Nada de tigela de latão, que faz parte da indumentária tradicional dos seringueiros acreanos, a ordem agora é outra. Para abastecer a fábrica de preservativos de Xapuri, que está sendo construída pelo governo do Estado naquele município, os seringueiros da modernidade utilizam tigelas especiais, assim como todo o restante do equipamento.
*Para que o sucesso do empreendimento aconteça, o governo do Estado investiu na capacitação de 500 famílias de seringueiros da Reserva Chico Mendes, que fornecerão o látex para a indústria.
*“Foram instaladas quinze unidades de coleta na floresta, sendo que a distância entre a unidade e a casa do seringueiro é de no máximo duas horas”, explica Jorge Freitas, gerente de suprimento de látex da fábrica.
*O látex, colhido pelos seringueiros, deverá estar dentro dos padrões exigidos para a confecção das camisinhas.
*Segundo o gerente, ainda na floresta, é misturado ao leite da seringa um anti-coagulante para que ele se mantenha em estado líquido, imprescindível para a fabricação dos preservativos. Depois, esse látex é transportado em caminhões até a fábrica, onde será armazenado e processado para num outro momento ser transformado em camisinhas.
*“A capacidade da fábrica é de seiscentas toneladas de látex por ano, depois de passado na centrífuga essa quantidade cai para trezentas toneladas, que podem ficar armazenadas durante um ano”, explica.
*Atualmente a fábrica está armazenando 20 toneladas mês, por conta do início do período invernoso.
*Segundo o secretário de Planejamento, Gilberto Siqueira, a estimativa é que cada família de seringueiro receba dois salários mínimos mês pela produção do látex quando a fábrica estiver em pleno funcionamento.
*Governador visita fábrica
*A fábrica de preservativo masculino, a chamada camisinha, está sendo construída em ritmo acelerado. A primeira parte dela e a mais complexa, a fábrica de centrifugação do látex, está concluída. Pelo menos foi o que pode constatar o governador Jorge Viana, que, na manhã da última segunda-feira, visitou as obras em Xapuri. Acompanhado de empresários e de secretários de Estado, Viana pode verificar in loco o andamento dos trabalhos.
*“A fábrica de preservativo deverá estar concluída em fevereiro, mas a fábrica de centrifugação do látex já está concluída e tem capacidade para produzir látex dentro dos padrões exigidos para a produção de manufaturados finos. Só essa fábrica já é capaz de vender a matéria prima industrializada para outras fábricas no país”, revela o governador.
A fábrica custou aproximadamente R$ 7 milhões e os equipamentos de ponta aproximadamente R$ 20 milhões.
*Segundo o secretário de Planejamento, Gilberto Siqueira, quando estiver em pleno funcionamento, a fábrica deverá gerar aproximadamente 700 empregos diretos e indiretos. Cento e cinqüenta trabalhadores atuarão na produção dos preservativos e o restante na produção do látex dentro da floresta.
*A indústria deverá produzir cem milhões de preservativos ano. Para se ter idéia do que isso significa, a demanda brasileira é de um bilhão de camisinhas por ano e a capacidade produtiva do país é de apenas duzentos milhões. Os oitocentos restantes são importados da Ásia.