A retirada pacífica dos moradores de “Ponta do Abunã” – que integra os Distritos de Nova Califórnia, Fortaleza do Abunã e Extrema – que bloquearam a BR 364, no quilômetro 1040, a 360 Km de Porto Velho (RO), desde o início da manhã de segunda-feira (03), acabou em um confronto bárbaro entre 40 policiais do contingente da PRF/NOE (Núcleo de Operações Especiais) – de Rio Branco (AC) e Porto Velho – contra cerca de mil pessoas, que mantinham a obstrução da rodovia.
O início da batalha foi logo depois das 18h30 quando os policiais rodoviários chegaram informando que iriam desobstruir a rodovia. A PRF se posicionou e iniciou a operação. Os manifestantes armados de paus, pedras e coqueteis molotov reagiram contra os agentes. Os policiais municiados de bomba de gás lacrimogêneo, gás pimenta, balas de borracha investiram contra as pessoas. Por se encontrar em menor número, os policiais acabaram se rendendo a um cerco popular notável, com quase mil pessoas surgindo por todos os lados, armados com o que tinham em mãos e arremessando contra os policiais.
O confronto durou cerca de 20 minutos, tendo os policiais rodoviários gasto toda a munição contra o grande número de manifestantes e mais nada puderam fazer, a não ser recuar e fugir. Até os escudos do NOE foram destroçados com as pedras.
No conflito o policial rodoviário Paulo Afonso, do efetivo da PRF de Rondônia, acabou ficando ferido na testa, com um corte de 10 centímetros, ele foi recolhido pelos manifestantes. No primeiro momento especulava-se que o agente estava como refém, mas logo foi esclarecido que ele foi levado por populares para ser medicado.
Duas viaturas da PRF foram deixadas em quartel de polícia e um grande número de populares, revoltados com o confronto, se dispôs ir até o local e atear fogo nos veículos.
O contingente de Policiais da PRF do Acre estava sob o comando do Inspetor Getúlio, e o de Rondônia do inspetor Alvino.
O confronto acabou fortalecendo o movimento do bloqueio na BR 364. O número de manifestantes aumentou ainda mais no local, calcula-se que pelo menos 4 mil pessoas estão no local. Além de moradores dos distritos, integrantes da etnia indígena Kaxarari apóiam o movimento e participaram do confronto.