QUIMERA – O devaneio de uma paisagem rondoniense – Por Marcos Souza

São 10 minutos com um único cenário de fundo. São seis personagens em três situações distintas. O devaneio, a imaginação, a quimera dita é o mote de um conjunto de sensações provocativas, cativantes e tão brejeira, tão beiradeira, tão portovelhense.

QUIMERA – O devaneio de uma paisagem rondoniense – Por Marcos Souza

Foto: Divulgação

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São 10 minutos com um único cenário de fundo. São seis personagens em três situações distintas. O devaneio, a imaginação, a quimera dita é o mote de um conjunto de sensações provocativas, cativantes e tão brejeira, tão beiradeira, tão portovelhense.

Na vista do pôr do Sol, na beira do rio Madeira as cores estouram, fixam-se silhuetas – são jogos de sombras - tão humanas, comuns e quase perfeitas – pois como ser humano não existe perfeição. A dualidade entre o lúdico e o choque da simplicidade. Diálogos diretos, compostos em frases curtas, trocas e vislumbres. Ao longe do horizonte da margem esquerda o Sol se pondo, o rio brilhoso em tons vermelhos, laranja e amarelo, tudo tão humano.

“Quimera”, filmado às margens do rio Madeira, dirigido por Tarcísio Lara Puiati – o carioca com olhar tão rondoniano e beiradeiro – captou a essência bruta do seu povo, entrecortando na relação entre os personagens com três histórias curtas – microcontos - divididas em: “Pai e filha” - a menina na saudosa imaginação – o que represente de fato a quimera dita – que escuta o seu pai (um mistério que se decifra no fim com uma compleição sentimental comovente); “Duas amigas”, duas garotas na descoberta das sensações entre o que é o proibido, a atração e o beijo. “Dois Amigos”, no humor urbano de dois amigos – um deles com chifres, o “capetinha” – que travam diálogos sobre a atração sexual inusitada, a libido, a bebida e o “piseiro”.

É tudo tão simples, direto, com som direto, o achado do som ambiente enquanto ocorrem os diálogos e o vislumbre do pôr do Sol – tão marcante que se torna um personagem tão palpável quanto aqueles que são anônimos a nós, mas que parecem velhos companheiros de convívio.

Um prodígio nato que só a linguagem do curta-metragem pode proporcionar. Fechadinho, deslumbrante, uma pequena obra-prima.

O diretor Tarcísio Lara Puiati escreveu o roteiro - em parceria com Felipe Sabugosa (também responsável pela deslumbrante fotografia) - e fez o filme depois de sua passagem no ano passado pelo FestCine Amazônia, quando exibiu por essas terras o curta “Cowboy”. Encantou-se com as pessoas que encontrou, o cenário natural do rio Madeira e o pôr do Sol.

Filmado em três dias, com atores locais – trabalho lindo de Andressa Silva, Jamila Marques, Juraci Junior, Luna Luz, Phelipe Mello e Tino Alves -, um dos baratos do roteiro é preservar nos diálogos as gírias locais e permitir aos atores uma liberdade de cena tão cativante, tão bem feito que lembra muito o naturalismos do neo realismo italiano. Por essas e outras o curta foi premiado no FestCine Amazônia deste ano com duas estatuetas Mapinguari – direção e Júri Popular.

Pena que tão bonita obra seja restrita a circuitos fechados de exibição. Quem assistiu o filme durante a mostra competitiva do FestCine Amazônia não cansou de aplaudir. Merecido.

O trailer pode ser visto AQUI.

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