A delegacia especializada em repressão a Furtos e Roubos de Veículos de Rondônia, que tem o delegado Antônio Brito como titular, está com um caso no mínimo inusitado para solucionar. Entre as peculiaridades do caso, o delegado tenta encontrar o proprietário de um veículo que foi “aparentemente” roubado e conduzido para a Bolívia. Outro detalhe é que não há qualquer registro sobre caso na referida delegacia, ou em qualquer outra do país.
HISTÓRICO
O estado de Rondônia sofre em tentar fiscalizar a fronteira com a Bolívia, país vizinho que legaliza todos os carros e motos roubadas no Brasil. O esquema da máfia boliviana, que tem nos seus quadros desde juizes e promotores de justiça até agentes alfandegários, já foi alvo de denúncias deste jornal eletrônico por diversas vezes.
Com a operação São Cristóvão, comando policial móvel na Br 364, rodovia que dá acesso ao paraíso dos receptadores de carros, a Polícia Civil de Rondônia conseguiu diminuir os índices de furtos e roubos de veículos no estado. Porém, o inusitado estava por vir.
SOBRE O CASO
O governo Boliviano, num lampejo de decência mandou devolver um carro que de acordo com autoridades daquele país, seria furtado no Brasil. Acontece que a Bolívia já legalizou mais de 30.000 carros, caminhões e motos de fabricação brasileira e as autoridades do referido país, encontraram apenas um Fiat palio, placa NBB 2586, chassis 9bd178096w0641836, ano 98/98 de cor vermelha.
Acontece que o carro em questão não possui registro de furto ou roubo no Brasil.
GOVERNO FEDERAL
Todo o procedimento de devolução do automóvel aconteceu com acompanhamento dos governo federais dos dois países e, envolveu o ministro Lineu de Paula, subchefe de gabinete do Ministério das Relações Exteriores e o DIPROVE / Pando, órgão boliviano que cuida de furto de carros no país vizinho, o Brasil. Segundo o oficio, o carro encontra-se aprendido no quartel de Cobija, cidade boliviana que faz fronteira com o estado do Acre.
EM BUSCA DO DONO DO VEÍCULO
Segundo o delegado Antônio Brito, uma equipe de agentes tenta solucionar o caso. O documento está em nome de Marcos Alberto da Costa, com endereço na rua Álvaro Maia, 2966, Porto Velho.
Porém, no referido endereço, ninguém conhece o “proprietário”. Segundo o morador do local, Jorge Guedes da Silva, Marcos não reside, nem nunca residiu neste endereço. No local funciona o despachante de veículos JG.
Segundo a Polícia, não está descartado um possível golpe na empresa que financiou o veículo, Trescinco Administradora e Consórcio, onde estelionatários compram veículos em nome de terceiros, os chamados “laranjas” e depois levam o carro até a fronteira, onde trocam por drogas e armas.
De acordo com o delegado que investiga o caso, é no mínimo atípica a devolução de um carro pelos bolivianos. “Ainda mais quando o veículo não tem queixa de roubo” afirmou Brito.
FUNDO PARA SEGURANÇA NAS FRONTEIRAS
Para tentar garantir mais segurança ao Brasil, naqueles estados que fazem fronteiras com outros países latino-americanos, o senador Expedito Júnior (PR-RO) apresentou no Senado, nomes de março, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que cria o Fundo Emergencial Temporários de Segurança nas Fronteiras (FESF). "Esses recursos extraordinários seriam para cooperação em ações de vigilância e segurança nas fronteiras", explicou o senador na época.
Só em Rondônia, há três mil km de fronteiras que precisam de atenção especial. Quando apresentou a Proposta o senador pediu urgência na tramitação "por ser matéria de grande interesse, na área de segurança pública e colabora para o combate à violência".
Atualmente, a A PEC está na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado aguardando designação de relator. Em paralelo, o senador estuda um projeto da França sobre a criação da Polícia de Fronteira, o qual pretende adequar para a realidade das fronteiras do Brasil.
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