ARTIGO – Beraderos – Por Hamilton de Lima e Souza

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Foto: Divulgação

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 A iniciativa de um grupo de moradores da cidade de Porto Velho em propor a criação de um parque com a denominação de Parque dos Beraderos surge num momento oportuno em que a especulação imobiliária é forte na capital de Rondônia. Convocada pelo governo federal a ceder parte do leito do Rio Madeira aos ditames das necessidades do capital especulativo e pela deficiência de opções por matrizes energéticas menos agressivas, a população já ofereceu recentemente seu espaço em troca da perda de tesouros não mensuráveis como a memória e a estética do rio, além da mudança provocada aos moradores tradicionais das margens, quase todos sem lenço e sem documento.
 
A apropriação dos tesouros tangíveis e intangíveis faz parte da dinâmica do capital. Porto Velho é apenas mais uma das cidades aonde as mudanças chegaram com a violência típica das grandes transformações exigidas pelo mercado. O Brasil precisa de energia e por enquanto as autoridades acham que construir hidrelétricas é mais viável que outros empreendimentos no setor.
 
Tudo é questionável. Parte da hiléia amazônica já foi transformada em pasto. Outro tanto cedeu lugar à cultura da soja, outra espécie de necessidade do mercado, pois a soja vai atender principalmente o mercado asiático, em detrimento das matas e culturas alimentares típicas da gente brasileira. Ora, se a mata cede lugar ao pasto e parte da madeira vai atender também ao mercado estrangeiro, corre-se um dia o risco de não ter mais fauna e flora nativa, apenas lembranças nos registros fotográficos e digitais, talvez uma tradição oral que sucumba também ao lixo cultural que chega em profusão a todos os recantos.
 
Lutar pela preservação e propor a utilização dos espaços para atividades lúdicas é de certa forma uma tentativa de manter vivo o espírito de um povo. Talvez ajudar os espíritos da floresta, tão citados pela rica tradição dos caboclos e povos indígenas, estes meras sombras dos povos que já habitaram as matas antes da agressão ibérica.
 
É óbvio que a proposta dos cidadãos de Porto Velho vai encontrar no setor imobiliário intensas resistências, por abranger uma fatia de terreno bem atraente na margem oposta da capital. Se a ocupação da margem foi pequena é justamente por falta de acesso. Mas é bom lembrar que no tempo de chuva aquela área se torna pouco aproveitável para quem imagina implantar por ali conjuntos residenciais de luxo. Na verdade com vários alagadiços já se torna quase um espaço de conservação natural. Basta apenas oficializar o que a natureza sugere. Em tempos de modernização sem ética e sem preocupação com o dia futuro a atitude dos cidadãos soa como um toque de esperança para as gerações vindouras. Preservar a mata é sinônimo de preservar a vida e a própria cultura amazônica.
 
Hamilton de Lima de Souza
Professor do Curso de Publicidade e Propaganda da Unipampa - São Borja
Contato: 55 - 81568457
Direito ao esquecimento

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