A morte do autônomo Moisés Almeida de Souza, 34, registrada na madrugada de ontem no pátio da Delegacia de Crimes Contra a Mulher, supostamente por overdose, provocou um grande tumulto na alta cúpula da segurança pública da capital.
Almeida era usuário de drogas e estava em tratamento. Ele foi preso depois de invadir uma residência da rua Padre Cícero, no bairro da Conquista, espancar a proprietária e tentar estrangular um garoto de oito anos.
Preso por uma guarnição da Polícia Militar, Moisés foi levado junto com as vítimas para a Delegacia de Crimes Contra a Mulher. Como estava muito agitado, policiais chamaram uma equipe do Samu. Depois de ser medicado com uma injeção, ele passou mal e morreu no local.
O cadáver foi levado para o Instituto Médico Legal e autopsiado pela equipe de legistas de plantão. O resultado laudo cadavérico será concluído na próxima semana. Mas um exame preliminar constatou que o autônomo foi vítima de overdose.
OS FATOS
Usuário de drogas, Moisés havia ingressado numa igreja evangélica e estava sendo submetido a tratamento para se livrar do vício. Na terça-feira ele teria chegado da cidade de Campo Grande e foi direto para a casa da mãe, na travessa Bangu, 138, no bairro da Conquista.
No período da noite, depois de tomar banho e trocar de roupas, Moisés saiu e não foi mais visto. Por volta de 0h25 de ontem ele invadiu a residência da funcionária pública Élida Maria Alves do Nascimento, na rua Padre Cícero, passando a quebrar tudo o que encontrava pela frente.
Ele também espancou a dona da casa a socos e pontapés e tentou matar por estrangulamento um filho de Elida. Policiais militares acionados para atender a ocorrência o prenderam debaixo da cama.
Durante a prisão, Moisés reagiu de maneira violenta dando trabalho para ser colocado no interior da viatura. Ele foi levado à Delegacia de Crimes Contra a Mulher onde deveria ser autuado em flagrante por crimes de invasão de domicílio, agressão física, danos materiais e tentativa de homicídio.
No pátio da especializada, os policiais militares perceberam que o preso continuava agitado, motivo pelo qual chamaram uma equipe do Serviço Móvel de Emergência (Samu) para que o atendesse. O médico tratou de aplicar uma injeção no paciente, provavelmente um tranqüilizante.
Segundo os policiais, Moisés começou a passar mal e apesar de todas as tentativas de equipe médica em tentar reanimá-lo acabou indo á óbito no pátio da delegacia. O cadáver foi encaminhado ao IML e submetido a uma série de exames para que não existam dúvidas quando à causa da morte.
Nem a PM, nem a Polícia Civil ou o Samu assumiu a responsabilidade pela morte de Moisés. A delegada Sônia Ribeiro argumentou que o preso nem chegou a ser entregue aos plantonistas da Delegacia de Crimes Contra a Mulher.
Policiais militares alegam que cumpriram a missão de prender e conduzir Moisés até a delegacia.
Segundo a delegada Sônia Ribeiro, em poder de Moisés foram encontrados dois papelotes de pasta-base de cocaína, o que leva à hipótese de que ele tenha consumido drogas. O inquérito deverá ser instaurado na Corregedoria Geral de Polícia Civil sob a responsabilidade do delegado José Barbosa de Morais.