Política em Três Tempos - Por Paulo Queiroz

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Foto: Divulgação

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1 – CARTA ABERTA Do “Ato público contra a criminalização e repressão do movimento camponês”, realizado na sexta-feira (04), no auditório Paulo Freire, no campus da Universidade Federal de Rondônia (Unir) José Ribeiro Filho, em Porto Velho, resultou uma “Carta Aberta” assinada não apenas pelos organizadores, mas por representantes de movimentos sociais, professores universitários responsáveis por departamentos, núcleos e outros órgãos da Unir, além de representantes dos centros acadêmicos das diversas graduações da instituição. No documento, os signatários manifestam apoio aos camponeses que lutam pela terra ao tempo em que repudiam toda a forma de tratar o problema agrário brasileiro como caso de polícia. A carta, na íntegra é a que se segue: “Ao povo de Rondônia, aos camponeses, trabalhadores, intelectuais e democratas honestos de todo o Brasil”. “No dia 26 de março de 2008, foram às bancas milhares de exemplares da Edição 2003, ano 31 da revista IstoÉ. A capa estampava a notícia de que "O Brasil tem Guerrilha", acusando a Liga dos Camponeses Pobres de ser um suposto braço armado das FARC em nosso país. Mais do que um sensacionalismo barato, "IstoÉ" passa a criminalizar a justa luta pela terra, na tentativa de descaracterizar uma legítima organização camponesa de Rondônia, acreditando que, com a desinformação da opinião pública, poderia insuflar uma ação repressiva do Estado. A publicação difamatória da revista "IstoÉ" foi amplamente reproduzida por setores da imprensa do Estado, como uma orquestração de ódio contra os camponeses pobres, agora apresentados como guerrilheiros, bandoleiros, bandidos e terroristas, o que apresenta um traço fascista dessas "matérias jornalísticas", sob a máxima nazista difundida por Goebbels de que uma mentira contada várias vezes se torna uma verdade. O ódio de classe é estampado em frases do tipo: trupe maltrapilha, encapuzada e arredia’ e na própria vinculação de ativistas da Liga dos Camponeses Pobres com a morte de camponeses na região. 2 – MENTIRAS E INFÂMIAS A prova mais cabal da tentativa de criminalizar os camponeses pode ser percebida no fato de a revista "IstoÉ" tentar associar os camponeses Wenderson Francisco dos Santos (o ‘Ruço’) e ‘Caco’ de terem envolvimento na morte de um camponês na região de Jacinópolis. "Ruço" e "Caco" foram injustamente acusados, anos atrás, pela morte de um pistoleiro do latifundiário e grileiro "Galo Velho", que é um dos maiores do ramo da "grilagem’ no país, reconhecido no "Livro Negro da Grilagem de Terras" do Governo Federal. Há um ano, o povo de Jaru julgou que ‘Ruço’ era inocente de todas as acusações absurdas do latifúndio, coroando uma campanha nacional e internacional que denunciava a sua prisão sob tortura e as infrutíferas tentativas de matá-lo na prisão, onde permaneceu por mais de quatro anos. O povo soberanamente decidiu, mas o latifúndio continua a insistir em criminalizá-lo por ele ser "membro da Liga dos Camponeses Pobres". “Caco”, após permanecer por três meses preso, foi absurdamente condenado, junto com o doutor. Ermógenes Jacinto, advogado, com base na LEI DE IMPRENSA! No entanto, a mesma Lei de Imprensa não puniu o jornal “Folha de Rondônia”, que após o julgamento que inocentou os camponeses em 4 de abril de 2007 anunciava: “matadores da LCP são absolvidos”. A matéria de "IstoÉ" tem uma qualidade tão grosseira em suas mentiras e intentos difamatórios que chega a acusar, sem qualquer tipo de prova, ativistas da Liga de Camponeses Pobres por diversos crimes. Isso, além de fazer acusações gratuitas, também sem qualquer comprovação, sobre supostos treinamentos feitos pelas FARC na região. Percebendo que as organizações democráticas e de direitos humanos preparavam uma resposta a esses ataques, a revista "IstoÉ" mais uma vez ataca a Liga de Camponeses Pobres e passa a caracterizar como “guerrilheiros” o MEPR – Movimento Estudantil Popular Revolucionário e ILPS - Liga Internacional de Luta dos Povos, na qual o CEBRASPO é filiado e o representa enquanto Seção Brasil. 3 – APOIO E ESPERANÇA O que se quer justificar é que se existisse guerrilha, se justificaria ação armada de pistoleiros a mando do latifúndio na região de Jacinópolis, que a cada mês faz inúmeras vítimas. Mas o latifúndio quer mais! Com um discurso de "medo" e por se sentirem "aterrorizados", diversos latifundiários e seus representantes no parlamento passaram a exigir a ação do Exército para "acabar com os guerrilheiros". Em outras palavras, segundo o latifúndio, é preciso acabar com todos os camponeses que se lançam na luta pela terra, que buscam o sustento dos seus filhos e que em muitos casos já vieram de outras regiões onde foram expulsos pelo latifúndio. Já basta! Os inocentes não podem ser acusados de bandidos. Os conflitos agrários só existem pela velha estrutura agrária concentrada nas mãos de poucos enquanto a maioria dos pobres do campo passa fome. Tomamos a liberdade de nos dirigir aos rondonienses, com humildade, mas reconhecendo que nossas assinaturas nesta carta representam significativa parcela dos democratas brasileiros, no sentido de manifestar apoio e esperança aos camponeses que lutam pela terra ao mesmo tempo em que repudiamos toda a forma de tratar o problema agrário brasileiro como caso de polícia. As organizações classistas e personalidades presentes neste Ato Público, na Universidade Federal de Rondônia conclamam ao povo de Rondônia e toda a sociedade brasileira a se colocar em luta contra esta tentativa de criminalizar o Movimento Camponês, pois junto com estes está em jogo a criminalização de toda e qualquer organização social que se levante contra as injustiças e desigualdades existentes em nosso país. O povo quer terra! Não repressão! Considerando o conteúdo dos fatos acima, os signatários vêm manifestar sua solidariedade ao movimento camponês e repudiar as matérias caluniosas da revista IstoÉ e outros segmentos da imprensa. Porto Velho, 04/04/2008”. PS: Até o fechamento desta, não havia dado algum capaz de comprovar o suposto massacre de Campo Novo.
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