CINEMA: Filme 'Eike – Tudo ou Nada', sobre derrocada do bilionário, estreia nesta quinta

“Senti a dor dele”, diz ator que vive derrocada de Eike Batista no cinema

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Figura controversa e melancólica, Eike Batista foi do céu ao inferno após se tornar bilionário e em seguida ser preso na esteira das investigações da Operação Lava Jato. A ascensão e queda do empresário é contada no filme Eike – Tudo ou Nada, que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 22.



Baseado no livro reportagem homônimo da jornalista Malu Gaspar, a produção acompanha desde a criação da petroleira OGX, em 2006, quando o Brasil passava pelo furor das descobertas do pré-sal, até a ruína da empresa e prisão de Eike, em 2017, sob acusação de fazer parte de um esquema de corrupção do ex-governador Sergio Cabral.

 

O filme, dirigido e roteirizado pela dupla Andradina Azevedo e Dida Andrade, traz Nelson Freitas na pele de Eike Batista. Com o aval da autora do livro, que se impressionou ao ver o ator personificado como o ex-bilionário no set, a história dá destaque à parte econômica da vida de Eike — contada, inclusive, de forma mais palatável e simplificada para o público entender.


Por se tratar de um recorte, aspectos pessoais ficaram de escanteio, mas o casamento polêmico com a atriz e modelo Luma de Oliveira é mostrado de forma criativa.

 

Em entrevista a VEJA, Nelson Freitas falou sobre como foi interpretar o personagem e sobre sua transição do humor para o drama. Confira:
Eike Batista é uma figura conhecida no Brasil. Teve alguma característica dele que descobriu durante suas pesquisas para o personagem que não conhecia e chamou sua atenção?

 

Eu não busquei fazer uma imitação para não ficar caricato, então foram alguns detalhes que me chamaram atenção. O primeiro é o DNA mineiro do Eike. Ele fala com um ‘s’ muito pronunciado, e eu tentei incorporar isso na interpretação. Outro aspecto peculiar é a forma dele sorrir com o olho meio fechado, que eu tentei fazer várias vezes no filme. São coisas que você vai pegando depois de ver muitas entrevistas e materiais. Foi um mergulho profundo durante dois meses na vida do Eike. Fico na esperança e na expectativa de que quem sentar na poltrona para ver o filme saia compensado pelo meu esforço de ter tentado trazer essa personalidade bem rica e controversa.

 

Como encarou a história contada no filme, principalmente no que diz respeito aos escândalos de corrupção pelos quais ele foi preso?

 

Como ator, eu não tenho ingerência para falar sobre essa questão. Mas o foco do nosso trabalho e do recorte que fizemos da vida do Eike está em cima de especulação do mercado de ações. Como ele não tinha aquele petróleo que estava esperando, ele ia para a televisão e falava: ‘Vem que vai bombar, vem que nós vamos encontrar’. E esse foi o maior motivo que gerou os processos e levou Eike efetivamente a prisão.

 

Você é conhecido pelos papéis humorísticos. Acha que esse filme o tirou da zona de conforto?


Sim. É uma mudança de paradigma. E faz parte de uma estratégia minha de reposicionamento de carreira. Depois que saí do Zorra, recebi o convite para participar de Tempo de Amar, novela de época de Jayme Monjardim em que eu fazia um personagem mais sério. Ele me disse que as portas estavam abertas caso eu quisesse voltar. Decidi seguir nesse caminho. Fiz mais três novelas na Globo, filmes, uma série da Amazon chamada El Presidente, gravada no Uruguai — e todas foram em papéis dramáticos. É uma busca pessoal e o filme do Eike veio ao encontro disso. Acho que foi uma boa decisão, e o público ao longo do tempo vai assimilando. Eu queria sair do lugar do “kkk”.

 

Qual foi a cena mais difícil de filmar?

 

Foi o momento da queda dele e de quando ele se vê criança. Foi uma cena em que o cenário estava baixo, com a equipe retirada. Naquele momento o personagem chora e, depois que acabamos de filmar, eu continuei chorando um pouquinho. Imaginei e senti aquela dor, porque se você não puder passar isso para o público você só fica no fake e as pessoas não acreditam. Elas precisam ver autenticidade.

 

Já tem projetos futuros no cinema?

 

Voltei da Austrália agora, depois de um meio ano sabático, cheio de projetos para colocar em andamento. Estamos buscando um acordo entre Brasil e Austrália para criar um ambiente onde possamos produzir juntos profissionais de cinema. É uma missão minha. Já temos o primeiro filme, de Giuseppe Cassin, um diretor ítalo-brasileiro. O roteiro está pronto, e ele está chegando agora no final/começo do ano para tentar trazer investimento e conseguir realizar o filme, que é metade filmado na Austrália metade filmado no Brasil.
 

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