ARTIGO - A repercussão do caso Isabella – Por Adriana Mesquita e Gilson de Oliveira
O País vive nos últimos dias ligado na novela da vida real sobre o assassinato da criança Isabella, em São Paulo. Emissoras de televisão, de rádios, jornais e sites dão plantão em delegacias, na residência do casal suspeito do crime, e corre onde haja fumaça do caso. Indaga-se: Está correto o papel da Imprensa na massificação de noticiar o episódio? E se não fosse a presença firme da Imprensa, acompanhando, interrogando, trazendo desdobramentos, exercendo o chamado jornalismo investigativo, até que ponto a policia aceleraria as investigações e o Poder Público se manifestaria?
Não é de agora que acontecimentos de repercussão nacional, e internacional, passaram a ter o acompanhamento seqüencial, sem direito a intervalo, por parte da mídia em todo o Brasil. Quem não lembra do terrorismo nos Estados Unidos, em 11 de setembro de 2001 ? E do deslizamento de terra e soterramento de pessoas na obra do metrô paulistano, em 2007? – E não esquecer o “caso Suzane Richthofen”, na casa onde não houve arrombamento e foram roubados cerca de R$ 8 mil, US$ 5 mil, mil euros e jóias. Um cenário para parecer latrocínio havia sido montado, mas a polícia descobriu que ela e o namorado haviam assassinado os próprios pais. A Imprensa acompanhou dia e noite, dando ampla divulgação.
Particularmente ao caso Isabella, morta e jogada do 6º andar do prédio onde moram o pai, a madrasta e dois irmãos menores, ainda bebês, não surpreende a vasta cobertura jornalística, por aspectos, até, diferenciados, que tratam também de vida humana. O requinte de crueldade cometida em cima da menina, indefesa; uma monstruosidade, algo comovente, chocante, que revolta o mundo todo. O cenário com ligação do pai e da madrasta ao crime acende a luz vermelha. Intriga e deixa no ar uma interrogação sem tamanho no seio da sociedade.
O casal não apresentou até o momento provas que pudessem isentá-lo. A dupla estava com a criança até o momento da sua morte. Há um trabalho incansável da polícia, fortes indícios do envolvimento do pai e madrasta. Provas técnicas, materiais, apuradas por peritos, utilizando-se de moderna tecnologia, que levam a crer serem os únicos suspeitos, até que provem o contrário. A participação de um terceiro elemento está até o momento no irreal. E o povo está ávido por solução, o capítulo final.
A Imprensa tem exercido papel importantíssimo, até como auxílio, no processamento de informações, ajudando na elucidação de casos, pressionando indiretamente as autoridades brasileiras; levando o clamor popular diante de tanta impunidade no nosso País. Aliás, o povo anda escaldado, saturado de assistir filmes repetidos, e de crimes cometidos por chamadas “gentes da elite”, e que acabam no esquecimento. De casos que ficam no meio do caminho. Em tempo: congressistas têm se preocupado mais em querer calar a imprensa e esquecem de atualizar as leis penais à realidade. Paralelamente, há entre eles, os que vivem fora das celas graças a habeas-corpus e tantos recursos que atrasam as decisões do Judiciário.
(Adriana Mesquita e Gilson de Oliveira – jornalistas)