*Uma investigação do serviço de inteligência da Polícia Civil que durou cerca de quatro meses, resultou na prisão de Ozéias Pereira da Rocha, 29 anos, funcionário concursado da Secretaria Municipal de Educação e do sobrinho dele, Cristian Vill Rocha Barbosa, 24 anos, lotado no Hospital de Base. Usando um programa avançado em computação, o Turmalina, eles desviaram mais de R$ 300 mil da Prefeitura de Rio Branco num golpe conhecido como "fraude eletrônica".
*Os dois acusados foram presos no começo da manhã de ontem, no Centro, e levados para serem indiciados criminalmente na direção de polícia por peculato, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, crime contra a administração pública. No final da investigação poderão ser inquiridos por formação de quadrilha. Outros integrantes do bando que, a polícia mantêm seus nomes em sigilo, poderão ser capturados a qualquer momento.
*Segundo a investigação, que correu sob segredo de Justiça, o ataque aos cofres públicos começou em 2002 e se estendeu até o final de 2004. Setores ligados ao departamento financeiro da prefeitura ajudaram a polícia, fornecendo documentos considerados imprescindíveis que; agregados ao inquérito policial, embasaram os pedidos de prisão temporária.
*A fraude
*Durante interrogatório, Cristian Vill Rocha Barbosa, revelou ao delegado Adolfo Régis, que em 2002 foi procurado por Ozéias, para abrir uma conta corrente no Banco do Brasil sob a alegação de haver pendências em seu Cadastro Geral de Pessoa Física (CPF). Disse ter conhecimento da movimentação financeira, mas negou ter ido ao banco fazer saques da referida conta.
*Os fraudadores, segundo foi possível apurar, conseguiram introduzir nomes de várias pessoas (fictícias) na folha de pagamento do município, mas o dinheiro era resgatado pelos operadores da fraude a partir de uma conta em nome da mãe de Ozéias. "Tudo era feito em pequenas quantias para não levantar suspeitas", disse o diretor da Polícia Civil Walter Prado.
*Durante dois anos de desvio continuado a investigação concluiu que os envolvidos roubaram quantia de R$ 300 mil. O desvio era feito a partir de contratos fictícios em nome de Jane Sara Cavalcante, José dos Santos de Souza e José dos Santos da Silva, inseridos na folha de pagamento com salário médio de R$ 2,7 mil.
*Os pagamentos eram feitos de forma alternada, em alguns casos três ordens no mesmo mês. Os contratos "gafanhotos" apontavam os (servidores fantasmas) como se fossem professores especialistas. Tudo feito pelas mãos de Ozéias, chefe do setor de processamento de dados da Secretaria Municipal de Educação e Cultura (Semec).
*O golpe aplicado contra a prefeitura foi tão robusto, que deu para os fraudadores montarem uma empresa do ramo de fotografia, na região central de Rio Branco. "A polícia tomou conhecimento do caso, por intermédio da administração municipal que suspeitou dos pagamentos e pediu uma investigação", disse Walter Prado.