Frase do dia:
"O Estado voltou a ser a solução. Na crise não tem solução de mercado, o Estado tem que intervir na economia" – Senador Aloísio Mercadante.
01- 2010 já começou.
Existem três resultados possíveis numa eleição: perder, ganhar e vencer. Analisando os resultados, ainda que sem a maturação necessária, já se pode afirmar que o PMDB foi o grande vitorioso. Mas alguns resultados específicos marcaram o pleito. Em São Paulo, perdeu o PT com a Marta Suplicy, ganhou o DEM com Kassab e venceu o PSDB do Serra. No Rio de Janeiro, o grande vitorioso foi um perdedor, o Gabeira, que saindo da rabeira foi ao segundo turno e desponta para uma das vagas de senador com o Crivela. Na Bahia baixou o “Malvadeza” no PMDB do Carneiro mas, foi em Belo Horizonte – sempre Minas – que ocorreu o destaque. Aécio apostou na aliança “frankstein” do PSDB e PT contra o PMDB. Se Marta ganhasse em São Paulo, tudo bem para Aécio. Serra tem uma esfinge para decifrar – Aécio – até a eleição de 2010 começar. Ou seja, hoje!
02- Reeleição ou referendum?
Salvo Manaus, o eleitor foi conservador e não trocou os prefeitos. Dos 20 prefeitos que tentaram a reeleição, 19 emplacaram. Os ganhos da era Lula foram decisivos para quem já estava no poder e o eleitor votou sem conhecer propostas novas, que sequer foram citadas pelos candidatos. Em São Paulo por exemplo, nenhum tema novo para a cidade problema. Marta e Kassab prometeram “fazer mais e melhorar o que já era feito”. No Rio, Gabeira ironizou ao descrever o seu primeiro dia como prefeito, se eleito: varrer a rua, retirar o lixo, organizar o trânsito e escolher secretários. Para se entender a falta de propostas, é bom pensar sobre o papel centralizador da União arrecadando impostos e repassando a estados e municípios, em geral com dinheiro carimbado. E continuarão quebrados e passando o pires como sempre. É falimentar meu caro Watson.
03- Quem é quem nas prefeituras
O PMDB que alcançou a incrível marca de eleger 1207 prefeitos foi o “papa-tudo” das eleições em 2008 e fechou a noite de ontem pilotando 6 capitais, a mesma quantidade do PT. Além da capilaridade o PMDB aumentou os músculos e passa a ser estratégico a partir das vitórias no Rio, Salvador, Porto Alegre e Florianópolis. O PSDB encolheu para 788, mas permanece em segundo lugar, seguido pelo PT que avançou e tem agora 558, uma a mais que o PP com 507. A maior perda foi do DEM que perdeu 293 prefeitos, caiu para 501, apesar do simbolismo de São Paulo, no confronto contra o inimigo PT. Na salada partidária, 6 partidos nanicos não conseguiram emplacar mas, Lula continua em céu de brigadeiro com popularidade alta e com os prefeitos perfilados.
04- O craque que desquilibra
Enrolado com Marcos Valério, com remessa de dólares ao exterior, preso numa rinha de galo e uma saída à francesa do circuito político. Duda Mendonça fez aquilo que um bom marqueteiro pregaria: submergiu, mas não deixou de atuar embaixo d’água. Caia pelas tabelas o galo tucano-petista em Belo Horizonte, quando Duda foi chamado pelo próprio prefeito Pimentel para “limpar o gogó e trocar a faca”. Foram reparos pequenos na mudança de curso, ajustes no discurso e uma denúncia bem colocada num debate pela TV. Lacerda pulou para o centro da rinha como galo bom de briga. Mas um bom galo precisa de treinador. Duda Mendonça é o nome. Sabe tudo de política e brigas de galo.
05- Quem entra, quem sai
Sobe! O caminho está livre e no elevador do Tribunal de Contas do Estado de Rondônia deve subir o deputado Chico Paraíba para tomar posse como Conselheiro Francisco Carvalho da Silva. Entra! Na ALE, deve entrar o eleito Rover, para cumprir o mandato tampão até final de dezembro, quando sai para assumir a prefeitura de Vilhena. Entra! Na linha de tiro da justiça o ex-deputado federal Nilton Capixaba, denunciado pelo MP Federal de Mato Grosso por envolvimento com a “máfia sanguessuga”. Entra! No TRE de Rondônia a aí a fila é grande. Ivo Cassol, Expedito Júnior, Val Ferreira e Zé Antônio acusados de abuso econômico e compra de votos para julgamento no dia 4.
06- Quem não quer sair
O Tribunal de Justiça de Rondônia abriu novo prazo para que os servidores declarem a “existência ou não de relação conjugal, união estável ou parentesco em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, com autoridade nomeante ou servidor investido em cargo em comissão ou de confiança da Administração Pública direta, indireta, autárquica e fundacional do Estado de Rondônia”. Traduzindo: se o servidor está incurso “naquela coisa” chamada nepotismo. O STF é claro: se o vivente é parente, cai fora. Mas, uma emenda constitucional do Estado sobre o tema, deixa uma brecha e ai a “tchurma” quer aproveitar. Só quer sair depois daquela ordem: “Pode sair “seo” 02”.
07- Curando as feridas e seguindo em frente
A depender dos matizes os analistas viram crescimentos ou quedas em todos os lados. Pelo jeito, os grandes e médios partidos saíram fortalecidos das urnas mas, as metas estão frescas na cabeça dos dirigentes que sabem, não foi o que se esperava, salvo o PMDB. Hoje é dia de lamber as feridas, chorar mortos e principalmente saber quanto foi o prejuízo e o que resta a pagar. O PT como sempre faz, reúne a executiva nacional em Brasília para um balanço do segundo turno das eleições municipais. Já o PMDB de olho no futuro próximo, reúne a tropa com moral elevado para tratar das eleições das mesas da Câmara e do Senado. O “papa-tudo” já está no ataque, armado até os dentes.
08- FeBeACon
Com tanta coisa grande e o Congresso se apequena. Pois não é que a Comissão de Viação e Transportes se reuniu e aprovou o substitutivo ao Projeto de Lei 2771/08, do deputado Marcelo Ortiz, que regulamenta a atividade de entrega de mercadorias por meio de bicicletas? E aí, algo esquecido foi lembrado e incluído pelo relator, deputado Alberto Silva e o triciclo entra na regulamentação. A proposta original limita em 12 quilos o peso máximo de mercadorias para entrega por bicicleta, mas permite o transporte de volumes maiores por bicicletas "cargueiras" mas, nos limites de capacidade do veículo e em trajetos compatíveis com o esforço físico do condutor. Agora vai. De byke, creio eu!
09- O xadrez virando truco
Sabe aquele din-din estranho da campanha eleitoral de Roseana Sarney em 2006? Até hoje dá pano pra manga. A dupla Sarney/Renan quer derrubar Tarso Genro do poleiro da Justiça e, além da queda, o coice. A dupla não quer Tião Viana presidindo o Senado. Entrou em cena Berzoini para dar o pior de si e avisou: se a dupla não parar a guerra, o PT pode melar o apoio a Temer para presidir a Câmara. Sarney insinua que o Genro usa a PF para miná-lo politicamente e a PF entra na história em função da velha grana, pois ao investigar caiu um filho do Sarney – Fernando – acusado de tráfico de influência no governo. E no meio do rolo Tião segue na mira do Renan. Mas truco tem troco. QRX!
10- Análise isenta
Numa entrevista Lula foi enfático: “Três partidos perderam: DEM, PSDB e PPS. Os três partidos da oposição foram os que perderam mais prefeituras. E os partidos da base do governo todos eles cresceram: PT, PMDB, PSB, PCdoB, PP, PTB, todos”. Roda um pouco mais e aí Lula engatou a ré: “Ainda é muito cedo para tirarmos conclusões sobre os resultados de domingo. Eu não trabalho assim com esta antecedência porque em política as coisas não funcionam automaticamente, uma eleição definindo a próxima. Não dá para fazer uma ligação robotizada entre 2008 e 2010. Eleição presidencial é um clássico, e clássico não tem favorito”. Análises, ora, ora, ora... as análises… Chega!
Porto Velho, 27.10.08