INTERNACIONAL - Extrativistas do Rio Mamu poderão fechar “Porto Extrema” dia 29

A última vez que o INCRA esteve em Extrema para prestar informações sobre o andamento da repatriação dos nacionais brasileiros foi no dia 06 de março deste ano, numa reunião diplomática realizada numa escola daquele distrito.

INTERNACIONAL - Extrativistas do Rio Mamu poderão fechar “Porto Extrema” dia 29

Foto: Divulgação

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 Aldair Ozório, líder extrativista.
O clima voltou a ficar tenso na fronteira Brasil / Bolívia. Depois de participar de uma reunião semana passada no Rio Mamu, o líder extrativista Aldair Ozório voltou inconformado com o que viu. Segundo narra Aldair, os Zafreros bolivianos deram um ultimato para que as famílias extrativistas que ainda permanecem nos seringais do Rio Mamu abandonem o mais rápido possível suas terras. A reunião aconteceu na comunidade Porto Bolívia, ou na comunidade da ponte, como é chamada pelos brasileiros, e fica localizada no Município de Santos Mercado, Província Federico Román.
A reunião foi conduzida por campesinos, a maioria provindos da cidade de Riberalta, e não havia autoridades do Governo Boliviano no local. Diante da situação Aldair Ozório, que foi convidado a participar desta reunião, representou os seringueiros dos Rio Mamu e Abunã e entrou em defesa dos nacionais brasileiros. Aldair disse aos campesinos que numa reunião realizada no mês passado com o Vice Cônsul Pedro Maciel no Município de Plácido de Castro, este teria falado que enquanto não se conseguisse as terras no Brasil destinadas ao assentamento, ninguém seria expulso daqui do Rio Mamu. Ainda na reunião com os campesinos, o líder extrativista disse que retornará ao Brasil e convocará uma reunião com todos os seus companheiros para tomarem uma decisão sobre o caso.
Um exemplo da indignação de Aldair é o caso de Dona Maria Cabreira, ela mora a mais de 40 anos na Colocação Passarinho, era casada com um boliviano, ficou viúva e agora se vê obrigada a deixar suas terras e vir embora para Extrema. Dona Maria disse que não tem onde morar, pois o que tem está no Rio Mamu. “Os outros seringueiros foram morar em Extrema na casa de parentes, outros conseguiram comprar um barraco, mas eu não tenho onde ficar, além do mais não posso mais trabalhar devido à idade já avançada”, disse Maria Pereira dos Santos, mais conhecida por Maria Cabreira.
Diante do descaso do Governo Federal Brasileiro que não apressa o assentamento dos extrativistas do Rio Mamu em território brasileiro, eles agora decidiram dar um ultimato ao INCRA, e se neste sábado, dia 29 de setembro, as autoridades não comparecerem para dar alguns esclarecimentos de como anda o processo de assentamento, eles fecharão novamente o Porto Extrema. A reunião será realizada no Porto Extrema às 10 horas do dia 29, no exato local onde um oficial da Força Naval Boliviana foi retido pelos extrativistas em território brasileiro, e logo em seguida foi construído um pavilhão da bandeira nacional brasileira.
O líder extrativista Aldair Ozório mostrou-se indignado com a demora neste assentamento e não poupou críticas ao Governo Federal Brasileiro: “Nós iremos fechar o Porto Extrema no dia 29 de setembro. Aqui não vai passar nenhum boliviano. E têm mais, as balsas bolivianas que passarem aqui no Rio Abunã, nós vamos reter todas aqui no Brasil, e só vamos devolver depois que o Governo Brasileiro trouxer uma solução definitiva para nós, estão brincando com agente, isso não é coisa que se faça, a mais de cinco anos estamos esperando essas terras e ninguém toma providências para nos ajudar”, disse Aldair Ozório, revoltado com a situação.
Os extrativistas disseram que não terão pressa para reabrir o Porto. “Da última vez o Porto ficou fechado por três dias, agora a coisa vai pegar, e nós não vamos arredar o pé 
Comunidade de brasileiros expulsa da região fronteiriça.
daqui, enquanto não tivermos uma decisão, não importa quantos dias o Porto Extrema ficará fechado, nós já estamos nos preparando para o fechamento”, relatou Aldair, antigo dono do Seringal Cumaru, hoje na posse de uma família boliviana.
O seringueiro José Mendonça disse que esteve no mês passado participando de uma reunião com integrantes do Consulado Puerto Evo Morales no Município de Plácido de Castro no Estado do Acre, mas não voltou com boas notícias sobre a aquisição das terras no seu país de origem. “Lá nem promessa nós ouvimos. Demos uma viagem perdida. O Vice Cônsul disse que o governo brasileiro não tem prazo para arrumar essas terras, foi uma vergonha a conversa que ouvimos lá”, disse José Mendonça.
O seringueiro França Lima também participou da reunião com o Vice Cônsul de Puerto Evo Morales e também não voltou satisfeito com o que ouviu. “Nós fomos em mais de 40 pessoas em cima de um caminhão boiadeiro, botamos a bandeira do Brasil em cima e fomos rezando pra ver se agente conseguia terra num tal de PA Triunfo, mas voltamos de lá só com as terras das unhas, nem esperança nós recebemos lá”, disse França Lima que morou durante 20 anos no Seringal Providência e que está dando total apoio a reunião que será realizada na beira do Rio Abunã no dia 29 de setembro, ao lado do pavilhão da bandeira nacional brasileira.
“Nós faremos um grande protesto, e uma grande surpresa. O Brasil precisa ouvir nosso lamento, infelizmente estamos sendo obrigados a tomar esta atitude novamente”, alertou o seringueiro França Lima, diante da situação em que se encontra.
A última vez que o INCRA esteve em Extrema para prestar informações sobre o andamento da repatriação dos nacionais brasileiros foi no dia 06 de março deste ano, numa reunião diplomática realizada numa escola daquele distrito e que contou com a participação do Secretário da Embaixada Brasileira em La Paz, Kaiser Pimentel de Araújo; do coordenador do Projeto Ética e cidadania, Professor Marquelino Santana, e com representantes do INCRA /AC, e da Organização Internacional para Migrações – OIM. Segundo Aldair Ozório, os representantes do INCRA ficaram de retornar no mês de abril, mas até a presente data ainda não receberam nenhum comunicado sobre a realização de uma nova reunião com os extrativistas.
Os extrativistas pediram apoio ao Projeto Ética e cidadania no sentido de encaminhar documento a Brasília solicitando a vinda das autoridades. O Professor Marquelino Santana, coordenador do projeto, encaminhou convite ao Secretário Geral da Embaixada Brasileira em La Paz, Doutor Kaiser Pimentel Araújo, informando sobre a reivindicação dos nacionais brasileiros. “Acredito que o Itamaraty tomará as providências cabíveis no sentido de evitar mais um episódio negativo nesta área de fronteira, assim espero”, disse Marquelino.
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