PRINCIPAL
Como indicaram as suspeitas levantadas desde as primeiras especulações sobre o assunto, pelo menos em seus primeiros momentos, o embate principal destas eleições em Porto Velho parece que vai mesmo ser travado entre o atual prefeito do município, Roberto Sobrinho (PT), e o deputado federal Lindomar Garçom (PV). Das outras 12 pré-candidaturas que chegaram a ser anunciadas – Mauro Nazif (PSB), Adilson Siqueira (P-SOL), Davi Chiquilito (PCdoB), Hamilton Casara (PSDB), Alexandre Brito (PTC), Valter Araújo (PTB), Edésio Martelli (PRB), Fernando Prado (PMDB), Amado Rahal (PPS), Eliseu da Silva (PP), Silvana Davis (PSL) e Dalton Di Franco (PDT) -, só deverão ser confirmadas, na mais generosa das hipóteses, as cinco primeiras desta relação.
Mesmo assim, com probabilidades próximas à certeza, só se podia contar, no momento em que estas estavam sendo digitadas, com as representações do PSB (finalmente decidida na noite deste sábado/21), do PCdoB (acerca da qual não há postulações concorrentes) e do P-SOL (em cuja convenção ainda poderá ocorrer uma disputa entre os filósofos Adilson Siqueira e José Dettoni). Quanto às demais, restava quase que inteiramente fora de cogitação o projeto do deputado estadual Alexandre Brito e com mais de 90% de chances de prosperar apenas a intenção do ex-deputado federal Hamilton Casara, diametralmente oposta à do tucano anunciado como candidato a vice-prefeito na eventual chapa social-democrata, o delegado Carlos Eduardo, que ainda trabalha intensamente para agregar o partido ao projeto de Nazif e indicar o vice da chapa – que seria o próprio Casara.
As demais, como desde a abertura do período de convenções – com graus variados de certeza, porque algumas até mesmo antes disso – começou-se a desconfiar, ficaram circunscritas aos balões de ensaio e foram diretamente para o espaço, com possível exceção da aposta feita por Silvana Davis, que poderá lhe garantir a candidatura de vice-prefeita ao lado do deputado Lindomar Garçom. Em boa medida, o responsável por essa depuração veio a ser o governador Ivo Cassol (sem partido), que embora não tenha despendido muita energia para agregar o PTB e o PPS ao pelotão de partidos que vai escoltar a candidatura de Garçom, teve que suar a camisa para demover o postulante do PTC.
2 – PARTIDOS ALINHADOS
Assim, pelo menos em quantidade de partidos, o palanque de Garçom terá maior densidade populacional, porquanto além do PSL, PTB, PPS e PTC, o seu PV entrará na corrida acompanhado ainda pelo PR, PSDC, PTdoB, PRB e PTN. A estes poderão se juntar ainda o PHS e o PP, legendas em que os petistas também estão interessados. Caso o PT as consiga, entra em campo com estas duas e mais o PMDB do candidato a vice-prefeito Emerson Castro, o PDT, o PSC, o PMN e o PRTB. De todos os ingredientes destas sopas de letras, no entanto, o DEM, pelo alentado tempo a que tem direito na propaganda de rádio e TV, ainda é, de longe, a legenda mais disputada.
Pela vontade das direções maiores, deveria perfilar-se ao lado da eventual candidatura de Hamilton Casara, que a reclama com base na forte aliança existente entre PSDB e DEM no Congresso Nacional. Descartada esta hipótese, as similaridades programáticas indicariam o projeto oposicionista comandado por Garçom como hospedagem mais adequada. A tendência, no entanto, é engrossar o esquadrão petista numa coligação branca, seja porque, nesse sentido, ainda nesta sexta-feira (20), o PT nacional aprovou o conluio porto-velhense, mas muito mais porque o presidente municipal da sigla, vereador Ted Wilson, está longe de ser, como as discrepâncias ideológicas fariam supor, um estranho no ninho: não bastasse ter pedido votos para Sobrinho ainda na eleição passada (2º turno), vem cerrando fileiras com os petistas na Câmara desde a primeira sessão da atual legislatura.
Mas nem a quantidade de partidos com que Garçom e Sobrinho vão entrar na raia e nem muito menos as posições que, segundo as pesquisas, cada um ocupa na pista no momento que antecede a largada – conquanto os petistas garantam que o prefeito atingiu uma posição inalcançável, Garçom desdenha e jura que está tecnicamente empatado -, pois bem, mas nem isso interessa tanto quanto as plataformas com que os dois vão se apresentar na hora de verbalizar os seus discursos para tentar atrair o eleitorado.
3 – PLATAFORMAS ELEITORAIS
Apenas para tangenciar – voltaremos, claro, ao assunto -, convém não esquecer que, entre os fatores responsáveis pela radical mudança de rumos na campanha passada, quando Sobrinho partiu de 3% das intenções de voto para vencer um Nazif que largara surfando quase 40%, destacou-se o conflito estabelecido entre o vazio em que se esboroou a pregação socialista sobre a faculdade municipal e o entusiasmo esperançoso com que foi acolhido o discurso petista da regularização fundiária.
Desse modo, não é difícil intuir que a plataforma situacionista preservará o tema, até porque Sobrinho, porque avançou bastante no cumprimento da promessa, será mais facilmente acreditado quando disser que vai ampliar – quiçá completar - o programa. Mas pode cair do cavalo quem imaginar que a pregação petista ficará circunscrita ao cronograma de realizações do prefeito. De acordo com o próprio Sobrinho, em campanhas eleitorais não contam muito essa história de coisas feitas, até porque o eleitor percebe que, quando realiza obras, o prefeito não está fazendo mais do que sua obrigação. Assim, por entender que muito mais do que apresentar obras importa vender esperanças, encomendou à assessoria uma plataforma com pelo menos 80% de compromissos eleitorais inteiramente novos.
Tombo maior estará reservado a quem estiver pensando que, tanto ou mais do que Sobrinho, o deputado Lindomar Garçom – por suposto o candidato mais experimentado em administração municipal, pois já foi vereador, além de prefeito por dois mandatos - também não é previdente. Até onde se sabe, no que depender de qualidade, o programa com que se apresentará ao eleitorado não ficará a dever, em tese, ao de nenhum candidato do país.
Eis que vem assinado pela secretária Elizete Pereira Nascimento (Seas), pós–graduada em Políticas Públicas de Desenvolvimento pela Universidade de Turim (Itália), cuja equipe tem entre seus comandantes nada menos que o engenheiro e empresário Denis Roberto Baú (Grupo Planco). Tudo supervisionando por Valdelise Ferreira Martins dos Santos, a suplente de Garçom. E por aí já se vê como o embate promete.