LITERATURA: Ilustradoras negras lançam versão em quadrinhos de Quarto de Despejo

Lançamento marcará passagem dos 110 anos da escritora Carolina Maria de Jesus

LITERATURA: Ilustradoras negras lançam versão em quadrinhos de Quarto de Despejo

Foto: Divulgação

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O livro “Quarto de Despejo”, obra baseada nas memórias da escritora e ex-catadora de papel, Carolina Maria de Jesus, será adaptado para uma nova versão em quadrinhos por ilustradoras negras. O lançamento, previsto para este ano, celebra o aniversário da autora, que completaria 110 anos nesta quinta-feira, 14 de março. O livro já está disponível para venda on-line e em algumas livrarias.

 

Com 90 páginas ilustradas, a nova versão da obra foi realizada em sete meses por quatro artistas negras: a roteirista Triscila Oliveira, a ilustradora Vanessa Ferreira e as arte-finalistas Hely de Brito e Emanuelly Araujo.

 

A adaptação em quadrinhos visa promover a leitura entre os adolescentes, já que a obra é comumente lida por alunos do ensino médio. Por meio da versão em HQ, um público ainda mais jovem terá a oportunidade de conhecer o trabalho de Carolina de Jesus, que se tornou uma referência na literatura brasileira.

 

“Quarto de Despejo” reproduz o diário em que Carolina de Jesus narra seu dia a dia em uma comunidade pobre da cidade de São Paulo, onde vivia com seus filhos. Desde o lançamento, em 1960, a obra já foi traduzida para mais de 13 idiomas.

 

Quem foi Carolina de Jesus

 

Nascida em 14 de março de 1914, em Sacramento, Minas Gerais, Carolina Maria de Jesus mudou-se para a cidade de São Paulo em 1937, onde trabalhou como empregada doméstica. Em 1948, foi viver na favela do Canindé, onde nasceram seus três filhos. Enquanto viveu ali, a forma de subsistência dela e dos filhos era catar papéis e outros materiais para reciclar.

 


O livro Quarto de Despejo reproduz o diário em que Carolina narra seu dia a dia em uma comunidade pobre da cidade de São Paulo, desocupada para construção da Marginal Tietê, em 1961, por influência da repercussão de sua obra. O texto é considerado um dos marcos da literatura feminina no Brasil.

 


Carolina descreve suas vivências no período de 1955 a 1960 e relata o sofrimento e as angústias dos habitantes da favela, sobretudo a rotina da fome. Ela se sustentava recolhendo papel nas ruas. Quando não conseguia papel, ela e seus filhos não comiam. Sua linguagem é objetiva, ao mesmo tempo culta e inculta, oscilando entre um registro popular e o discurso literário.


A tiragem inicial de dez mil exemplares se esgotou em apenas uma semana. Desde o lançamento, a obra já foi traduzida para mais de 13 idiomas. 
 

Fonte: Agência Brasil

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