Setenta prefeitos são investigados pelas Procuradorias Regionais da República pelo esquema montado por um grupo de empresários mato-grossenses especializado em desviar recursos orçamentários da União destinados à compra de ambulâncias e microônibus. *Trata-se de um processo semelhante ao dos 64 parlamentares citados nos grampos telefônicos que registraram os negócios da quadrilha, que tiveram seus nomes remetidos para o procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza.
* Por força do cargo que exercem, prefeitos têm foro privilegiado. Só podem ser investigados pelos procuradores regionais do Ministério Público Federal e eventuais processos correm em um dos cinco Tribunais Regionais Federais existentes no País.
* Ao examinar as escutas telefônicas colhidas ao longo da Operação Sanguessuga, os procuradores e a Polícia Federal de Mato Grosso encontraram trechos de gravações que envolvem 70 prefeitos ou auxiliares espalhados por 13 Estados, informou o jornal O Estado de S. Paulo. Em vários casos, ocorrem citações de prefeituras em conversas sobre a elaboração de editais, assinatura de convênios e liberação de verbas.
* São discussões que, para os procuradores de Cuiabá, representam indícios de envolvimento direto dos prefeitos nas fraudes de licitações para a compra dos veículos.
*Os diálogos obtidos pela PF revelam detalhes de como funcionava a distribuição de propinas dentro do esquema. No caso da prefeitura mineira de Januária, por exemplo, uma conversa dos empresários revela, segundo o jornal, que, por sua participação na fraude, os três integrantes da comissão de licitação receberiam R$ 2 mil cada.
* Nos grampos envolvendo a prefeitura mato-grossense de Juará, Luiz Antônio Vedoin, um dos donos da Planam - empresa que montava as ambulâncias -, conta a um sócio que o prefeito local estaria pedindo uma comissão de 20%. "Acho que ele está dando 10% ou 15% e ficando com 5%", disse Vedoin, referindo-se a uma suposta partilha do dinheiro com o deputado patrocinador da emenda.