Alvo da ira do governo por paralisar obras públicas, o Tribunal de Contas da União (TCU) prova do próprio veneno e convive há um ano com o esqueleto de um prédio no quintal. Trata-se do anexo-3, orçado em R$ 70 milhões, para alojar três secretarias. A Uni Engenharia, licitada pelo critério de menor preço, levantou só 20% do prédio e jogou a toalha em novembro. O TCU rompeu contrato e abriu nova licitação. O prejuízo por conta da paralisação passa de R$ 2 milhões.
As maiores despesas são com aluguel de equipamentos e andaimes. Há deterioração nas ferragens e, se a retomada demorar, a estrutura pode ficar comprometida. Com a chegada das chuvas, houve gasto extra com impermeabilização. O edifício, que seria entregue, só deve ser concluído em 2011.
O TCU informou que aplicou multa de R$ 2,6 milhões contra a empreiteira.
Como autopunição, o tribunal reduziu a qualidade de vários itens e o preço final da obra caiu em 12% na nova licitação. "A mesma regra que vale para os outros, vale para nós", explicou o presidente do TCU, ministro Ubiratan Aguiar, alvo de ironias ao encarnar o ditado do "espeto de pau em casa de ferreiro".
A empreiteira informou, em nota, que não foi responsável pelo atraso nas obras e entrou com recurso. A Uni já recebeu R$ 12,9 milhões e, em tese, teria mais R$ 256 mil a receber, mas o dinheiro ficará retido para futuro encontro de contas.
Sediada em São Paulo, a Uni prosperou no governo petista e tem obtido obras importantes, inclusive do PAC. A marca dela tem sido falta de fôlego financeiro e técnico para cumprir os contratos, vários deles repassados para outras empresas.