Depois de cinco anos sem cruzar a entrada principal do estádio Aluizio Ferreira, mas conhecido pelo apelido de Aluizão, resolvi aceitar o convite de um dos meus filhos, atleta nato, para assistir, domingo passado, a partida entre as equipes do Genus e Shallon pelo campeonato estadual.
Minha abstinência futebolística foi o caminho que encontrei para protestar contra a incompetência e a irresponsabilidade de muitos que comandam a Federação Rondoniense de Futebol. No final, o Genus, comandado pelo intrépido Osvaldo, levou a melhor. Meteu três gols contra um do adversário.
A estrutura do Aluizão está um bagaço, caindo aos pedaços. As arquibancadas estavam praticamente vazias, nuas do mais importante em termos de futebol, que o público. As imagens falavam por si sós. É como se não se estivesse realizando ali um acontecimento cuja maior finalidade, antes, era a de atrair público para que os clubes tivessem renda.
Sábado, um programa de esporte da capital mostrou trechos da partida realizada entre o VEC e o Rolim de Moura, no estádio Portal da Amazônia. Ao contrário do que vêm acontecendo na capital portovelhense, as imagens televisivas registraram as arquibancadas lotadas.
Fica-se a pensar do que vivem na atualidade os clubes de futebol de Porto Velho, em conseqüência da evasão do público do único estádio onde os mesmo se apresentam.
Recentemente, deparei-me com o presidente do Genus, num dos corredores da Câmara Municipal de Porto Velho. Numa das mãos, um documento, com um pedido de ajuda aos vereadores, para garantir a participação de seu time no estadual.
Não sei se Osvaldo conseguiu arranjar alguns trocados, além das palavras elogiosas, proferidas, da tribuna, pelos vereadores Cláudio da Padaria e Ellis Regina. De concreto, mesmo, só a notícia postada num dos jornais eletrônicos da cidade de que jogadores do Genus ameaçavam não entrar em campo por falta de pagamento.
Foi-se o tempo dos grandes clássicos. Tempo de Ferroviário, Moto, Ipiranga, São Domingos e Flamengo. Desses, apenas o Ferroviário continua respirando, apesar das dificuldades financeiras. Primeiro, porque tem uma diretoria competente e obstinada, sob a presidência de Horácio Guedes. Depois, porque tem fôlego de sete gatos.
No fundo, se fosse depender da ajuda oficial para se manter vivo, o Ferroviário já teria fechado suas portas, à semelhança dos demais clubes de sua época. Há sete anos, a diretoria vem lutando junto à prefeitura para conseguir isentar do pagamento do IPTU a sede e o parque aquático. Em vão.
Uma minuta de Projeto de Lei chegou a ser enviada ao prefeito para análise e deliberação, mas o documento teria desaparecido (?) nos escaninhos da burocracia oficial. Esse é o retrato do moribundo futebol portovelhense, enquanto os senhores que comandam a Federação se perdem em discussões estéreis e promessas levianas.