A Litorina, um veículo histórico utilizado nos áureos tempos da via férrea da EFMM, foi literalmente vilipendiada e detonada. Com os vidros destruídos e faróis arrancados e quebrados.
Foto: Divulgação
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Abandonado, sem segurança alguma, largado e agora violado, o patrimônio histórico e cultural que se encontra no Complexo da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, na região central de Porto Velho, sofre a ação de vândalos e marginais, que além de usar o local como ponto de prostituição e tráfico de entorpecentes para piorar ainda mais, esses mesmos marginais partiram para destruição.
A Litorina, um veículo histórico utilizado nos áureos tempos da via férrea da EFMM, foi literalmente vilipendiada e detonada. Com os vidros destruídos e faróis arrancados e quebrados. Esse veículo histórico estava a mercê das intempéries, estacionada perto da Estação, quando historiadores e museólogos já haviam recomendado a administração municipal – responsável pelas peças e a segurança do complexo – que a mesma fosse guarnecida dentro de um dos galpões justamente para evitar esse tipo de ação criminosa.
O museólogo Antonio Ocampo, em contato com a reportagem do Rondoniaovivo, disse que recebeu a notícia do ato de vandalismo ainda na sexta-feira (17) pela parte da tarde e ao chegar no local se deparou com os cacos dos faróis da Litorina no chão e mais os vidros quebrados. Ele recolheu o que pode e colocou em uma caixa de papelão.
Revoltado com o acinte das ações de vandalismo no local, Ocampo relatou que desde o fim das enchentes, quando o Complexo da EFMM sofreu danos quase irreversíveis por causa das águas e os sedimentos que tomaram conta dos galpões e afetou muitas peças históricas que ali foram deixadas, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Sócioeconômico e Turismo (Semdestur), órgão da Prefeitura da Capital responsável pela administração e segurança de todo o complexo, nada vez em relação a segurança no local ou mesmo tomou providências quanto a manutenção constante do local.
“O complexo está abandonado e o que vemos aqui é que marginais de todos os tipos estão tomando conta. Tem tráfico de drogas, prostituição, assaltos e muita coisa ruim que acontece. Um lugar como esse que deveria ser recuperado, cuidado e feito para a família vir e visitar, é um local de medo e crimes. Absurdo demais e agora os marginais que já não respeitavam nada mesmo estão partindo para a destruição da nossa história, sem que seja mexido um dedo por parte de quem deveria cuidar de nosso patrimônio”, disse o museólogo.
A Litorina que está hoje parcialmente detonada foi recuperada e reformada em 2011 patrocinada pela Santo Antônio Energia, que na época investiu R$ 16.500,00 na recuperação de três veículos históricos da EFMM. A reforma durou 12 meses e estava inclusa na parceria de investimentos no patrimônio cultural da Capital. Justamente a Litorina foi que deu mais trabalho, pois o motor foi totalmente refeito, pintura original foi recuperada e todas as peças trocadas seguindo especificações supervisionadas exigidas em reformas dessa natureza, envolvendo patrimônios tombados.
No ano do centenário da Estrada de Ferro Madeira Mamoré o descaso do município com a sua história e patrimônio cultural tem causado revolta em muitos historiadores. Um ano que deveria ser de comemorações ou ações da própria Prefeitura em vista de recuperar, preservar e manter viva a parte mais importante da história de Rondônia e de Porto Velho infelizmente foi deixada de lado.
“Meus amigos esse deveria ser um ano onde em vista do centenário da Estrada de Ferro Madeira Mamoré que teríamos que esperar festa, ações efetivas na preservação desse patrimônio histórico. O que vem acontecendo no Complexo é de uma vergonha sem precedente, afinal é de onde surgiu Porto Velho, onde tudo que se vê hoje teve como gênese a EFMM. O que está acontecendo?”, questionou um perplexo Antonio Ocampo.
O museólogo deve entregar ainda nesta segunda-feira (20) ao titular do Juízo da 1ª Vara da Seção Judiciária de Rondônia, na Justiça Federal, o juiz Dimis da Costa Braga, o restante dos cacos da Litorina que ele conseguiu recolher para que sejam tomadas providências jurídicas junto a Prefeitura.
Em abril deste ano o mesmo juiz instruiu uma Ação Civil Pública ajuizada pela Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Rondônia contra União, Iphan, Município e Estado de Rondônia, na qual a OAB/RO atribuiu aos réus condutas de descaso e omissão para com os bens culturais EFMM (lendária “Ferrovia do Diabo”). O juiz federal participou da inspeção no local, junto com outras autoridades e viu estarrecido o abandono das peças.
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