A participação do chamado sexo frágil no tráfico de drogas em Rio Branco aumentou 50% nos últimos dois anos. Os números obtidos por meio de uma pesquisa da Delegacia de Repressão a Entorpecentes provam que as mulheres estão tomando conta do mercado.
O delegado André Luiz Monteiro, titular da DRE, disse que o principal motivo do crescimento é a prisão de traficante. Com o marido ou com o companheiro na cadeia, a mulher de imediato assume seu lugar com o objetivo de ganhar dinheiro para pagar a um advogado e manter a família.
Somente em abril, investigadores prenderam nada menos que 11 mulheres que lideravam o tráfico na capital. Oito delas ocupavam o lugar do marido, preso exatamente por tráfico.
ESPERTA
Segundo André Monteiro, lidar com a traficante é bem mais complicado por serem bem mais espertas do que os homens. “As mulheres são cuidadosas no que fazem e não costumam deixar pistas”, disse a autoridade.
Um dado da pesquisa que surpreendeu é a comprovação de que a mulher é bem mais violenta que o homem. Elas costumam comandar sua área de tráfico com mãos-de-ferro. Um exemplo é Jonara de Souza Pinheiro, a Dionara, que reinava absoluta no bairro do Papouco. Ela mandou surrar muitos marmanjos que tentaram entrar na sua área.
A maior preocupação, no entanto, por parte do delegado André, é o fato de que todas as mulheres são mães e, quando são presas, deixam filhos largados no mundo. “Geralmente, o marido está preso e, com sua prisão, os filhos ficam sozinhos e, para a marginalidade, isso é apenas um passo”, opinou André Monteiro.
Para se ter uma idéia da participação das mulheres no tráfico da capital, dos 21 traficantes presos em flagrante na Delegacia de Repressão a entorpecentes, 10 são do sexo feminino e, na periferia, dezenas delas, na ilusão de uma vida melhor, ingressam no submundo do crime diariamente.
O levantamento comprovou também que mais de 90% das mulheres presas por tráfico possuem menos de 25 anos, não terminaram sequer o ensino fundamental e se casaram ou se juntaram com traficantes para sair da miséria em que viviam com a família.